Capítulo.24

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O silêncio persistiu por mais um tempo. Anahi, sem palavras, tentava compreender seus sentimentos, enquanto Alfonso, impaciente, sentia-se humilhado mais uma vez.




Alfonso: Calada como sempre. — Alfinetou.— Parece que não sente nada, não é?



As provocações continuavam, mas Anahi mantinha-se em silêncio. Alfonso buscava qualquer reação dela, esperando encontrar um fio de esperança. Mesmo com a mágoa evidente, a saudade falava mais alto. Estar tão perto dela não permitia que ele negasse o que sentia nem para si próprio.



Alfonso: Como eu disse. Você não sente! — Reafirmou, com convicção.




Anahi reagiu, levando as mãos à cabeça. Respirou fundo, tentando manter a calma. Sua mente a pressionava incansavelmente, enquanto seus sentimentos a atormentavam. Era um peso que ela carregou a vida toda, sendo a boa filha, a boa atriz, a boa amiga, a boa namorada. Boa em tudo, mas um erro era o suficiente para ser criticada por todos. As acusações de Alfonso fizeram aflorar sentimentos reprimidos por muito tempo.



Anahi: Chega... — Sussurrou para si mesma, recobrando o foco. — Não vou mais permitir que fale assim comigo, de maneira tão cruel. Eu não mereço isso! — Rebateu, finalmente, em tom seguro.



Alfonso: A verdade dói, não é? — Instigou. Continuava a provocar.


Anahi: Verdade? O que você sabe sobre verdade? Você é um imaturo. Estou cansada disso tudo. Entendo que você está mal, mas adivinha? Você não é o único. Então, pare de se comportar como um idiota. — Confrontou, elevando o tom de voz.


Alfonso: Imaturo? Eu? — Gargalhou, sem acreditar. — A única imatura é você, que não sabe assumir relações adultas.


Anahi balançou a cabeça em negação, achando quase louco ouvir isso dele, justamente ele.





Anahi: Poncho, você está magoado, mas você precisa se enxergar. Quem é você para falar de relações adultas? Você não consegue manter nenhuma. E quando as coisas não são do jeito que quer, age como um babaca. — Rebateu, confrontando-o no mesmo tom. O fuzilando com o olhar.




Alfonso: Posso ter meus momentos ruins, mas sempre encaro tudo de frente. Estava disposto a enfrentar tudo por você, pela pessoa que amo. Já você, na primeira oportunidade, foi embora. — Retrucou, atingindo-a onde doía.



Anahi: Queria muito ser igual a você, me dar o luxo de magoar pessoas em prol do meu benefício próprio. — Atacou-o, perdendo a compostura. Dominada pelos sentimentos, era um turbilhão de saudades, raiva, tristeza e exaustão. — Mas adivinha? Não posso me dar esse luxo! Infelizmente, mesmo te amando, não consigo simplesmente magoar outras pessoas.


Ela desabafou de maneira impulsiva, soltando tudo que estava guardado, sem reprimir nada. De maneira tão natural e sincera que nem se deu conta que tinha acabado de se declarar. Alfonso atônito ao ouvir aquilo: "mesmo te amando". Não conseguia processar nada do que foi dito depois disso. Era a primeira vez que ela expressava esse sentimento, mesmo em meio a uma briga. Era reconfortante ouvir, apesar das circunstâncias.


Anahi: Agora, para de agir como um babaca. Não me culpe por tudo como se eu fosse a pior pessoa do mundo. — Desabafou, exausta de toda a pressão que sentia. Ainda não tinha percebido a magnitude do que revelara. — Entenda o meu lado. Dulce é minha amiga desde a infância, e não posso colocar um relacionamento acima disso. — Prosseguiu, expondo tudo o que estava guardado. Sem perceber, Alfonso, boquiaberto, a encarava com os olhos brilhando como um bobo, sem ouvir uma palavra sequer. Incapaz de processar o que estava acontecendo.


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