— Policial Matias. - Ouvi o rádio na viatura despertando meu devaneio, desde que sai da sala do delegado tenho ficado assim, ainda penso que não sou a pessoa certa a isso, mas como desculpa ele disse que gostava de mim e me admirava e que seria uma grande oportunidade para voltar e tomar o seu posto quando se aposentar.
— Sim? - Respondi enquanto olhava para a pista.
— Chamado dois, cinco e nove, eu estou passando o endereço tudo indica que é um feminicídio.
— A caminho. - Meu melhor amigo e parceiro Morales respondeu no meu lugar.
— Que comece a noite. - Respondi ligando a sirene da viatura.
Cerca de dez minutos já estava chegando no lugar da ocorrência com os demais policiais que ali também se encontravam, havia muito curiosos no local o que era normal naquela parte da cidade. Quando entrei com todo o cuidado vi uma menina em cima do corpo de uma mulher, ela gritava, chorava e tremia a princípio olhei ao redor e toda a situação e já pude concluir que provavelmente ele viu toda a cena pois ela também estava ferida.
— Senhorita o que aconteceu? - Morales a questionou, as vezes sinto que ele pergunta mais por curiosidade do que de fato pela situação visto que toda a cena estava bem clara e que aquela menina não passava de mais uma vitima.
— Meu padrasto esfaqueou minha mãe. - Gritou e seus olhos foram diretamente nos meus.
— Já chamei os paramédicos, você está muito machucada? - Me aproximei, ela estava em estado de choque tanto que ela não sentia que também estava ferida, demorou alguns segundos para perceber que o sangue que continha nela não era só o da mulher estendida no chão.
Com cautela eu a peguei e vi que havia uma perfuração em meu ombro, ela chorava de pânico.
Cobri ela com um lençol e levei ela até a ambulância que ali estava enquanto os paramédicos entravam para tentar salvar a outra mulher. Ela tremeu e eu no meu papel de policial ficava com ela dando suporte, nesse momento não há nada que se fala afinal de contas só ela sabe o que ela viu e o que ela passou.
— Poderia me informar seu nome? - Perguntei pressionando o seu ombro na tentativa de estancar o sangue.
— Meu nome é Zaylee. - Sussurrou. - Minha mãe, eles vão conseguir salvar? - Olhei em seu rosto e senti piedade era difícil essa profissão ainda mais em casos assim muita das vezes não fazíamos nada, nós não tínhamos nenhuma alçada para fazer alguma coisa.
— Consegue me informar qual o nome do homem que fez isso com você e com sua mãe? - Mudei de assunto, eu não poderia dar falsas esperanças para ela nem eu mesmo se quer sabia se eles conseguiriam.
— George. - Viu a medica se aproximando dela para verificar seus ombros.
— Vamos te levar no medico querida. - Informou finalmente. - Policial, o senhor irá nos acompanhar? Ou a senhorita prefere ligar para alguém?
Eu conhecia aquela paramédica, eu sai com ela na semana passada o Morales me olhou curioso, esperando alguma resposta da menina.
— Eu só tenho minha mãe. - Voltou a chorar novamente.
— Eu vou acompanhar a senhorita em uma viatura. - Informei. - Policial Morales, por favor, vamos ao hospital que a senhorita Zaylee vai ser encaminhada.
— Sim. - Ele se aproximou de mim e logo entramos na viatura.
Seguimos a ambulância e fiquei pensativo a cena que aquela menina deve ter visto não é fácil eu sinto pena e queria mesmo fazer alguma coisa por ela mas não consigo apenas posso torcer para meus colegas de trabalho prender o desgraçado e deixar por muito tempo preso. Morais também ficou em silencio era difícil ver casos assim e não se comover o feminicídio ainda é um dos crimes mais bárbaros que podem existir.
— Pensei tanto na minha esposa que nem liguei para o clima estranho que estava entre você e a paramédica. - Morales comentou assim que chegamos no hospital e vimos que a Zaylee já estava sendo atendida e bem.
— Cami e uma mulher forte não é fácil passar pelo que ela passou e seguir em frente.
— Fico pensando o que será de mim quando você mudar para Cynthiana em Kentucky.
— Ainda penso que me colocar como xerife de lá e uma loucura, sou apenas um policial e gosto do que faço aqui em Atlanta.
— Você sabe que você é o cara certo, cidade pequena e pessoas passivas pode arrumar uma namorada.
— Não penso em arrumar uma tão cedo. - Falei a verdade. - A primeira coisa que vou fazer quando chegar e pedir sua transferência.
— Qual é, você precisa conhecer pessoas novas também eu sei que sou seu melhor amigo e que você me ama mas precisamos cortar os laços.
— Não viaja. - Sorri. - Meus avós choraram quando eu falei que iria, ficaram felizes e obvio mas sei que se eles pudesse escolher não deixaria que eu fosse.
— Vinte e oito anos e apegado aos avós arrumará uma mulher fácil. - Continuou rindo. - Ainda mais se levar naquela cidade que eles chamam de fazenda, deve ter metade da Georgia só lá dentro.
— Se eu apresentar alguém aos meus avós e levar na fazenda deles você pode ter certeza que vou me casar com ela.
— Você tira todas as minhas esperanças primeiro porque você nunca ficou com alguém serio mais que três dias, segundo porque nunca namorou quem dirá casar.
Passamos a ocorrência para outros policiais e eu fui para meu apartamento, era a ultima noite naquele lugar que eu moro sozinho desde os dezoito eu amava a fazenda dos meus avós e sempre fugia para lá em todas as oportunidades mas eu amava o meu apartamento, foram muitas historias o Morales até morava comigo no inicio mas depois que ele conheceu a Camily não demorou muito para casarem eu admiro esse relacionamento deles e estimo isso para a minha vida em um futuro.
A noite passou e logo estava dentro do meu carro dirigindo a quilômetros até chegar finalmente na nova cidade em que eu ia ser xerife só de pensar que eu aceitei essa loucura me dar dor de barriga embora eu esteja com boa impressão desse lugar.
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Foi Assim Que Aconteceu - Concluído
Mistério / Suspense↪︎ Atenção, há relatos de abusos sexuais e sequestros. Se você passou por isso ou conhece alguém que passou, por favor ligue para 190 e denuncie. ↩︎ Tristan é um policial dedicado que encontrou na carreira a única forma de lidar com as sombras de s...