❄️ CAPÍTULO 11: Exesso de informação ❄️

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Chegar no Brasil foi a parte fácil, o problema se formou e estava me deixando sobrecarregado depois que tive que lidar com tantas pessoas em uma casa quente, excesso de cores, de vozes, de cheiros, de um calor que estava me fazendo beber água a cada um minuto e meio.

Tendo em vista o horário de visita da clínica, o Ezequiel só tomou um banho rápido na casa dos pais, vestiu uma roupa de um dos seus irmãos e pegou o carro emprestado, me levando, ao menos tentando, até o local onde iria ver seu pai. Para chegar lá, demoramos cerca de trinta e cinco minutos a mais do que o previsto, e nem era tão longe assim, mas não abri a boca para falar nada, todas as paradas que fizemos o Quiel cumprimentava ou comprava alguma coisa para comer, água para mim.

Chegamos na reserva ainda com tempo, ele foi ver o pai, eu não entrei porque protestei e achei inconveniente, me sentia muito deslocado ainda, além de que soube através dos irmãos dele que o pai era alguém bem reservado, e por isso que tinha tanto atrito com o Quiel, os dois se amavam muito, mas não ao ponto de conseguirem conviver, eram pensamentos muito divergentes.

Fiquei sentado na recepção, ainda com calor, apesar de que o ar condicionado ajudava bastante a me manter estável, estávamos perto da praia, então era só questão de tempo até eu ir no mar e regularizar a minha temperatura.

As orcas normalmente não tinham problemas com isso, já que conseguiam há nadar em todos os oceanos, mas comigo era diferente, eu era híbrido, meu corpo estava modificado para suportar baixas temperaturas devido ter crescido nesse ambiente, estava a tempo de mais em condições que não mudavam para poder conseguir regularizar meu calor corporal. Nadar transformado era a única possibilidade.

— É... é você mesmo. — Disse a garota que apareceu de repente a oito passos de mim, tinha acabado de entrar pela porta da frente, essa que ainda estava fechando lentamente e sozinha. — A foto não faz jus ao real. — Me encarou da cabeça aos pés.

Eu fiz o mesmo que ela, reparei no seu cabelo cacheado armado e cheio, parecia um crisântemo, não que eu tenha visto um de verdade, mas foi à associação que através da primeira impressão, além disso prestei atenção na jaqueta Jens que usava, o shorts de malha curto, a blusa de listras cor de rosa, e os inconvenientes piercings que tinha na orelha esquerda, um na boca, uma tatuagem de dragao por toda sua perna.

Olhei por tempo demais.

A menina sentou ao meu lado, tirou um cigarro e um isqueiro do bolso da jaqueta, olhou para o aviso de proibido fumar e fez uma careta de desgosto, devolvendo as coisas para onde estavam antes.

— Você consegue me entender? — Falou em inglês.— Sou colega de trabalho do Ezequiel, me chamo Musa,  mas pode me chamar de Mona, ou Momo, o que achar melhor. Tem gente que me chama de Moura.

— Pseudônimos?

— Uau, sim. Faz tempo que não escuto esse termo, a última vez... hum, a última vez foi quando tentei entrar para o IF da minha antiga cidade, você me fez puxar uma memória dinossaurica da mente.

Não compreendi direito, mas deixei passar.

— Eu sou Tatum, prazer.

— Eu sei. Suas cunhadas me mandaram um álbum de fotografias suas, elas devem ter te confundido com algum astro do Kpop, estão naquela faze de serem iludidas por um macho de rostinho bonito. — Ela olhou para o lado e ergueu um pouco a cabeça. — Puta merda, você é um cara enorme. Eu sei que caras da água são grandes, mas é que não vejo tantas espécies por aí, desse tamanho.

Ela não era pequena demais? Deveria ter no máximo um e cinquenta e cinco de altura.

— O Ezequiel está com o pai dele.

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