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Se eu vou morrer por você
Se eu vou matar por você
Então derramarei esse sangue por você
Pray for me — Kendrick Lamar part. The weeknd

Dylan dirige pela estrada de terra em silêncio

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Dylan dirige pela estrada de terra em silêncio. Eu capturo um cigarro na caixa de marlboro jogada no porta-luvas do carro em uma falha tentativa de me acalmar. A porra do problema é que dessa vez, a nicotina não diminui meu ódio, muito menos minha ansiedade.

— Sky disse que os médicos a levaram pra sala de cirurgia — Dylan diz, encarando o celular — ela vai ficar bem.

Tudo o que eu quero é acreditar em suas palavras, mas não posso, porque elas não são certeiras. Liza está viva mas a única coisa que consigo pensar é em todas as complicações que esta cirurgia pode ter.

— Os médicos disseram qual é o estado dela?

Dylan me encara, umedecendo os lábios. É o que ele faz sempre que fica nervoso, e com o pequeno ato já sei minha resposta.

— Crítico — murmura — Mas acho que todos os casos em que a vítima é alvejada, é considerado assim.

Sua tentativa de consolo não me ajuda. E como poderia?

Nenhuma palavra amiga vai tirar essa culpa dos meus ombros. Porque nada disso teria acontecido se eu a tivesse deixado em Fallen Hill, protegida. Longe de toda confusão que minha vida é.

Me sinto um merda por deixá-la sozinha naquele hospital com todas aquelas pessoas estranhas. Sei que Sky está lá mas também sei que no instante em que seus olhos se abrirem, será por mim que ela irá buscar. Porque nós sempre fomos a âncora um do outro e isso nunca vai mudar.

Eu deveria estar lá, segurando a sua mão enquanto os médicos a levavam para a sala de cirurgia. Deveria estar lá para garantir que cuidariam bem do meu bem mais precioso.

Eu poderia permitir que a polícia o levasse, poderia ligar para o pai de Liz e garantir que o meu genitor nunca mais saia da prisão. Eu não ficaria preso, mas também não ficaria em paz sabendo que seu coração ainda bate. Algo em mim diz que deixá-lo vivo não é algo que Liz aprovaria, muito menos o que minha família gostaria.

Fecho minhas mãos em punho, encarando minha própria imagem no retrovisor. Sangue seco cobre minha pele e meus olhos estão mais escuros, formando um olhar doentio que eu não via há muito tempo. Sinto o impulso, a vontade de ferir alguém de formas inimagináveis. Ele sempre desperta isso em mim, Richard sempre consegue trazer à tona os demônios que tento desesperadamente esconder.

— Para onde estamos indo?

Já estamos no carro há pelo menos vinte minutos mas só agora faço essa pergunta. Confio em Dylan o bastante para saber que ele nos levará para o lugar certo, longe o bastante da sociedade para que não possam ouvir os gritos do desgraçado.

DAMON | +18Onde histórias criam vida. Descubra agora