Tatum
Eu estava dentro do mar na minha forma animal a pelo menos meia hora, me sentia bem, estava começando a me adaptar as temperaturas desse continente e já me sentia muito mais confortável de respirar e não ressecar tão rápido.
O Quiel me entupiu de protetor solar antes de virmos, almoçamos na casa da sua mãe, ela fez muita comida, muita mesmo, mas assim que um monte de gente apareceu do nada, fiquei preocupado de não dar. Foi meio sufocante, mas caloroso, era engraçado que todos ficaram surpresos com a minha altura, principalmente os adultos.
— Tatum! — Ouvi ele me chamar, acenando ao longe.
Olhei para a Evie cavando a areia com a pá de brinquedo, do outro lado o agente Zeus de bermuda, uma camiseta cinza e um livro na mão. Eu nem poderia reclamar dele estar ali, se eu quisesse que tivesse sido uma coisa mais privada, teria pedido para a minha sogra ficar com a Genevieve, mas sabia que ele iria concordar em deixar sozinho, sendo bem sincero... Aquela história nem entrou na minha cabeça.
Eu saí na minha forma humana do mar, pelado e correndo pela areia quente que queimou meus pés até chegar na sombra do guarda-sol gigantesco fixo na mesa de madeira aleatória na praia. Vesti a roupa que eu estava antes e olhei ao redor, sem ver o Ezequiel dentro de um raio de vinte metros.
Onde ele estava?
Ele me chamou, mas de repente sumiu.
Me sentei, joguei afua nos meus pés e coloquei os chinelos confortáveis com estampa de folhas e lavei as minhas mãos com a água da garrafinha ainda lacrada, a sensação de usar luvas me trazia conforto, segurança, sem pensamentos negativos.
Ficar sozinho com a minha própria presença não era bom como antes, quando eu ficava longe dele e da Evie, eu sentia que de alguma forma a minha vida não tinha nenhum significado e era horrível habitar a minha pele quando ela só me fazia mal. Estava ansioso, mesmo com a minha filha perto o suficiente para eu conseguir ve-la e saber que estava bem..
O Ezequiel me prometeu que faria uma tatuagem e eu estava esperando ansiosamente por isso, imaginando o momento em que eu pudesse olhar para as minhas palma e ver a sua arte em mim, em ter mais dele no meu corpo, me curando, me fazendo ser uma pessoa ainda melhor.
O que aliviou um pouco os meus pensamentos era saber que tentei protege-lo, mas nada justificava eu ter rejeitado ele daquela forma, ter partido seu coração. Ter tentado me matar ou não, não mudava o fato de que a gente brigou e que ele me quis de volta. Queria valorizar isso o máximo possível, dar a ele tudo o que desejasse, meu corpo, meu coração, minha alma de centavos.
— O que foi que aconteceu para eu ter te machucado daquela forma? — Deixei um longo suspiro sair e alcancei o frasco de protetor solar dentro da bolsa de praia dele, tinha um pote com sanduíches dentro, as chaves da sua casa, uma chapinha, batom, e outras coisas de maquiagem, um caderninho com anotações aleatórias, uma camisa, lenços umedecidos, e uma bolsinha com preservativos e outras coisas dentro, lubrificanteera uma delas, isso eu sabia que era para mim. — Você é ainda um mistério. — Continuei mexendo, curioso para saber e desvendar seus segredos.
Folheei o caderno buscando ver sua letra, mas encontrei muitos desenhos, a maioria eram meus, um traço tão limpo e vívido que achei que fosse uma foto ao invés de um esboço bem feito.
Quando ele fez isso? Ele não teve tempo desde que chegamos e essas coisas estavam na casa da sua mãe, já que vi ele pegando de lá, então era válido imaginar que esse eu o eu que eu me esqueci.
Olhei bem de perto, buscando me lembrar de algo, mas nada me vinha a mente. Abaixei bem a cabeça e continuei passando as folhas, até me deparar com outro que me chamou atenção, demonstrado realmente como era a minha cara na época e eu parecia meio morto por dentro.
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Caramel
FanfictionTatum Lavish é um shifter um tanto problemático, mas está decidido a não cometer o mesmo erro de antes e magoar seu companheiro, quer enfrentar seus medos e fazer o possível para fazer o afrontoso e bonito Ezequiel ser seu. Quanto ao Quiel ciumento...