Não consigo acreditar que estou na porta da casa de Ares de novo, menos de uma semana depois. Ai, dignidade, não sei onde te deixei! Em minha defesa, se minha mãe perceber que não estou usando a correntinha, ela me esgana, não sem antes me obrigar a assistir a todas as novelas da noite com ela. Tortura, eu sei.
Respirando fundo, toco a campainha.
A ruiva abre a porta, parecendo um pouco agitada.
— Boa noite — cumprimenta ela cordialmente, ajeitando a saia do uniforme.
Eu apenas sorrio.
— O Ares está em casa?
— Está sim. A festa é na piscina, nos fundos, me acompanhe. — Ela dá meia-volta e caminha, entrando na casa.
Festa?
A moça me leva até a piscina, que é coberta porque deve ser aquecida, imagino.
Assim que piso lá, todos olham em minha direção, e fico superdesconfortável. Meus olhos inquietos procuram por Ares e o encontram na piscina. Ele está com uma garota nos ombros enquanto outro garoto, na frente dele, faz o mesmo.
Os quatro estão brincando de briga de galo.
É impossível não sentir ciúme da garota em cima de Ares.
É muito bonita e tem um sorriso deslumbrante. Ares se vira para ver o que todo mundo está olhando e nossos olhares se encontram; ele não parece surpreso, mas satisfeito. Está tão lindo todo molhado…
Não, foco, Raquel. Ares volta a brincar como se nada estivesse acontecendo.
Apolo me cumprimenta com um sorriso.
— Bem-vinda.
São todos amigos de Ares, mas eu também os conheço.
Eu e Apolo nos aproximamos do grupinho com três garotos.
— Pessoal, essa é Raquel.
Reconheço um deles: é o garoto de cabelos escuros que encontrei no dia em que espionei Ares no treino de futebol.
— Raquel, esses são Marco, Gregory e Luis — apresenta Apolo.
— Ah! Pode me pagar a aposta! — exclama Luis, o loiro. — Eu sabia que alguém da escola nova de Apolo viria.
Gregory resmunga.
— Cara, não acredito. — Ele tira o dinheiro do bolso e entrega a Luis.
Marco, o garoto do treino, não diz nada, apenas me lança um olhar em cumprimento. Apolo parece chateado.
— Suas apostas são péssimas. Já volto, Raquel, fique à vontade.
Gregory aponta o dedo para mim.
— Eu te daria boas-vindas, mas você acabou de me fazer perder dinheiro.
— Aprende a perder — provoca Luis, sorrindo para mim. — Bem-vinda, Raquel, senta aqui.
Não posso negar que eles são muito atraentes e que em toda a minha vida imaginei como seria me sentar com caras assim. Não são desagradáveis, mas dá para ver que gostam de provocar. Meus olhos viajam até a piscina e a garota nos ombros de Ares cai, afundando Ares com ela. Eles emergem, sorrindo um para o outro, e a garota lhe dá um breve beijo na bochecha.
Ai!
Quase posso ouvir meu coração se partir.
E, pela primeira vez, me encontro em uma encruzilhada.
Eu sempre disse que tudo na vida é uma escolha, e embora eu tenha feito algumas bem ruins, também tiveram as boas. Diante de mim, há duas opções: