Se essas paredes falassem...

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"You’re so gay and you don’t even like boys"  - Ur So Gay, Katy Perry.

Logo depois do fim do primeiro dia de aula, Luke encaminhou-se imediatamente para o banheiro feminino, tomando todo o cuidado possível para não ser pego em flagrante por qualquer funcionário da escola. Se algum garoto fosse visto no banheiro das meninas acabaria tendo que ir para a detenção como uma forma de punição, e ele não queria ter de aguentar a cara enrugada do Senhor Stuart.

Luke abriu a porta do banheiro disfarçadamente olhando para os dois lados do corredor, mesmo que todos já tivessem ido embora, nunca seria demais se precaver.

Ele escorregou para dentro do cômodo e em seguida fechou delicadamente a porta atrás de si.

O banheiro feminino tinha as paredes pintadas numa cor branca. Era incrivelmente limpo e cheiroso, -Bem diferente do banheiro masculino que se assemelhava à um banheiro de bar- um enorme espelho ficava fixado na parede oposta as várias cabines.

Luke sentou-se na pia à frente do espelho. A cabeça encostando no vidro. Os pés suspensos ao chão.

Olhou para o teto e lembrou-se das várias vezes que estivera nesse banheiro durante o ano passado. Sempre no mesmo horário, algumas vezes por semana. O motivo? Jessica.

Luke e Jessica mantinham um casinho desde o dia em que se conheceram na detenção, -Oh, que romântico- os dois foram mandados para o castigo por serem pegos colando na prova de história. Depois daí, resolveram manter o namorinho em segredo porque se isso viesse a ser descoberto poderia ocasionar diversos problemas para os dois, como a)Jessica perderia a confiança das amigas b)Luke teria a reputação destruída mais ainda por Dabria c)Os dois seriam expulsos por burlarem as regras da escola. Além disso nenhum deles queria ter um relacionamento mais sério. Talvez isso explicaria o fato de os encontros terem poucas conversas.

De repente, a porta do banheiro se abriu. Luke engoliu em seco por achar que se tratava de algum funcionário.

-Luke? -Jessica disse antes de abrir completamente a porta. 

-Estou aqui. -Luke respondeu aliviado por ouvir a voz dela.

Jessica se pôs para dentro e fechou a porta.

-Desculpe por demorar tanto, foi difícil me livrar das meninas. -Ela falou se aproximando.

-Essas suas amigas são um pé no saco.

-Eu sei, mas vamos parar de falar delas? -Jessica passou os dedos nos lábios maliciosamente. -Temos coisas melhores à fazer.

-Com certeza. -Luke desceu da pia.

Ele puxou Jessica mais para perto de si e a beijou. Um beijo molhado e demorado. Luke segurava na nuca de Jessica enquanto ela passava as mãos sobre suas costas.

-Que saudades disso. -Jessica sussurrou para Luke que beijava o seu pescoço.

Jessica cheirava à um perfume doce e floral, bastante previsível.  Totalmente o contrário do cheiro surpreendente de Peter.

Enquanto beijava o queixo dela, Luke sentiu a imagens dos olhos negros de Peter se materializarem em sua mente. Por que isto estaria acontecendo?

-Espera. -Luke se afastou de Jessica, ofegante. 

-O que foi? -Ela perguntou colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha.

A verdade é que não conseguiria responder aquela pergunta. Nem ele sabia ao certo o que havia acontecido.

-Nada. -Luke respondeu retirando a jaqueta que estava usando. -Só queria uns segundos para poder olhar pra você.

Não poderia deixar qualquer besteira estragar aquele momento, não mesmo.

-Então, vamos continuar de onde paramos? -Jessica sentou-se na pia e em seguida retirou as botas e a jaquetinha.

Luke se pôs entre as pernas dela cobertas pela meia calça e mergulhou em seus lábios novamente. Ele apertou as coxas dela passando a mão por toda a extremidade. Ela retirou a camisa dele, o deixando nú da barriga para cima. Ele escorregou os lábios pelo queixo dela, deslizando-os para o pescoço e chegando ao seu ombro bronzeado.

Uma sensação de prazer invadiu o corpo de Luke. Seus batimentos aumentaram. Novamente os relances dos olhos de Peter surgiram como névoa em sua mente, desta vez a imagem ficou ainda mais forte. Não conseguiria dizer o por quê mas apenas queria continuar vislumbrando aquela cena no subconsciente. 

Os dois continuaram se beijando, seus lábios fazendo movimentos  sincronizados. Jessica livrou-se da meia calça sem quebrar o beijo. Ela desceu as mãos pelo abdômen de Luke e chegou até o zíper da calça dele. Com um leve movimento conseguiu abrir o zíper e empurrou a calça para baixo, deixando Luke vestido apenas com a boxer Tommy Hilfiger.

-Prepara-se para o melhor momento de sua vida. -Jessica limpou o batom do canto dos lábios. Em seguida desceu da pia com um saltinho.

Os lábios dela trouxeram para Luke a lembrança do sorriso de Peter. Não, isso não poderia ser verdade.

Jessica pôs-se na frente de Luke, passando a mão sobre o peitoral dele. Em seguida escorregou os dedos mais para baixo, os fazendo chegar próximos a boxer.

Luke podia sentir a adrenalina sendo espalhada pelo seu sangue. Ela iria fazer aquilo que estava imaginando? Sua excitação aumentou com a possibilidade.

-Pronto? -Perguntou Jessica deslizando os dedos para dentro da cueca dele. Ela ajoelhou-se e começou a puxar o cós da boxer para baixo.  -Apenas confie em mim.

Confiar... "Eu confio em você", foram essas palavras que Luke havira dito à Peter durante a aula de biologia, nesse momento elas ressurgiram em um lugar de seus pensamentos como um tsunami.

Ele olhou para Jessica e percebeu que a excitação e o momento de êxtase haviam se dissipado. Seus batimentos cardíacos voltavam ao normal pouco à pouco.

-Para! -Luke sibilou puxando a cueca e se afastando de Jessica.

Ela parecia estar completamente surpresa, uma expressão confusa tomava o seu rosto.

-O que aconteceu? -Perguntou levantando-se atônita, um tom bravo em sua voz.

-Desculpa, eu não estou bem.

-Claro que não está. -Jessica grunhiu. -Nenhum garoto recusaria um boquete, a maioria adoraria estar no seu lugar.

-Eu estou confuso. -Luke abriu a torneira e jogou uma grande quantidade de água no rosto.

-Você está confuso e eu estou brava. Estou me sentindo a garota mais vadia do mundo. -Jessica calçou as botas e guardou as outras peças de roupa na bolsa. -Você não vai me dizer nada?

Luke não disse uma palavra.  Estava mergulhado em pensamentos olhando o próprio reflexo no espelho. Quem era o garoto em sua frente? não estava se reconhecendo.

-Quer saber? Eu vou embora. Já sofri humilhações demais por hoje. -Guinchou ela antes de bater a porta atrás de si.

Luke tinha certeza que ela poderia sair cantando pelos corredores Ur So Gay da Katy Perry, em sua homenagem,  justamente naquela parte que diz "você é tão gay e nem gosta de garotos". Mas será que realmente não gostava? Bem, até ele estava começando a duvidar disso.

Bad GuysOnde histórias criam vida. Descubra agora