𝐏𝐑𝐈𝐃𝐄

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TW: Problemas familiares, homofobia, relacionamento abusivo, ameaça e vilipêndio a cadáver.

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Olho as mensagens de minha irmã pela barra de notificações, amanhã vou encontrar ela e nosso pai. Estou tendo pesadelos acordado e calafrios.

— O que houve? — Sinto os braços de Satoru me abraçarem por trás. Ele apoia o queixo na minha escápula, beijando o local e massageando o meu quadril por baixo da roupa com as duas mãos.

— Problemas de família.

— É com o velho? — ele diz, sem cerimônia. Eu não respondo, apenas me desvencilho de seus braços e sento na minha cama. — Pelo visto, é.

Eu solto o corpo no colchão, me esparramando de maneira preguiçosa.

— Quer um conselho? — Satoru senta ao meu lado.

Olho para cima sem dizer nada. Ele deita ao meu lado, usando a mão direita para virar o meu rosto em sua direção.

— Não deixe ele agir como quer. Dê valor a si mesmo.


Meu pai não olhou nos meus olhos desde que cheguei.

Amaya disse que iria buscar um copo de água, mas está demorando muito fora do escritório. Talvez ela tenha esperanças de que um de nós dois dê o primeiro passo - o que é bem improvável, considerando que não trocamos uma palavra sequer. Meu pai está vidrado em uma folha de papel que está sobre a mesa, esperando sua xícara de chá esfriar e ignorando a minha presença no local. Isso não me deixa chateado, eu simplesmente me acostumei.

Apoio a cabeça nas costas da poltrona, me esticando de maneira desleixada. Noto o olhar de meu pai pesar em meus braços, diretamente nas cicatrizes.

— Está melhor? — ele pergunta. Não parece preocupado, apenas presunçoso.

Eu respondo com uma sobrancelha erguida, esperando que ele diga mais alguma coisa.

— Sua irmã me contou.

— Eu imaginei. Não é como se você fosse notar isso sozinho.

A farpa o deixa zangado, mas ele se mantém calado a partir daí.

— O bebedouro estava vazio. — Amaya entra no escritório, fechando a porta atrás de si. — Como estão?

Ambos evitamos encará-la, causando um suspiro de decepção.

Sem pressa, minha irmã puxa uma das cadeiras para o meio entre nosso pai, a mesa e eu. Eu espero que diga alguma coisa, mas ela parece pensar em tudo com muita cautela. Ajeito minha postura e aguardo.

— Primeiro, quero que estejam cientes de uma coisa. — ela abaixa levemente a cabeça. — Eu não posso resolver isso sozinha. Peço que, por favor, colaborem.

Processo o peso de suas palavras antes de assentir com a cabeça, mas meu pai continua imóvel.

— Nos últimos anos eu tive uma convivência maior com o senhor. — ela direciona a atenção para o mais velho. — Por consequência, acompanhei mais dos seus problemas e dificuldades do que o [Nome].

Desvio o olhar novamente.

— E eu tenho plena consciência de que, no fundo, estar em uma situação dessas com seu filho mais velho não é algo que lhe agrade.

— Amaya, eu não dou a mínima importância para isso.

Sinto uma pontada de sentimento me sufocar com isso.

𝐀𝐑𝐑𝐎𝐆𝐀𝐍𝐓 𝐒𝐄𝐗 - (sᴀᴛᴏʀᴜ ɢᴏᴊᴏ × ʟᴇɪᴛᴏʀ ᴍᴀsᴄᴜʟɪɴᴏ)Onde histórias criam vida. Descubra agora