Capítulo.17

140 13 4
                                    

"O que você tá fazendo aqui?" — proferiram simultaneamente, parados frente a frente, com olhares confusos e angustiados.



Anahi: Aqui é meu quarto, né? Então, você que tem que me responder. — disse, óbvia.



Alfonso: É... espera, é seu quarto, mas o que você iria fazer fora dele às TRÊS DA MANHÃ? — perguntou, exaltando-se antes de completar, desconfiado de que ela poderia estar indo ver outra pessoa.



Anahi: Para de gritar, seu maluco! E me diz o que você veio fazer aqui? — desconversou de forma cínica, sem intenção de admitir
que estava indo para o quarto dele.



Alfonso: Temos assuntos para resolver! — afirmou, recobrando seu foco.


Anahi: Às três da manhã?????? — questionou, fazendo-se de desentendida.



Alfonso: Na parte da manhã, estamos ocupados trabalhando, e depois sempre nos atrapalham. Melhor ser de madrugada mesmo, não é possível que alguém vai aparecer. — Mentiu, justificando sua presença para não revelar que não conseguia pregar os olhos, pensando nela.



Anahi: Tá, tá... entra. — convidou, cedendo espaço para que ele entrasse, o que ele fez ao fechar a porta. — Agora fala.



Encostado na porta, Alfonso sentia-se perdido nas palavras, sem saber por onde começar. A verdade nua e crua era que, mesmo impulsionados até ali, ambos reconheciam a necessidade de uma conversa, mas as palavras certas pareciam fugir-lhes, deixando um silêncio tenso pairar no ar.



Anahi: Desembucha, querido! — impaciente, acomodando-se na poltrona e cruzando as pernas.

Alfonso: É... É... — perdido, sua atenção desviada para as pernas de Anahi, expostas e entrelaçadas.



Anahi: Terra chamando, Alfonso... Você está aí? — Chamando-o de volta à conversa.



Alfonso: Estou sim... O que eu vim falar é... — hesita, coçando a cabeça, irritando-se consigo mesmo.



Anahi: É para hoje? Preciso dormir!!! — disse, apressando-o.



Alfonso: Lá vamos nós... Acho que depois da noite que passamos juntos, está estranho, não consigo agir normalmente. — confessou, sem jeito.


Anahi: Também acho que está estranho. — concordou.


Alfonso: Não consigo simplesmente fingir; sou ator, não mentiroso. — continuou abrindo-se, com uma leve alfinetada no final.


Anahi: Às vezes, somos obrigados a fingir; só é mentira quando se tem opção. — rebateu ofendida.


Alfonso: Não quis dizer que você é mentirosa por fingir sempre. — tentou consertar, mas não estava indo bem. — Só que eu não consigo, é isso.


Anahi: Está bom, Alfonso! — impaciente.


Alfonso: Oh, pai do céu... Não vim brigar, quero resolver. — disse em paz. — Eu só quero uma solução.



Anahi: Não tenho nada em mente. — disse tranquila, observando-o atentamente, seus braços musculosos às vezes desviava sua atenção.

Alfonso: ENTÃO VAI FICAR ASSIM? VOCÊ NÃO SE IMPORTA. — elevou a voz, sem entender exatamente por que estava gritando, apenas sentiu que era necessário.



Anahi: VAI COMEÇAR O ESCÂNDALO? — replicou com o mesmo tom exaltado. Erguendo-se da poltrona, ficando de pé, para enfrentá-lo.



E assim desencadeou-se a discussão mais maluca do universo. Gritavam um com o outro sem motivo aparente, as palavras perdiam o sentido, não construíam um diálogo coerente. Era difícil, queriam conversar, mas não sabiam por onde começar, então optaram por brigar? Ninguém compreendia a mente deles, nem eles mesmos. Os berros ecoavam tão alto que poderiam acordar todo o hotel; por sorte, as paredes eram à prova de som.


OS REENCONTROS Onde histórias criam vida. Descubra agora