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O beijo de Yoshi me pega de surpresa.

Não só pelo fato de eu não estar esperando, mas porque, no momento em que nossos lábios se tocam, sensações boas e novas invadem meu corpo. Seu beijo é suave e lento, e posso sentir o encontro de nossas bocas com tantos detalhes que cerro as mãos. Ele tem gosto de vodca e algo doce que não consigo identificar, mas gosto. Ele suga meu lábio inferior e recomeça o beijo, acelerando de leve os movimentos.

A parte pensante do meu cérebro deixa os hormônios assumirem o controle. Eu me permito curtir o beijo, sou uma garota solteira sendo beijada por um cara lindo, não há nada de errado nisso. Yoshi me segura pela cintura, me puxando para mais perto dele e eu envolvo seu pescoço com os braços. Nunca imaginei que Yoshi beijasse tão bem.

Nossas respirações aceleram e a língua dele acaricia o canto dos meus lábios, me fazendo estremecer.

Alguém pigarreia.

E é aí que me lembro de que estamos na frente da casa, à vista de todo mundo. Me afasto de Yoshi, sem tirar as mãos de seu pescoço, e viro a cabeça para olhar quem é.

Marco.

Meu coração congela, porque ele não está sozinho.

Atrás dele, a poucos passos de distância, está Ares, com as mãos no bolso da calça e os olhos em mim.

Ai, merda.

Seu rosto tem uma expressão vazia e indecifrável.

Ele está com ciúmes?

Desapontado?

Surpreso?

Ou simplesmente não liga?

Nunca saberei a resposta só de olhar seu rosto, que não me diz nada.

Tiro as mãos do pescoço de Yoshi e as deixo cair junto à lateral do meu corpo. Ah, o destino e suas reviravoltas cruéis… quais eram as chances de Ares sair da festa bem agora? Marco me dá um sorriso divertido, com um tom provocador.

— Você não para de me surpreender.

Ares desvia o olhar e caminha em nossa direção.

— Vamos, não temos a noite toda. — O tom dele é frio, me lembra da primeira vez que conversamos.

Ares passa por mim como se não tivesse visto nada. Ele realmente não se importa.

Por que isso dói tanto?

Por que eu quero que ele se importe?

Marco me dá um último sorriso. Eles vão até o carro de Ares, que está na rua, e começam a tirar algumas caixas da caminhonete. Parece cerveja.

Yoshi segura minha mão.

— Terra chamando Raquel.

Eu paro de olhar para o estúpido deus grego e me concentro no meu melhor amigo, o garoto que acabei de beijar.

Merda. Que noite!

— Me desculpe, só… nada.

Yoshi acaricia minha bochecha.

— Se alguém tem que se desculpar aqui, sou eu.Desculpe.

Agora sei o que você sente por ele, não espero que aja como se não ligasse de uma hora para outra.

Ele ajeita os óculos e eu não posso evitar o sorriso que me invade. Yoshi é tão fofo e beija tão bem.

— Acho que podemos entrar. — Eu não quero enfrentar Ares de novo quando ele voltar com aquelas caixas.

Através da minha janelaOnde histórias criam vida. Descubra agora