Ir para a faculdade não estava nos planos de Liza. Perder uma das pessoas mais importantes da sua vida também não. Arruinada pela dor do luto, Liza considerou a faculdade uma boa opção para fugir de toda a confusão em que sua vida se encontrava em s...
Tudo o que eu fiz para tentar desfazer isso Toda a minha dor e todas as suas desculpas Eu era criança, mas eu não era cego (Alguém que te ama não faria isso) Todo o meu passado, eu tentei apagá-lo Mas agora vejo, será que eu conseguiria mudá-lo? Podemos até compartilhar um rosto e um sobrenome, mas (Nós não somos iguais, iguais) Family Line — Conan Gray
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Pego minha mãe no colo e a levo para dentro. Verifico se não acabou se machucando durante a queda enquanto minha irmã vai até a cozinha buscar algum tipo de chá para ajudá-la a recobrar os sentidos. Reparo que ela ainda tem o mesmo cheiro de quando eu era criança, uma mistura doce de canela com um toque frutado. Lembro-me de inalar esse cheiro quando ela me pegava no colo, me consolando e me curando das coisas que ele fazia. Senti falta disso.
Não consigo deixar de observar sua casa, que se enquadra quase que perfeitamente no que chamamos de kitnet. A sala em que estamos é o primeiro cômodo, e é pequeno, para não dizer minúsculo, apenas uma ilha o separa da cozinha. Há um sofá velho, onde minha mãe está deitada e uma estante desgastada, que sustenta uma televisão pequena e antiga. As paredes têm infiltrações e parecem não receber uma pintura a anos. Há um corredor à frente, e consigo ver três portas, provavelmente a divisão de quartos e banheiro. É uma casa pouco espaçosa para tantas pessoas.
Provavelmente Emma não teve muito espaço para brincar enquanto crescia e este pequeno ser humano que engatinha pela casa, com toda certeza também não. Cacete, eu tenho mesmo outro irmão?
Ainda estou tentando assimilar tudo quando minha mãe começa a despertar, balbuciando palavras que não sou capaz de compreender. Porra, tenho tantas perguntas para ela e descobrir desde quando tenho um irmão é a principal.
— Toma isso, mãe — Emma surge, com uma xícara em mãos. Os olhos castanhos encontram os meus, demonstrando que ela ainda está em choque, assim como eu — Pode ajudar ela a se sentar?
Murmuro uma afirmação e ajudo mamãe a se acomodar na espuma velha. Os olhos castanhos estão grudados no meu rosto enquanto ela toma o líquido da xícara com dificuldade, seus dedos tremem contra a porcelana e as lágrimas escorrem silenciosamente por seu rosto. Ela parece assustada, quase como se não acreditasse no que está vendo.
— Se sente melhor, mãe? — pergunto, a preocupação presente em minhas palavras. Será que a assustei demais? — Se machucou?
Ela deixa a xícara de lado, erguendo a mão até o meu rosto. Quase como se precisasse me tocar para ter a certeza de que não sou um fantasma. Fecho os olhos, sentindo sua pele macia contra a minha. A sensação é boa, seu toque ainda faz com que eu me sinta em casa.