Capítulo XIX. Um rei deve-se ao seu povo

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I.

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As cinzas e os restos remanescentes são enterrados nas catacumbas - pelo menos para aqueles que assim desejam. Alguns refugiados reservam suas cinzas para quando retornarem, reconstruírem suas aldeias e enterrarem seus mortos entre as raízes das árvores, fazendo placas sobre eles. Kyoka entoa novamente a canção dos guerreiros enquanto fazem isso, e Katsuki se esforça para manter uma expressão impassível. A terra revolvida é coberta por flores.

Mais tarde, eles colocarão as placas, esperando que alguém se lembre dos mortos.

É tarde da noite, frio nas catacumbas. Katsuki se cobre com a capa e se afasta por um momento dos outros. Nem todos desceram. Ochako e Tsuyu foram descansar - compreensivelmente cansadas depois do feitiço a que foram submetidas. Mina foi com elas, era hora de deixar suas feridas descansarem e talvez dedicar um tempo para curar a si mesma.

Eijiro e Denki acompanham Kyoka e o resto de seu grupo de caça.

Katsuki se afasta por um momento ao ver a placa de seus pais. Unidos na morte e na vida.

"Mitsuki e Masaru Bakugo", diz. E há uma frase escrita no dialeto que apenas Katsuki entende. "Que o amor e a magia conquistem todas as tempestades". Katsuki nem precisou pensar nisso quando seus pais morreram.

Mitsuki tinha pensado em sua morte.

"Garoto, quando eu morrer, eu sei que inscrição eu quero".

"Não importa, você não vai morrer cedo", Katsuki retrucou na época. "Você vai me atormentar para sempre!"

Naquela época, ele já era rei, já viviam no palácio, aquela fortaleza que parecia impenetrável. E a mão de Mitsuki ainda pousava em sua nuca, lembrando-o de que ele não podia deixar seu orgulho nublar sua mente. No final, ela estava certa. Katsuki pensou que seria capaz de lidar com sentar no trono. Nunca ocorreu a ele que o rei Hisashi Midoriya enviaria seus mercenários.

"De qualquer forma, você vai me ouvir, garoto!"

"Mitsuki...". A voz de Masaru sempre entre eles, como uma ponte.

"Que o amor e a magia conquistem todas as tempestades", disse Mitsuki naquela época.

Katsuki não pensou nela novamente até que, meses depois - muito cedo -, Shigaraki os matou a ambos. Não tem muito a ver com a personalidade de sua mãe. Mas talvez tenha a ver com seus ideais. Se esforça para pensar nisso do ponto de vista dela.

— O que diz ali?

É a voz de Izuku, surpreendendo-o. Ele se vira e o encontra a alguns passos de distância.

— Só se eu puder saber. —Izuku abaixa os olhos, nervoso.

— Pode —responde. Katsuki pigarreia e então traduz a frase para Izuku—. "Que o amor e a magia conquistem todas as tempestades". Não tem muito a ver com ela. Ou talvez sim. Foi escolhida pela minha mãe. E meu pai concordou.

— Assim como está escrito...?

Katsuki diz isso. As vogais soam mais duras, os sons mais guturais, mas o significado ainda está lá e talvez seja mais profundo porque é a primeira língua que ele falou e é a língua na qual Mitsuki, sua vida inteira, falou com ele, até mesmo em sonhos.

"Que o amor e a magia conquistem todas as tempestades."

Ele entende a parte do amor. Por mais que Mitsuki Bakugo nunca tenha sido o protótipo de uma mãe amorosa, ela foi uma que enfrentou a própria guerra, carnificina sem fim, para dar à luz e criá-lo. A parte da magia é mais difícil; ele tem girado em torno disso vezes sem conta sem chegar a nenhuma conclusão. Talvez dar à luz a uma criança em um território tão devastado pela morte, tão cheio de sangue, seja um ato de magia em si. Há magia na terra, Mitsuki sempre disse. "Ela nos envolve a todos, embora não possamos usá-la como bruxas e magos, ela nos embala em seu seio, permite que vivamos nela. E, acima de tudo, Katsuki, ouça-me bem, é o símbolo da liberdade". Nada controla a magia. Todos no norte sabem disso.

Olhos verdes, olhos vermelhos (BAKUDEKU-Tradução)Onde histórias criam vida. Descubra agora