𝐂𝐎𝐍𝐕𝐈𝐂𝐓𝐄𝐃

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TW: Crise de Raiva

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— Como assim, não tem outro jeito? — gesticulo apreensivo, tentando argumentar. Ele me olha com desdém.

— Não, você está deixando as coisas mais difíceis. Apenas vá. — O homem à minha frente não demonstra interesse e continua assinando alguns papéis.

— Depois de todo esse tempo, você ainda acha que não faço diferença por aqui? — meu sangue ferve, uma mistura de raiva e decepção. — Como pode agir assim?

— Cale essa boca, [Nome]! — ele larga a caneta em cima da mesa, e seu olhar pesa sobre mim. — Você realmente não vai fazer falta. Eu já disse; está demitido. Se não pode trabalhar no que tenho disponível, saia. Já fui mole o suficiente em permitir que ficasse perto de mim, agora já deu.

— Claro, eu devia ter imaginado. — sorrio com sarcasmo. — Diga-me, papai. — eu falo a última palavra com enfâse, zombando da situação. — Se eu fosse um dos meus irmãos, teria gosto em me ter por perto, não teria?

— Não me chame de pai, e não coloque os meus filhos no meio disso.

— Eu também sou seu filho.

— Não, você não é! — meu pai levanta da cadeira, tentando me intimidar. — Você deixou de ser há muito tempo atrás.

Eu mordo o lábio inferior. Isso me machuca, mas não vou chorar. Eu me recuso.

— Na verdade, eu não quero te ver de novo. Desapareça, e não me procure mais.

Abaixo a cabeça e entrego minha carteira de identificação da biblioteca, levantando em seguida. Não olho para ele novamente, sei que ver aquela feição de desgosto vai acabar comigo. Prefiro evitar.

Vou para fora, soltando o ar que eu nem tinha notado que segurei. A brisa fresca é um presente nestes momentos.

Depois do aviso na quarta-feira, a faculdade nos deu alguns dias para que nos organizássemos melhor e o resto da semana foi um caos. Hoje, sábado, precisei vir trabalhar com o receio do que aconteceria assim que eu mencionasse o problema, então esperei até o fim do expediente. Não me surpreende ser tratado dessa forma por ele.

Sinto meu telefone vibrar no bolso do casaco. São mensagens do grupo e uma de Satoru. Verei quando chegar em casa, não estou com a cabeça boa agora.

Durante o caminho, começo a refletir sobre as atitudes do meu pai e do meu irmão. Quando eu era pequeno, não recebia tanto respeito mas não cheguei a ser destratado. Era estranho, mas não horrível. Meu pai era muito ocupado com os problemas da empresa e afins, então eu ficava mais tempo sozinho com meus dois irmãos do que com ele. Minha irmã, a mais nova, é uma mulher doce e responsável. Sempre apoiamos um ao outro, e acho que de toda a minha família, ela é a única que tem afeto por mim. Seu único defeito é sempre achar que nosso pai está querendo nosso melhor. Já meu irmão...

Estou desempregado?

Ah.

Não tenho um rumo agora, mas não vou morrer por isso.

Chegando em casa, bato a porta atrás de mim e jogo meu casaco em um canto qualquer. Mordo a parte interna de minhas bochechas, puxando e soltando o ar pela boca. Prefiro alimentar a raiva que sinto do que ser consumido pela mágoa. Minha garganta começa a coçar para beber e esquecer tudo isso. É uma sensação péssima, considerando a última vez que fiquei sozinho em casa, bêbado. Acordei com Itadori nu ao meu lado - o que seria ótimo, se eu não estivesse de ressaca - e ele agiu como se estivesse tudo normal. A culpa que senti por ter transado com ele, apenas por alívio, me atormenta até hoje. Eu não me importaria se fosse outra pessoa, mas Yuji é meu melhor amigo. É como se eu tivesse usado alguém. E, mesmo que ele afirme não se importar, eu ainda me culpo.

𝐀𝐑𝐑𝐎𝐆𝐀𝐍𝐓 𝐒𝐄𝐗 - (sᴀᴛᴏʀᴜ ɢᴏᴊᴏ × ʟᴇɪᴛᴏʀ ᴍᴀsᴄᴜʟɪɴᴏ)Onde histórias criam vida. Descubra agora