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Com tanto álcool percorrendo meu corpo, é muito difícil me concentrar em ser sensual.

Tenho que tentar de todas as formas, preciso me vingar de Ares. Ele já brincou comigo duas vezes, não pode sair por aí provocando almas inocentes como a minha e deixando-as cheias de desejo.

Almas inocentes… Na verdade, estou bêbada, e minha alma obcecada não é inocente, não se considerarmos as coisas que faço no escuro do meu quarto quando ninguém vê. Enrubesço ao lembrar as vezes que me toquei pensando em Ares. Em minha defesa, devo dizer que Ares é a primeira figura masculina que conheci na adolescência. É tudo culpa dele, por ter aparecido em meu campo de visão quando meus hormônios estavam nas alturas.

Fico de costas para dar a ele uma boa visão do meu corpo; não é nada espetacular, mas não faço feio e minha bunda não é de se jogar fora. O suor escorre pelo decote do meu vestido, pela minha testa e pelas têmporas. A sede aparece quase imediatamente, me fazendo lamber com frequência meus lábios secos.
Não sei quanto tempo se passou, mas, quando me viro outra vez para encará-lo, Ares não está mais na área VIP .

Meu coração quase sai pela boca enquanto eu o procuro por toda parte. Aonde será que ele foi?

Será que desceu e está vindo até mim?

Nesse caso, o que devo fazer?

Não elaborei meu plano de sedução até essa parte.

Raquel, sua idiota, sempre se metendo em brincadeiras que não sabe jogar. Isso não vai ficar assim. Decidida, volto até a escada onde está o segurança-múmia. Ele me dirige um olhar cansado.

— Área VIP.

— Eu já sei — respondo de má vontade —, mas um amigo meu está ali em cima e me disse para subir.

— Você espera que eu acredite nisso?

— É verdade, ele vai ficar irritado se souber que você está me segurando aqui. — Cruzo os braços.

— Se seu amigo quer você lá em cima, deveria vir buscá-la, não acha? Essas são as regras.

— É só um segundo — suplico, mas ele não me dá atenção.

Tento contorná-lo, mas ele me detém.

— Me solta.

Tento me desvencilhar, e o segurança reage apertando meu pulso com mais força.

— Acho que ela disse para você soltá-la. — Uma voz doce chega aos meus ouvidos.

Eu me viro, e eis que vejo Apolo Hidalgo sério e bem-vestido.

— Isso não é assunto seu — rebate o segurança em tom grosseiro.

A expressão de Apolo é gentil, mas segura.

— Um processo judicial por agressão é coisa bem grave, duvido que você consiga sair ileso.

O segurança bufa.

— Se está querendo me assustar, saiba que está fazendo um papel ridículo, fedelho.

Olho para o segurança. Por acaso ele sabe com quem está falando? Apolo tem cara de moleque, é verdade, mas é de uma das famílias mais poderosas do estado.

Apolo dá uma risada.

— Fedelho?

O segurança mantém sua postura; eu tento me soltar, mas ele me segura com mais força.

— Sim, por que você não some daqui e para de se meter onde não é chamado?

— Apolo, tudo bem, tentei subir apesar de ele ter dito que eu não podia. — Encaro o segurança. — Pode me soltar?

Através da minha janelaOnde histórias criam vida. Descubra agora