— Você está bem? — pergunta Apolo assim que eu volto para seu lado. — Está toda vermelha.
Faço um esforço para fingir um sorrisinho.
— Tudo bem, só estou com um pouco de calor.
As sobrancelhas de Apolo se estreitam, quase se tocando.
— Você viu alguma coisa bizarra, não é?
Na verdade, não, só acabei de deixar seu irmão com uma ereção do tamanho da Torre Eiffel.
Apolo entende meu silêncio como um sim e balança a cabeça.
— Eu falei para o Ártemis que o salão das velas não era uma boa ideia, mas ele não me ouve. Por que ouviria? Sou só o bebezinho da família.
Noto certa amargura em sua voz doce.
— Você não é um bebê.
— Para eles, eu sou.
— Eles?
— Ares e Ártemis. — Ele suspira e toma um gole do refrigerante. — Nem meus irmãos nem meus pais me levam em consideração na hora de tomar decisões.
— Isso pode ser bom, Apolo. Você não tem responsabilidades, e como dizem as minhas tias, você precisa aproveitar esse momento da vida, já que vai ter que se preocupar com muitas coisas quando for adulto.
— Aproveitar? — Ele solta uma risada triste. — Minha vida é chata, eu não tenho amigos, pelo menos não de verdade, e na minha família sou um zero à esquerda.
— Nossa, você é jovem demais para estar tão triste.
Ele brinca com a borda de metal da lata do refrigerante.
— Meu avô diz que sou um velho no corpo de um garoto.
Ah, o avô da família Hidalgo. A última coisa que ouvi a respeito dele é que tinha sido hospedado em uma casa de repouso. A decisão havia sido tomada por seus quatro filhos, incluindo o pai de Apolo. Pela tristeza nos olhos dele, essa foi uma das tantas decisões que tomaram sem levar sua opinião em consideração.
Aquele rosto tão inocente e tão bonito não deveria carregar tanta tristeza, então me levanto e estendo a mão.
— Quer se divertir?
Apolo me lança um olhar cético.
— Raquel, não acho que… O álcool que ainda circula pelo meu corpo me dá cada vez mais coragem.
— Levanta, Lolo, é hora de se divertir.
A risada de Apolo me lembra a de seu irmão, com a diferença de que a risada de Ares não soa inocente, mas sexy.
— Lolo?
— É, esse é seu nome agora. Esquece Apolo, o menino bom e chato. Agora você é o Lolo, um cara que veio se divertir esta noite.
Apolo se levanta e me segue, nervoso.
— Aonde vamos?
Eu ignoro e o conduzo escada abaixo. Fico surpresa por não cair com esses saltos. Dirijo-me ao bar e peço quatro vodcas e uma limonada, que o barman serve na nossa frente.
— Preparado?
Apolo sorri de orelha a orelha.
— Preparado.
Antes que eu possa dizer qualquer coisa, Apolo vira uma bebida após a outra com apenas alguns segundos de diferença.
Deixando os quatro copinhos vazios, ele me olha, e observo horrorizada o garoto tentando se segurar no balcão enquanto seu corpo assimila tanto álcool de uma vez.