Ir para a faculdade não estava nos planos de Liza. Perder uma das pessoas mais importantes da sua vida também não. Arruinada pela dor do luto, Liza considerou a faculdade uma boa opção para fugir de toda a confusão em que sua vida se encontrava em s...
Quando você disse seu último adeus Eu morri um pouco por dentro Eu deito e choro durante a noite inteira Sozinho, sem você ao meu lado (...) Mas se você me amava Por que você me deixou? All I Want — Kodaline.
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O relógio marca exatamente 00:36 quando o jatinho particular da família Cameron decola do aeroporto particular de Fallen Hill. Olho pela janela, assistindo enquanto as pessoas lá embaixo vão se transformando em pontinhos minúsculos a cada metro de altitude conquistada.
A aeronave é luxuosa, revestida em tons de branco com detalhes em madeira envernizada de um tom marrom escuro. Quando entramos, fomos recebidos por um cômodo suntuoso, com quatro poltronas estofadas de couro macio localizadas no lado direito do jato. Logo a frente, temos um corredor onde bebidas caras são ostentadas em uma das paredes, protegidas por portas de vidro espesso. O último cômodo é o quarto, com uma cama de casal enorme. As roupas de cama são requintadas, as iniciais dos sobrenomes da família Cameron gravadas nos travesseiros em linhas douradas.
Eu não pedi por todo esse luxo, para falar a verdade minha idéia era conseguir uma passagem na classe econômica no próximo voo em direção à França. Porém, Liza foi mais rápida ao ligar para o seu pai e pedir a aeronave da família emprestada. Em resultado, o jato pousou no aeroporto de Fallen Hill uma hora e meia depois.
Mesmo sentindo como se estivesse me aproveitando de toda a sua fortuna, me sinto grato. O próximo voo para à França será apenas às quatorze horas de hoje, o que significa que eu chegaria ao meu país de nascença apenas às dez horas da noite. E tempo, é algo que não posso me dar ao luxo de desperdiçar. Não sabendo que aquele monstro está vivo. Eu nem mesmo sei se minha mãe tem essa informação, ela sabe que seu maior pesadelo ainda caminha livremente pela terra?
Antoine também não me deu nenhum tipo de informação sobre o estado da minha família. Ele não disse se eles estão bem, o homem apenas me enviou um endereço por mensagem e informou que agora mamãe é conhecida como Lauren e Emma como Amélie.
Me pergunto o porquê da troca de identidades. Elas estão fugindo de algo? Ou não querem estar ligadas ao crime cometido por mim?
Caralho, eu nem mesmo sei se mamãe aceitará minha presença. Afinal, ela passou quase sete anos sem me dar nenhuma notícia, nem ao menos me enviou uma carta para saber se eu estava bem na prisão. E se não fosse por Liza e sua vontade de ajudar, ainda estaria sem informação alguma.
Talvez ela simplesmente não queira me ver, penso. A possibilidade dói, como o inferno, mas tenho que me acostumar com ela.
Ainda me lembro do horror no rosto da minha mãe ao ver o corpo do meu progenitor. Não foi algo bonito de se presenciar, e se agora ela estiver com medo de mim, é algo totalmente justificável. Afinal, eu não sou alguém com as mãos limpas, e apesar de não sentir remorso algum pelas coisas que faço, sei que não é algo normal. Sei que há algo retorcido, algo estranho e feio que me faz ser diferente das outras pessoas do mundo.