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22 de dezembro de 2022 - um pouco mais cedo

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22 de dezembro de 2022 - um pouco mais cedo

A pele do rosto do homem não identificado ainda ardia. A memória muscular obrigando-o a se lembrar dos momentos desesperadores que viveu no incêndio.

Num instante, estava se divertindo com alguns membros da Hidra, comendo e bebendo, jogando cartas e matando o tempo no esconderijo. E então, coquetéis molotov voaram para o interior através das janelas mais altas. Os colchonetes inflamáveis não tiveram chance.

A porta da frente estava trancada, provavelmente pelo lado de fora. A porta dos fundos estava em chamas. Depois de uma sequência de ataques de coquetel molotov, o galpão ardia em chamas ao som de alguma música dançante que agora já não era mais tão divertida assim. Os gritos sobrepuseram o som da canção e corpos em chamas começaram a correr para todos os lados.

Seria isso algum tipo de karma por suas ações no passado? O homem não sabia, não se importava. Só estava com raiva.

Naquele momento, ninguém o tratou como especial. Todos se amontoavam, tentando buscar uma saída. Não importava quem ele era e nem o nome dele. Ninguém se importava, todos queriam apenas salvar a si mesmos.

Tentou fugir, gritando enquanto sentia seu corpo ardendo com o calor absurdo, mas não havia muito mais lugares para onde correr. Tinha aceitado a derrota quando caiu no chão, o rosto diretamente num dos colchonetes em chamas. A pele sendo agressivamente atacada pelo fogo, as chamas lambendo cada centímetro, incendiando cada fio de cabelo, colando o tecido sintético no rosto dele.

Foi então que sentiu um par de mão agarrando-lhe o casaco pelas costas e o arrastando para uma saída improvisada.

Quando finalmente se viu no gramado, observando a fumaça preta subindo para o céu escuro, viu de relance alguns corpos em chamas correndo para todos os lados, ainda fugindo do incêndio, mas agora sem esperança. Já estavam condenados à morte.

— Quebrei minha espada. — resmungou o homem, ignorando que seus companheiros agonizavam e gritavam, moribundos incendiados.

O homem no chão apenas gemeu. Não se importava com aquilo.

— Mas pelo menos consegui estourar uma porta. — O homem então se colocou de pé e agarrou o colarinho do colega queimado no chão.

Ele foi arrastado pela grama, sendo levado para longe de todos os gritos e da morte ardente que ceifava vidas sem cessar. Insaciável.

— Eu vou te levar pro hospital. Vou falar com a Ayaka sobre uma vingança para esse ataque. — O homem suspirou, caminhando enquanto arrastava o colega pelo punho como se fosse um animal na coleira. — Tenta não morrer, Takumi.

As lembranças dos eventos ocorridos dias antes ainda o assombravam, e aquelas malditas queimaduras ainda ardiam.

Por um lado, entretanto, sua face foi tão maltratada que não foi reconhecida. Poderia ficar no hospital sem medo de descobrirem quem ele era, pelo menos por enquanto. Ayaka era quem precisava ficar escondida, pois não sabia como se camuflar no meio dos ratos.

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