Mamãe, eu beijei um garoto!

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"Everyone thinks that we're perfect. Please, don't let them look through the curtains. - Dollhouse, Melanie Martinez.

Aos solavancos, Luke abriu a porta de vidro da cozinha. Rapidamente, retirou as alpargatas sujas de lama. Apoiou as mãos nos joelhos, ofegante, seus pulmões pareciam queimar. Ele havia corrido vários quarteirões para chegar até em casa, enquanto a chuva o encharcava mais e mais. Por dentro, a residência cultivava o mesmo silêncio solitário que se completava com os móveis caros de cores neutras. Àquela era uma casa digna de catálogos imobiliários, praticamente intocada -O que em parte era verdade, já que todos na família Blake estavam ocupados demais para sentarem à mesa e tomarem um simples café em família. Desprezíveis!

Luke contornou, correndo, o balcão de granito, por pouco não esbarrando numa torradeira perfeitamente polida. Subiu as escadas, tomando cuidado para as meias não escorregarem no tapete sobre os degraus. Num empurrão rápido, abriu a porta do quarto, onde caiu de bunda no chão. As lágrimas desciam pelas suas bochechas, encontrando sua boca, as gotas tinham um gosto salgado. Por que isto aconteceu? Como eu pude deixar que esta droga saísse do controle?  Ele questionou-se mentalmente. Seu subconsciente gritava. Realmente havia beijado Peter há poucos minutos! Pior, ele tinha gostado. Este não sou eu!  Eu não sou assim, não mesmo!  Luke levantou-se e retirou as roupas molhadas,  arrastou-se para a cama, afundando o rosto no travesseiro gelado. Apesar de não querer acreditar, ele sabia que esta merda toda era praticamente um deja-vú do que acontecera há alguns anos, no dia em que conhecera Toby, o garoto loiro. A lembrança do Central Park era visível em sua mente, assim como o ar puro:

***

-Você não consegue imaginar nada além de coisas sem sentido? -Luke sentou-se apoiando os cotovelos na grama. -Olhe as nuvens novamente, Toby.

-Eu prefiro olhar para você. -Toby sorriu.

Luke enrubesceu. Foi isso mesmo o que ouviu? Toby estava tentando flertar? -Bem, era isso o que falavam naqueles realitys inúteis da MTV. Não, deveria ser só uma brincadeira. Seria melhor rir e fingir que era uma piada. Seguindo o conselho do seu deus interior, Luke apenas esboçou um sorriso contido.

-Eu não estou brincando. -Toby aproximou-se mais de Luke, até o ponto de estarem próximos o bastante para um sentir a respiração do outro. -Você é lindo, Luke.

Luke não conseguia digerir a informação, tudo o que sua mente processava era "PRÓXIMOS DEMAIS! PERIGO!". Mas, uma coisa ele conseguia saber: Toby era inegavelmente atraente.

-Obrigado. -Ele assoprou, por entre os dentes.

-Podemos tentar uma coisa? -Toby recostou Luke na grama e se pôs levemente em cima dele. -Eu prometo que você não irá se machucar.

Luke hesitou por um momento. Porém, não tinha como desvencilhar-se, Toby havia o "prendido" com as mãos e os joelhos apoiados em torno de si. Estava à mercê daquele garoto que nem conhecia muito bem. Incontrolável, seu coração palpitava num ritmo alucinante. O que ele iria fazer?

Aos poucos, Toby foi baixando a cabeça na direção do rosto de Luke e, num segundo, seus lábios estavam juntos. Luke fechou os olhos e deixou que o beijo o levasse. Não se importava se as outras pessoas estivessem vendo, era como se o resto do mundo tivesse sido apagado. A boca macia de Toby tinha gosto de chiclete de framboesa, um sabor delicioso. Docemente, ele afastou os lábios e rolou para o lado, deitando-se na grama novamente.

-Nossa! Isso foi incrível! -Luke exclamou, extasiado.

-Meus beijos sempre são incríveis. -Toby disse, com um sorrisinho torto. -E, você beija muito bem, Luke.

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⏰ Última atualização: Jan 01, 2016 ⏰

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