Capítulo VII. O guerreiro e a donzela

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I.

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Izuku o segue. Não solta sua mão. Resta apenas um roçar, mas o príncipe parece ter cuidado para não deixá-lo escapar. Suas mãos são muito mais suaves que as de Katsuki, embora também estejam cheias de calos após tantas lições de esgrima.

Ele o conduz pelos pátios, pelas escadas. Às vezes, Katsuki percebe como os olhos de Izuku se desviam para um tapete em particular, mas ele não para. Talvez outro dia possa perguntar quais são os seus favoritos e contar as histórias por trás deles. A maioria delas envolve grandes batalhas, pois a história do povo bárbaro está cheia de sangue. De erros também. Os deuses, os Sem Rosto, os condenaram por séculos quando tiraram suas terras dos Primeiros Homens. "Mas os dragões também nos tiraram as nossas!", haviam replicado os bárbaros. E os deuses também castigaram os dragões.

Ele continua caminhando com Izuku até a ala leste, até a parte onde estão seus aposentos. Praticamente ninguém entra lá, com as exceções de Mina — que se convida sozinha, ocasionalmente — e Eijiro.

Izuku esteve lá uma vez. O jantar fracassado.

Ele tentou ter um gesto com ele, compreendendo que o príncipe, por mais liberdade que lhe desse, ainda era prisioneiro dos deveres impostos por seu pai.

Katsuki o viu ficar nervoso quando reconheceu a parte do castelo em que estavam. O príncipe Izuku não tinha boas lembranças ali. Katsuki se lembra de gritar, dizer coisas ofensivas, antes que ele saísse correndo.

Ele abre a porta e o guia pela sala de estar até a varanda. Só para para tirar a coroa — o crânio do veado — da cabeça e colocá-la cuidadosamente em uma mesinha baixa próxima à saída da varanda.

É então que Izuku solta suas mãos e fica alguns passos para trás.

Ele abre as cortinas que dão para a varanda. Da primeira vez que tomaram o castelo — ele, seus pais, seu exército improvisado —, ele escolheu esse pedaço do castelo para si. Era a varanda maior — sem contar a mirante, onde até mesmo Kirishima podia pousar — e mais inacessível. Aquele palácio foi construído para ser uma dor de cabeça para os inimigos, quase impossível de ser sitiado — um cerco poderia ser mantido na parte da floresta, mas, a parte branqueada na montanha? Impossível. E os bárbaros sabiam como fugir pela parte das montanhas, como sair, como enfrentar todas as situações.

—Venha — diz a Izuku.

Ele se esforça para ser mais delicado com ele.

O príncipe Midoriya merece isso.

Izuku se aproxima lentamente, até estar em pé na varanda, sob o céu aberto. Ele olha para cima para o céu e fica observando as estrelas. Baixinho, Katsuki o ouve dizer os nomes das estrelas.

Não são muito diferentes dos que os bárbaros usam. "Hoshi" para a mais brilhante, que sempre aponta para o sul. Os bárbaros a chamavam de "Hoshi-Minami", seu nome completo. O sul, ao longo do tempo, tinha sido encurtado.

—Pensei que gostaria de vê-las sob o céu aberto — comenta Katsuki.

Então Izuku baixa o olhar e o crava nele.

—Muito obrigado, Katsuki.

—De nada. —Há uma pausa em sua voz, e as palavras que se seguem quase o pegam de surpresa—. Sua Alteza.

Izuku abre os olhos com surpresa.

—Pensei que esses títulos não fossem usados no norte — ele aponta, e com razão, porque Katsuki só se dirigiu a ele assim algumas vezes, quase todas quando ele acabara de chegar.

Olhos verdes, olhos vermelhos (BAKUDEKU-Tradução)Onde histórias criam vida. Descubra agora