Capítulo XXV. Príncipe herdeiro

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Antes de partir, eles viram o cadáver de Hisashi Midoriya. Izuku fecha os olhos dele. Seus lábios estão apertados e todos os conflitos do mundo estão em seu rosto, mas ele fecha os olhos. Depois, ele parte com o homem loiro, Hisashi Yamada, um antigo bardo de uma corte. Katsuki supõe que há toda uma história por trás, mas não pergunta. Apenas deixa que o homem de preto — chamado Shouta Aizawa — conduza o barco até o lado bárbaro do rio que separa o norte e o sul, enquanto ele vigia para que o prisioneiro não acorde. Quando finalmente podem pisar em terra, Katsuki hesita ao deixar o cadáver ali. Ele olha para trás antes de descer da embarcação.

— Arrependimentos? — pergunta Shouta Aizawa.

— Não — responde Katsuki —, mas todos os meus instintos dizem que é errado deixá-lo ali. Não é... Nem mesmo ele deveria.

—Ele tem que ficar ali. Se você mover esse cadáver, terá todo o exército do sul na sua porta e não importará que o novo rei seja seu consorte.

Katsuki pensa: "não é", mas não sabe quando verá Izuku novamente, então faz o melhor que pode para gravar os olhos verdes dele em sua mente.

Eles pisam em terra. Shouta Aizawa carrega seu prisioneiro. Katsuki suporta a dor da ferida. Caminham até que Eijiro os encontra.

[...]

Explicar como matou o Rei Hisashi Midoriya é uma das coisas mais difíceis que já fez. Não se arrepende, mas lembrar do olhar desesperado de Izuku faz com que suas pernas quase fraquejem a cada vez. Ele é breve em suas explicações e Eijiro não o força a falar mais do que pode. "Hisashi Midoriya está morto e Izuku é rei agora" deve ser suficiente.

E, como sempre que Izuku não está, a ausência dele preenche tudo. Cada respiração, cada segundo, cada momento. Ele pensa nas lágrimas de Izuku e no seu medo ao pensar que Katsuki poderia morrer. O Rei Bárbaro raramente viu uma expressão de terror tão genuína em alguém, e sempre foi no rosto dos moribundos. A voz desesperada de Izuku está cravada em sua pele. Então, ele só se agarra a um dos chifres de Eijiro e lhe ensina como segurar o outro homem. Katsuki é quem garante que o prisioneiro não acorde. Voam grande parte do dia e parte da noite. Eijiro está exausto quando pousam no mirante da fortaleza deles. Quando Katsuki desmonta, Eijiro se transforma e se encolhe como uma bola.

Ele não se move até que Denki se aproxima, com cuidado, e se agacha ao seu lado, oferecendo-lhe seu ombro para que se apoie. Katsuki os observa por um momento. Denki acaricia as bochechas de Eijiro e o enche de beijos e sorrisos.

A ausência de Izuku preenche tudo.

Katsuki sai de seu devaneio quando Lady Tsuyu se aproxima dele e não hesita em fazer a pergunta que todos têm estampada em seus rostos:

— Onde está Izuku?

Katsuki rosna.

— Precisamos conversar.

[...]

Quando ouviu as notícias, Ochako disse, referindo-se a Izuku: "Deveríamos estar ao seu lado". Então Katsuki sugeriu que fossem para o sul, se quisessem, embora não soubessem onde Izuku estava. Praticamente não chegavam notícias.

Tsuyu respondeu que não valia a pena se lançar no desconhecido daquela forma. Esperariam por notícias de Izuku, disse ela.

Ninguém o julgou quando lhes disse que sua espada havia atravessado limpidamente Hisashi Midoriya. Aquilo era guerra. Matar ou morrer. Eram coisas esperadas de guerreiros. Se pensaram algo, não disseram.

Katsuki não para de pensar naquele "deveríamos estar ao seu lado" porque ele também sente que deveria estar. Mas não pode. Se Izuku é visto por seu povo como um príncipe traidor, Katsuki é a personificação do inimigo.

Olhos verdes, olhos vermelhos (BAKUDEKU-Tradução)Onde histórias criam vida. Descubra agora