Capítulo XL. Eucatástrofe

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I. 

Mina está enfaixando-o. Katsuki o observa com uma carranca. 

—Que diabos aconteceu? 

—Nada grave, eu juro! Só tentei algo com a Kyoka! —Izuku se desculpa. 

Ele se sente responsável por preocupá-lo, e, obviamente, o que tinha tentado com Kyoka não funcionou. Ele passa dias procurando uma maneira de controlar sua magia. Nenhuma das ideias que Mina lhe deu funcionou, porque ela entende perfeitamente a linguagem da magia, enquanto Izuku sequer tem instinto. 

Katsuki estala a língua, visivelmente irritado, mas não diz mais nada. Ele também tem problemas com as mãos, e Izuku é gentil o suficiente para não lembrá-lo disso. Em troca, ele concede a duvidosa gentileza de só fazer gestos que Izuku interpreta como preocupação — embora por fora pareça raiva — por ele se machucar. 

—Vou dominar isso logo —insiste Izuku—, eu preciso dominar isso. 

Ele havia escolhido aquela magia que agora habitava seu corpo. Era seu dever trabalhá-la. 

—Não adianta nada se só serve para você se ferir. 

—Katsuki! —Ele evita o "Kacchan" porque não estão sozinhos, mas o tom de repreensão é óbvio. 

—Só estou dizendo… 

—Não sou fraco! 

—Eu não estou dizendo que você é fraco! 

—Parem de brigar! —interrompe Mina, que até então estava em silêncio—. O que estão fazendo… é inútil e não vai ajudar ninguém. —Ela termina de enfaixá-lo e se vira para Katsuki—. A magia é muito útil, idiota —repreende—, não se atreva a dizer que algo não presta só porque você não entende. 

—Está machucando ele! 

—Katsuki, eu estou… —Izuku tenta se defender, mas Mina o interrompe. 

—Ele vai ter que se esforçar mais! Encontrar o jeito! —diz ela, com a voz estridente e irritada—. Todos os bruxos e magos e feiticeiros fazem isso! E Izuku será capaz, eu sei! 

Izuku sorri. Ele estende sua mão enfaixada antes que Mina e Katsuki comecem uma batalha campal, para interromper a discussão. 

—Obrigado —ele diz à bruxa. Depois, seus olhos se fixam em Katsuki, que cerra os dentes, provavelmente se contendo para não dizer algo de que se arrependeria mais tarde—. Confie em mim. 

Katsuki acena com a cabeça. 

O problema com Katsuki é que ele não sabe expressar seu medo. Ele o transforma em raiva, abraços que Izuku mal consegue suportar, porque parecem ameaçar quebrá-lo ao meio, palavras veladas que não dizem o que realmente querem dizer, beijos desesperados à noite. Izuku suspeita que isso só tenha se intensificado recentemente, depois de tudo que aconteceu. Ele não pode culpá-lo. 

Katsuki segura o braço enfaixado e o beija gentilmente sobre as ataduras, mas abraça Izuku como se ele fosse desaparecer ali, deitados, na escuridão da noite. 

—Kacchan, espera… 

Izuku acha que entende. O medo. Tudo o que passaram. Todas as vezes que quase morreram. 

Katsuki não o solta. 

—Kacchan —insiste—, escute-me. 

—Não tenho permissão para ficar bravo quando você se machuca assim —queixa-se Katsuki, e algo dói dentro de Izuku—. Está bem —continua, com um toque de resignação na voz—, eu sei que você está se esforçando para controlar a magia. Mas não me peça para… 

Olhos verdes, olhos vermelhos (BAKUDEKU-Tradução)Onde histórias criam vida. Descubra agora