Minhas pálpebras sobem pesadas. Por alguns instantes, sinto que levei uma paulada na cabeça. É tão agoniante que não abro os olhos totalmente antes de fechá-los outra vez, mas de nada adianta. Um barulho recorrente de "beeps" consegue me importunar um pouco mais.
Quando finalmente abro os olhos, percebo que não estou em um ambiente familiar. A sala onde estou é muito maior do que meu padrão de costume, e o cheiro não é comum.
— Acordou?
A voz não soa estranha, entretanto, não reconheço de primera. Viro a cabeça devagar para a fonte de onde escutei, me deparando com alguns aparelhos hospitalares e Choso, vestido com roupas brancas e jaleco. Lentamente, as memórias do que me aconteceu tomam a frente dos meus pensamentos e começam a me perturbar. Apoio os braços para me sentar na cama - ou maca, não estou pensando direito - mas sem sucesso. A dor nos pulsos é inconveniente o suficiente para que eu não consiga efetuar algo básico como isso.
— Tudo bem, eu ajudo você. — Choso se aproxima e com cuidado me auxilia para sentar, deixando minhas costas apoiadas em algo macio, imagino que um travesseiro.
— Obrigado. — eu olho para os meus braços. Estão tenebrosos, admito. O meu direito doeu um pouco menos, está enfaixado. Já o esquerdo está com seis linhas pretas, o que significa que tomei alguns pontos, mas prefiro não saber o total. Também estou recebendo soro com o tubo ligado na divisão do braço e do antebraço.
— O que está fazendo aqui? — eu tento evitar o foco nos remendos e olho para Choso, que puxa uma cadeira pequena para sentar ao lado da cama.
— Yuji me chamou para cuidar de você, cheguei de madrugada.
— Cuidar de mim? — eu começo a raciocinar o porquê de suas roupas brancas.
— Sei que não pareço, mas sou médico formado. — ele pega uma prancheta e um lápis que estava na mesa ao lado. — Seria estranho vir a um hospital onde não trabalho e prestar serviços, provavelmente iriam me barrar. Mas, felizmente, tenho meus conhecidos aqui e fui aceito de bom grado.
— Nunca imaginei que fosse ficar sob seus cuidados em algum momento. — eu sorrio, mesmo sem vontade ou algum sentimento. É tão forçado que receio não parecer um ato de expressão.
Ele retribui o meu sorriso um pouco desanimado e a seriedade toma conta de sua feição.
— [Nome] — ele olha para mim com empatia. — Me conte o que aconteceu.
Eu deixo a boca entreaberta, mas não consigo falar. Na verdade, se eu fosse cem por cento sincero, diria que não quero falar.
— Foi apenas uma recaída. — eu inclino um pouco a cabeça para trás, me aconchegando melhor no travesseiro. — Como cheguei aqui?
Sou capaz de vê-lo respirar fundo pela visão periférica, mas Choso não emite nenhum som. É como se eu fosse um adolescente rebelde desobedecendo os meus pais.
— Você perdeu a consciência depois do que fez.
Do que eu fiz.
— Acordou "parcialmente" algumas vezes, recebeu os devidos cuidados e por fim, adormeceu.
Isso não mata minhas dúvidas - até porque eu não me recordo de ter acordado - mas é o suficiente.
Espero que ele termine de falar, mas Choso não prossegue. Então, assumo:
— Eu posso ir embora?
— Não posso permitir isso.
Eu respiro fundo.
— Eu não estou com dor, deixe-me ir.
— Vou tentar falar como um amigo, não como médico. — ele devolve a prancheta e a caneta para o lugar de onde as pegou. — Você fodeu a sua artéria. Teve sorte que Gojo o encontrou e soube estancar o sangramento, ao menos até que pudesse ser socorrido e fizessem um torniquete.
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𝐀𝐑𝐑𝐎𝐆𝐀𝐍𝐓 𝐒𝐄𝐗 - (sᴀᴛᴏʀᴜ ɢᴏᴊᴏ × ʟᴇɪᴛᴏʀ ᴍᴀsᴄᴜʟɪɴᴏ)
Fanfic- Todos nós temos um lado perverso, uma parte que não mostramos a ninguém. No caso de Satoru Gojo, sua malícia se esconde atrás de belos olhos azuis. ✦ sᴀᴛᴏʀᴜ ɢᴏᴊᴏ × ʟᴇɪᴛᴏʀ ᴍᴀsᴄᴜʟɪɴᴏ +18 Esta história pode causar gatilho em pessoas com transtorno d...