𝐆𝐑𝐀𝐘

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— Isso é algum tipo de piada? — levanto da cama sem dar o tempo necessário para o meu corpo acordar inteiramente, o que me faz cambalear e me sentar. — Yuta está sob custódia?

— Uhum. — ele parece mastigar alguma coisa, então faz uma pausa antes de retomar sua fala. — A Kugisaki ficou sabendo pela namorada e nos contou.

— Que porra. — levanto devagar desta vez, caçando meus chinelos perdidos no chão e os calçando. — Não posso dizer que faltam motivos, mas por qual deles Yuta se fodeu?

— Maconha, heroína... Sei lá. Drogas. Não sei especificar. —

— Isso não faz sentido. — cuspo as palavras com ansiedade. — Yuta sempre foi muito cuidadoso. Como ele foi pego?

— Não sei. — alguns cochichos vêm do outro lado da linha, mas não consigo distinguir. — Vou passar pra ela.

Com ela suponho que esteja falando de Nobara.

— Meu Deus, temos tanto o que conversar. — consigo sentir sua euforia. É como se ela tivesse segurado as palavras que solta por um bom tempo. — Não acredito que vou dizer isso, mas estou com saudade.

Rio de sua confissão, e por mais que não esteja presente com eles, sei que ela está de cara fechada e zangada com a maneira que reagi.

— Eu também. De verdade. — sorrio sozinho. — Acho que volto amanhã se Choso permitir.

— Isso é ótimo! — ela deixa escapar um entusiasmo que não estou acostumado a observar. — Quer dizer, eu não estou tão animada. Nem gosto tanto de você assim.

Reviro os olhos.

— Acho que vou pedir para ficar mais uns três dias aqui.

— Não. — seu tom de voz me assusta, então não dou continuidade para a troca de provocações.

— Voltando ao assunto — saio do quarto com o celular apoiado entre a palma da mão e o ouvido direito. — O que Maki te disse?

— Parece que receberam uma denúncia sem identificação, o que ocasionou na descoberta da surpresinha. — ela diz a última palavra em um tom brincalhão. — Sério, eu fico triste pela minha namorada. Mas estou feliz que ele tenha se fodido.

A este ponto, imagino que Megumi e ela já saibam o que aconteceu de fato.

Caminho até o jardim do hospital e me sento no mesmo banco que estava com Yuji no dia anterior.

— As coisas ainda não estão batendo. — olho para cima. O dia está lindo e ensolarado, mas a brisa fresca não permite que eu sinta calor. — Deixe-me falar com Yuji.

Ela concorda com um som estranho, passando o telefone em seguida.

— Diga.

— Yuji. — digo de maneira preguiçosa, soltando um sopro de ar. — Existe alguma possibilidade de Satoru estar envolvido nisso?

— Quê? — ele ri. — Isso é uma pergunta séria?

— Sim.

— Desculpe, [Nome], mas isso seria estranho. Eu contei a ele sobre o que aconteceu e sim, esperei que ele misturasse o trabalho com a vida pessoal e estragasse um pouco a vida acadêmica do desgraçado, mas não acha que isso seria grande demais? — ele fala de boca cheia, o que deixa sua voz abafada. — Não estou dizendo que o que aconteceu com Yuta foi exagero. Na verdade, até acho que ele mereça coisas piores. Mas como poderia pensar que o galã teria envolvimento nisso?

Ele tem razão.

Mas ainda não faz o menor sentido.

Me dou por vencido e usamos o resto da chamada para outros assuntos. Megumi aparece em algum momento, imagino que estivesse em outro lugar. Nós conversamos e nos atualizamos brevemente sobre nossas vidas. Sinto que estou voltando para a minha rotina em pouco tempo.

𝐀𝐑𝐑𝐎𝐆𝐀𝐍𝐓 𝐒𝐄𝐗 - (sᴀᴛᴏʀᴜ ɢᴏᴊᴏ × ʟᴇɪᴛᴏʀ ᴍᴀsᴄᴜʟɪɴᴏ)Onde histórias criam vida. Descubra agora