"Everybody's looking for that something, no one ever wants to pay the price. Everybody's scared of going nowhere. " - Nobody Love, Tori Kelly.
-Nossa, você ficou pelado na frente da Senhora Miranda? -Perguntou Becca, sentando-se ao lado de Josh no sofá da casa dele.
-Pois é, a única coisa que eu queria era morrer. -Josh apertou a ponte do nariz. -Ainda bem que a velha desmaiou.
-Desmaiou? -Luke gargalhou surgindo pela porta da sala com uma torrada na mão. -Cara, você não tem sorte, até mesmo uma velhota não te quis.
-Rá rá, valeu por me lembrar da minha vida fracassada, Luke.
-Então, o que aconteceu depois? -Becca vestia-se numa saia plissada, blusa fluída e ankle boots. Os cabelos ruivos estavam soltos e modelados com babyliss.
-Bem, eu vesti minhas roupas e esperei que a Senhora Miranda acordasse. -Josh soprou o ar por entre os dentes.
-E, ela levou você para a detenção? -Luke desabou no assento ao lado deles, deixando Josh no meio.
-Não. Ela achou que tudo havia sido um sonho. -Josh respondeu com alívio. Lembrar daquela quinta-feira era algo extremamente perturbador. Ele ainda podia sentir o pânico invadindo sua mente quando descobrira que teria de andar pelado pela escola. E o pior de tudo foi encontrar a Senhora Miranda. Nunca se sentira tão envergonhado em toda sua vida.
-Tudo isso por causa de uma brincadeira das Chic Chickens? -Becca levantou a sobrancelha perfeitamente arqueada. Josh concordou. -E, mesmo assim, você continua apaixonado pela Dabria, não é? -Ela questionou retoricamente.
Sim, Josh ainda morria de amores pela líder das Chic Chickens -Até mesmo depois dela ter o feito passar pelo maior vexame de sua vida-, era algo bem mais forte que ele. Para Josh, Dabria era a perfeição em forma física, algo muito acima da beleza comum. Aqueles olhos azuis maravilhosos, àquelas pernas sexys.... Ela simplesmente o deixava nervoso. Toda vez que se aproximava de Dabria, ele não conseguia falar nada além de palavras sem sentido. E, pensando melhor, se ela pregou uma peça nele é porque sabia de sua existência. Como não pensara nisso antes? Dabria Walsh o notou. Era óbvio, ela só estaria fazendo isso para impressioná-lo. Oh, Deus. Josh começou a sentir como se borboletas invadissem seu estômago. Estava tão feliz que poderia até...
-Josh, não acredito que você ainda gosta daquela chata. -Luke deu uma grande mordida na torrada, fazendo "creck-creck" ao mastigar.
-Chata? -Josh falou estupefato. As borboletas haviam ido embora. -Não esqueça que você dá uns pegas na amiga dela.
-Bem, eu e a Jessica não estamos mais... Ah, vocês sabem... -Luke disse, encarando a horrorosa tapeçaria indiana do chão. -Acho que estamos mal.
-Por quê? O casalzinho não está mais junto? -Becca questionou, um brilho de surpresa surgiu em seus olhos.
-Nós não terminamos, ainda. Mas, as coisas não são como antes. Entenderam? -Luke passou a mão nos cabelos negros desgrenhados. -É difícil de explicar.
-Não, eu entendo. -Becca assoprou. -Sinto que o Chuck e eu estamos passando pela mesma situação.
-Entraram em crise? -Disse Josh com o tom de voz calmo, quase como se fosse um consolo.
Becca sentou-se mais ereta no sofá.
-Não sei. O Chuck está bem distante de mim de uns tempos para cá. Sempre bastante ocupado para conversarmos. -Ela cruzou as pernas. -Parecemos dois desconhecidos tentando forçar uma relação.
Josh sentiu-se desconfortável naquela conversa. Sabe, ouvir os amigos falando sobre seus dramas amorosos era uma coisa difícil, isso o lembrava que jamais tivera uma namorada. Provavelmente, fosse o único garoto de 16 anos que nunca namorara ninguém. Ele gostaria de sentir, pelo menos uma vez, o gosto de mergulhar em um relacionamento. Sua (quase inexistente) autoestima se destruía cada vez mais.
-Hã-Hã, ficarei acompanhando o caso. -A mãe de Josh entrou na sala, falando no Windows Phone. -Sim... irei rever as planilhas... -Ela deu um sorrisinho para eles e fez sinal para que esperassem. -Okay. Tenha um bom dia, também. -Disse antes de encerrar a ligação.
-Pô, ainda lidando com os investidores? -Josh perguntou à ela.
-É, esse mês está sendo complicado na empresa. -Ashley tocou o lóbulo da orelha. Ela só fazia isso quando estava extremamente nervosa. -Acredita que hoje mesmo o próprio dono da construtora me telefonou para... -Ashley hesitou antes de continuar. -Ah, deixa pra lá. São apenas coisas de negócio. -Falou e partiu para a cozinha discando outro número no celular.
Josh percebera que a mãe andava completamente atônita nos últimos dias. O trabalho à consumia demais. Quase não tinha tempo para mais nada, nem mesmo para Josh. Ele não reclamava, pois, sabia que ela esforçava-se ao máximo para que tivessem uma vida confortável. -Mesmo que isso significasse trabalhar insanamente.
-Então, o que vocês fizeram no final de semana? -Luke passou os braços por trás da cabeça.
-Becca me obrigou a assistir à uma maratona de crepúsculo. -Josh sibilou inexpressivo. -Cinco filmes em sequência sobre vampiros que brilham e lobisomens pelados.
Os outros riram.
-Qual ééééé... Admita que você não quis parar de ver os filmes. -Becca deu um tapinha no ombro de Josh. Erm, aquilo era verdade. No começo, ele teve vontade de socar os personagens da saga -Aliás, por que eles eram tão brancos?-, mas depois acabou se acostumando e, até mesmo, torceu para que Bella ficasse com Jacob.
-Hmm, eu fui ao MCIncomível com o Peter no sábado. -Luke gabou-se.
-Peter Crawford? -Becca questionou-o imediatamente.
-Sim. Por quê?
-Vocês se conhecem há uma semana e já são praticamente amigos de infância.
-É, acho que o Luke encontrou um novo melhor amigo. -Josh encolheu os ombros.
-Está com ciúmes? -Luke deu um beijo rápido na bochecha de Josh. -Fique tranquilo, você sempre será meu magricela favorito.
Josh levantou-se gargalhando.
-Eca! -Falou limpando a bochecha. -Você babou no meu rosto.
-Sinto muito, os meus beijos são molhados.
-Gente! -Becca exclamou segurando o IPhone. -A Dabria avisou que fará um grande anúncio na hora do intervalo.
-Anúncio? -Josh pegou a mochila de cima da mesinha central. -Onde você viu isso?
-Todo mundo está comentando no Line. Será que ela finalmente vai admitir que faz bronzeamento artificial?
-Não sei. -Respondeu Josh vagamente. -Porém, isso é completamente estranho. -Não saberia explicar o por quê, mas algo naquele aviso fez seu coração pulsar mais forte. Quem sabe, Dabria poderia dizer que estava apaixonada por ele. Uau. Isto seria uma enorme conquista. Mas era totalmente impossível.
Lá fora, nuvens agourentas e cinzentas pairavam no céu. O tempo estava nublado. Fortes brisas gélidas balançavam as orquídeas do jardim. O ar tinha cheiro de lenha recém cortada.
-Onde você estacionou seu carro, Luke? -Becca segurou a saia quando um vento passou pela varanda.
-Oh, esqueci de avisá-los que a Virginia Cooke está no concerto. -Luke respondeu, seu cabelo mexia-se no ritmo do ar. -Problemas no motor.
-Então, como nós iremos para o colégio? -Josh cruzou os braços. Ainda bem que colocara um moletom naquela manhã. Parecia que ia esfriar.
-Eu posso levá-los. -Falou Ashley, surgindo por de trás deles, vestida com um tailleur cor de vinho. -A escola fica no caminho para a empresa.
Chegar na escola com a mãe? Não, não poderia fazer isso. Todos o achariam ainda mais boboca. Contudo, só lhe restava duas opções. Aceitar a carona ou ir andando por diversos quarteirões até o Humphrey High. E, não queria perder o grande anúncio de Dabria. Merda, por quê Luke foi ficar sem o carro justo naquele dia?
-Nós iremos aceitar a carona, mãe. -Josh murmurou.
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Bad Guys
RandomA história acompanha a vida dos adolescentes do Humphrey High School, de Manhattan em Nova York, uma escola onde os alunos vivem sob a lei da popularidade. No final da escala de popularidade estão os amigos Josh, Luke e Becca, eles são praticamente...