𝐏𝐄𝐍𝐃𝐄𝐍𝐂𝐈𝐄𝐒

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Fico em silêncio por alguns segundos. Satoru não corta o contato e nem insiste que eu fale alguma coisa, respeitando o meu tempo. Eu liguei sem pensar tanto no que dizer, então não é nenhuma surpresa que eu esteja avoado. Sem que eu peça nada, Yuji sinaliza para mim e sai do quarto. Entendo que ele queira me deixar confortável, mas não sei se consigo me virar sozinho por enquanto. Não estou me sentindo um adulto e muito menos maduro.

— Oi, Satoru.

Ele suspira de maneira prolongada do outro lado da linha, fazendo com que meu corpo encolha de ansiedade.

— Como se sente?

Eu sento na cama.

— Vamos evitar este tipo de pergunta.

— Certo. — ele ri de maneira leve. — O que te incentivou a falar comigo?

Olho para as paredes, trocando o olhar entre elas.

— Queria me desculpar — faço uma pequena pausa. — e agradecer.

Ele sabe do que estou falando, então não faço questão de expor explicações. Penso em algo para complementar o que digo, mas Satoru interrompe minha oportunidade com uma mensagem enviada durante a ligação. É uma foto de visualização única, então não abro de imediato.

— Eu me recuso.

— Ah, que isso? — ele indaga. — Acha que sou tão mesquinho a ponto de mandar algo obsceno durante uma conversa como essa?

— Sim.

Eu poderia afirmar de olhos vendados que ele está forçando uma feição ofendida agora.

Eu abro a foto, me deparando com os gatos que vi no dia em que saímos.

— Você está com eles agora?

— Sim, não consegue ouvir?

— Ouvir o quê? E aliás, você não deveria estar trabalhando?

Ele bufa.

— [Nome] — Satoru aparenta estar um pouco mais sério do que o comum, mas não consigo distinguir uma emoção em seu tom de voz. — Quero ver você.

Começo a suar frio e me rendo ao nervosismo. Não tenho certeza se quero vê-lo tão rápido e muito menos se quero que ele me veja depois de tudo. Porém, eu sei que se continuar enrolando, vou deixar muitos assuntos pendentes e me arrepender depois. Se estou querendo mudanças, é um bom começo ter atitudes diferentes com ele.

— Está bem — esmago o travesseiro entre os dedos. — Hoje à noite está bom pra você?

Se ele se surpreende com meu primeiro passo entre tantos que Satoru já deu, não demonstra.

— Está.

— Ótimo, eu vou até aí. — afirmo sem questionar, o que provavelmente o deixa intrigado. — Quero dizer, até a sua casa. Não até os gatos.

— Você não quer que eu vá...

— Não.

Posso estar sendo um pouco rude, mas não quero aceitar favores de Satoru. Ele já fez demais.

— Tudo bem, estarei esperando.

E desliga.

Pare de bater a porta metafórica do telefone na minha cara, Satoru.

Amaya me observa do corredor no lado externo do quarto.

— Você vai sair de novo? — ela repousa uma das mãos sobre o quadril e arqueia uma sobrancelha.

𝐀𝐑𝐑𝐎𝐆𝐀𝐍𝐓 𝐒𝐄𝐗 - (sᴀᴛᴏʀᴜ ɢᴏᴊᴏ × ʟᴇɪᴛᴏʀ ᴍᴀsᴄᴜʟɪɴᴏ)Onde histórias criam vida. Descubra agora