Capítulo XXI. A Senhora da Montanha

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I.

Eles não falam muito mais com os estranhos, que se retiram cedo. Katsuki também o faz e acaba apenas dando voltas na cama. Ele escuta quando Denki e Eijiro chegam, tentando guardar silêncio. Ele os escuta se aconchegando na outra cama. Ele ouve a voz de Denki dizer "Eu te amo" arrastando a voz depois da quantidade de álcool e depois ouve Eijiro fazer um "sh". Eles dão algumas voltas na cama antes de adormecerem. Katsuki dá voltas e em uma delas, ele os vê. Denki está com a cabeça sob o queixo de Eijiro e Eijiro o abraça entre os braços.

Katsuki só consegue pensar em Izuku vendo-os.

Na forma como as pernas do príncipe rodeiam seu corpo sempre que dormem juntos, na maneira como seus corpos procuram calor.

No final, ele acaba olhando para o teto.

Eles falarão com a Senhora da Montanha e depois estarão de volta ao seu palácio. Ele a convencerá a proteger seu território, não tem dúvidas.

Ele fecha os olhos e pensa no primeiro olhar de Izuku. Em seus dedos levantando o véu com cautela, não muito seguro do que encontraria debaixo dele. Ele pensa nos olhos verdes olhando para ele.

Eles mal mudaram em todos esses meses. Se algo, o olhar se tornou muito menos assustado e nervoso. Mas a faísca ainda está lá.

"Suponho que você também não pensou que acabaríamos nessa situação".

Ele bufa porque está falando com uma presença que não está. No final, ele acaba adormecendo e sonhando com memórias de sua mãe. Milhares de variantes de sua mãe dizendo "que o amor e a magia conquistem todas as tempestades"; cenas que nunca aconteceram, mas que sua mente insiste em lembrar como se tivessem ocorrido.

No meio de seu sonho, também aparece Izuku.

Uma parte dentro de Katsuki acredita nessa frase. O amor e a magia conquistam todas as tempestades.

///

Na manhã seguinte, eles encontram os estranhos novamente.

Nejire, a fada, se aproxima deles.

"Estão partindo?" ela pergunta.

Denki assente.

"Nós também," ela acrescenta. "Vamos explorar um pouco ao sul. Prometemos não causar danos em seu território."

Katsuki bufa e apenas assente para isso. Ele lança um olhar de relance para os outros dois, Mirio e Tamaki, que aguardam Nejire a alguns passos de distância.

"Não se esqueça, Rei Bárbaro," insiste a fada. "Que o amor e a magia conquistem todas as tempestades. A magia disse que era importante e eu acredito nela."

"Não esquecerei," ele responde, com um tom de voz que mais se assemelha a um grunhido. Não é má educação. Mas é muito cedo e Nejire ainda é uma desconhecida.

Então Nejire junta as mãos e faz uma reverência.

"Espero que nos encontremos novamente."

Katsuki responde com um aceno. Sem mais delongas, eles se despedem. Os dois grupos devem seguir seus caminhos em direções opostas.

///
A guarida da Senhora da Montanha está no alto. A chegada não é fácil, pois aqueles que desejam visitá-la devem provar ser merecedores dela. Além disso, após subir um trecho, há uma sólida barreira contra dragões. Foi erguida por uma bruxa que viveu décadas atrás, talvez séculos, com a ajuda de um dragão, já que a Senhora da Montanha exigiu que ao redor de sua caverna e guarida existisse uma barreira que impedisse os dragões de atacá-la. Eijiro sente-a antes de colidir com ela e procura um espaço grande o suficiente para pousar. Não há nenhum para sua forma de dragão, então ele começa a se transformar a meio do descenso e Katsuki e Denki têm que saltar pouco antes de ele tocar o chão.

Olhos verdes, olhos vermelhos (BAKUDEKU-Tradução)Onde histórias criam vida. Descubra agora