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A dor de cabeça fodida fez Ada acordar com vontade de vomitar, mas concentrou-se para não derramar tudo sobre as próprias coxas

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A dor de cabeça fodida fez Ada acordar com vontade de vomitar, mas concentrou-se para não derramar tudo sobre as próprias coxas.

Entreabriu os olhos e percebeu que estava numa sala escura. Uma janela alta indicava que provavelmente era algum tipo de porão e os barulhos acima denunciavam a movimentação constante de pessoas.

— Esse teatro tem um porão escondido. — Uma voz familiar soou ao lado dela, mas um pouco para trás.

Os olhos de Ada se arregalaram ao ver Sora.

Ambos estavam amarrados firmemente em cadeiras. Sora com aquela profundidade escura no olhar a encarava. Não parecia muito machucado, mas tinha alguns arranhões no rosto e parecia ter tomado um soco ou dois.

Os dois se encararam por algum tempo. Um milhão de coisas passando pelas mentes ao mesmo tempo, mas não diziam uma única palavra. O turbilhão de sentimentos revirou o estômago de Ada e a vontade de vomitar subiu pelo esôfago com uma violência indescritível. Ela virou a cabeça para o outro lado e permitiu que todo o vômito voasse para o lado de sua cadeira, apenas respingando em sua coxa.

— Você tá bem? — Sora perguntou e ela precisou se forçar a olhar para ele novamente.

— Tão bem quanto uma pessoa capturada pode estar.

Ele deu um sorrisinho de canto e abaixou a cabeça novamente.

Ada umedeceu os lábios e se lembrou de cada mísera palavra que queria dizer para ele durante os últimos anos. Seus pedidos de desculpas, suas justificativas, explicar seu lado da história. Mas não podia. Não quando estavam no cativeiro da Hidra e entre paredes cheias de ouvidos.

Tinha tanto que ela queria ter a chance de conversar com ele, e ter Sora amarrado numa cadeira era um cenário favorável, assim ele não poderia atirar nela de novo.

— O que você está fazendo aqui? — Ada perguntou. Já que não conseguiria falar sobre o passado, ao menos que pudesse entender se ele também estava caçando-a.

— Vim fazer o mesmo que você, mas você chegou antes.

— Te contaram sobre Otto? — Ada perguntou e Sora concordou com a cabeça. — Merda.

Aparentemente, sua moeda de troca tinha ido embora pelo ralo. Qualquer informação privilegiada que ela poderia usar para provar sua lealdade parecia ter sido usada antes. Voltou à estaca zero.

— Mas não foi ele que eu vim caçar. Eu vim atrás do... Pierrot. — A última palavra foi sussurrada de forma a tentar garantir qualquer mínimo de privacidade possível.

Ada arregalou os olhos ao encontrar a curiosidade obscura de Sora Ikari sobre ela. Aquele olhar de ônix cortando-a tão profundamente que chegava a ser sufocante.

— Você... conseguiu recuperar as informações? — Uma centelha de esperança surgiu no peito dela.

— O meu irmão conseguiu.

Bordeaux - Sablier RougeOnde histórias criam vida. Descubra agora