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Corre…

Merda.

Merda.

Latidos atrás de nós.

Puta merda.

Deveria me exercitar.

Por que estou tão fora de forma?

Porque não faz exercícios, idiota, acabou de falar isso.

A distância, posso ver a silhueta perfeita de Ares. De repente, Marco passa por mim como um flash. Odeio jogadores de futebol.

Meu coração vai sair do peito. Dani me alcança também.

— Corra, Raquel, corra!

— Não sou — fico sem ar — o Forrest Gump!

Dani sorri.

— Eu sei, mas sempre quis dizer isso. É sério, corre!

Ela se afasta com pressa, e eu mostro o dedo do meio.

— O que você acha que eu estou fazendo?

Samy, Apolo e Joshua também me ultrapassam. Ah, não, eles também.

Sou oficialmente a última.

Estou prestes a entrar em pânico quando vejo Ares voltar para me buscar, e ele segura minha mão para literalmente me puxar logo atrás dele. Os cachorros latem muito alto, nem me atrevo a olhar para trás.

Como acabamos sendo perseguidos por quatro cachorros?

Vamos apenas dizer que foi culpa do álcool e das decisões ruins, ênfase nas decisões ruins.

Tive a brilhante ideia de estender a comemoração quando a festa na casa de Ares acabou. Meu plano era todos irmos beber na minha casa, ouvir música, mas isso não foi o bastante. Dani, aquela que chamo de melhor amiga, quis nos mostrar um lago desconhecido que ela encontrou na semana passada enquanto corria, acho. Então, óbvio, todos nós, com a cabeça cheia de álcool, permitimos que essa loucura acontecesse.

Mas o que Dani não sabia era que o lago não havia sido aberto ao público porque basicamente não é público, e sim uma propriedade privada, parte de uma chácara protegida por cães.

Foi assim que acabamos fugindo correndo para salvar nossas vidas.

Com a ajuda de Ares, pulo a cerca (que, a princípio, deveria ter nos alertado para o fato de não ser um lugar público), e deixamos os cachorros do outro lado. Caio de joelhos de um jeito dramático, meu coração latejando, na minha cabeça, em todos os lugares.

— Vou… — minha respiração é pesada — morrer.

Nem parece que Ares, Marco e Apolo acabaram de correr para salvar suas vidas, nem estão suados. Para meu alívio, Dani e Samy estão a poucos passos de mim, grunhindo, a respiração tão pesada quanto a minha. E Joshua, bom, vamos apenas dizer que Joshua está mais para lá do que para cá.

Samy mal consegue falar.

— Vou te matar, Daniela.

Dani levanta a mão.

— Eu...

Joshua nos ilumina com seu comentário.

— Isso foi incrível!

Todos nós lançamos um olhar de “mas que…?”.

Joshua passa a mão pelo rosto.

— Foi como um videogame ao vivo. A adrenalina, uau!

Tudo bem, há a possibilidade de alguns ainda estarem muito bêbados. Dani começa a gargalhar sem motivo.

Vamos riscar a possibilidade. Sim, muitos de nós ainda estão bêbados. Os olhos castanhos e gentis de Joshua se voltam para mim.

Através da minha janelaOnde histórias criam vida. Descubra agora