Capítulo XIV. O baile do equinócio

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I.

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Na capital do reino, há um templo dedicado à mãe. Está próximo ao palácio, mas é necessário atravessar uma parte da cidade para chegar até ele.

Após concluir o plano de fuga, na manhã do baile do equinócio, Izuku utiliza todo o seu poder como príncipe herdeiro para ir ao templo principal. Embora haja outro dentro do palácio, muito menor, ao qual ele tem ido todos os dias, precisa ver o outro. Não sabe quando poderá retornar ao sul após o que planeja.

Convence a si mesmo de que não é traição ao seu povo. Acredita que a única maneira de alcançar a paz é cortar a ameaça de Hisashi Midoriya pela raiz em seu território, repleto de nobres que o apoiam por convicção, medo ou benefício próprio. Ele não tem nada a oferecer que possa melhorar a situação.

Fuyumi Todoroki se oferece para acompanhá-lo, e ele aceita. Desta vez, fazem o percurso em palanquins.

É estranho. A última vez que viajou em um foi durante a viagem ao norte. Não se lembra dos soldados que o acompanharam. Todos partiram imediatamente, pois suas ordens eram não permanecer nem um momento na fortaleza dos bárbaros. Lembra-se de mover as cortinas durante toda a viagem para ver o exterior e adivinhar vales, aldeias, trechos de floresta, mas nunca a paisagem completa. Sempre faz o mesmo: dentro da cidade, adivinha casas, comércios, grandes residências onde alguns nobres ficam hospedados, ferrarias. Mais longe, também alguns estábulos.

O palanquim é, na verdade, uma gaiola.

Um lembrete de que há uma barreira entre o mundo e ele. Não pode estender a mão e tocar qualquer coisa. Não pode se inclinar para o mundo além de uma janela que lhe oferece uma visão limitada e distorcida. Estar novamente dentro de um faz com que compreenda que no norte não sente falta deles de forma alguma e que ser igual ao resto dos habitantes do palácio lhe deu mais liberdade do que nunca teve.

Não muita, é claro. A paz enjaulada não deixa de ser isso apenas por ter um rei na frente dizendo que pode fazer o que quiser. Seu pai se certificou de mantê-lo assim. A distância.

Não passa muito tempo quando sente que o palanquim desce.

— Chegamos, Alteza — diz a voz de um dos guardas.

Ele sai, e o templo da Mãe o recebe.

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Incluso em seus piores momentos, Nana Shimura foi um conforto.

Quando Kai Chisaki o segurou pelos braços e os destroçou para depois os remontar com sua magia, A Mãe estava em seus pensamentos.

Por fora, o templo não é muito surpreendente. Está no topo de escadas que devem ser subidas sem a ajuda de nenhum transporte. A ideia é que tanto nobres quanto plebeus o façam da mesma maneira.

Izuku sobe acompanhado de Fuyumi. Os soldados dizem que vão esperar do lado de fora.

De resto, é uma construção com telhado de pagode, colunas na entrada e depois um pequeno pátio interno com uma fonte que está sempre funcionando. Magia, é claro. Izuku sabe que ela tem funcionado por séculos, desde que o templo foi construído e uma sacerdotisa - cujo nome ele esqueceu, infelizmente - que também era uma bruxa fez um encantamento para que a água nunca deixasse de correr na fonte. Passando pelo pátio está o templo. Há uma figura de Nana Shimura em pedra e um tapete ao fundo. Ilustra várias cenas de sua vida.

Olhos verdes, olhos vermelhos (BAKUDEKU-Tradução)Onde histórias criam vida. Descubra agora