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Soraya

Acordei e Simone dormia tranquilamente ao meu lado, me levantei e fui direto para o closet; com muita dificuldade consegui tirar o vestido que usava. Me olhei no espelho completamente despida e não pude deixar de imaginar como eu ficaria se engravidasse, me questionei quantas mudanças positivas e negativas eu teria em meu corpo. Fui desperta de meus pensamentos e questionamentos com uma voz rouca que veio da porta do closet, era Simone com os braços cruzados e um sorriso todo bobo no rosto.

- Se essa não é a 8° maravilha do mundo, com toda certeza é a primeira! - Falou e foi se aproximando com passos lentos, envolveu minha cintura e colou nossos corpos; que estavam separados apenas pelo fino tecido do vestido que ela usava.

- E aqui temos uma obra prima, uma GG. Bom dia Sisa! - Cortei a distância que separava nossos rostos e lhe dei um beijo.

- Uma GG? - Me perguntou franzindo o cenho, sem entender.

- Sim amor, uma grande gostosa! - Lhe dei uma piscadinha e me afastei indo em direção a minha gaveta de calcinhas, me curvei mais que o necessário porque sabia que ela estava olhando.

Simone nada disse, apenas permaneceu em silêncio; dei uma olhadinha para trás e ela me olhava sem ao menos disfarçar. Me comia com olhos e tal atenção fazia com que um calor familiar e agradável crescesse no meio das minhas pernas,mas não tínhamos tempo e muito menos estávamos preparadas para isso.

Com esses 30 dias no hospital, a depilação já não estava mais em dia; meu braço e minha perna já não tinham a mesma mobilidade devido aos ferimentos e hoje seria nossa primeira sessão de fisioterapia.

- Sisa? - Me levantei e fui andando em sua direção, sentindo seu olhar vagar por todo meu corpo nu.

- Sim, minha vida.

-Fecha a boca, limpa a baba que está escorrendo e para de me olhar assim; precisamos nos arrumar ou iremos nos atrasar para a fisioterapia.

- Ah, para de graça Thronicke. Eu estava dando só uma olhadinha! - Deu um tapinha em minha nádega e foi pegar nossas roupas para nos ajudarmos a nos vestir.

Quando estávamos prontas e abrimos a porta, demos de cara com a Leila; que vinha nos avisar que a fisioterapeuta estava lá em baixo nos aguardando. Descemos com a ajuda dela e fomos para o espaço que seria usado para a fisioterapia, confesso ter sido um pouco doloroso e complicado; mas se é o que precisamos fazer para voltar ao normal, que assim seja.

Simone acompanhou toda a minha sessão e ficou de cara feia quando a mão da fisioterapeuta encostava em mim, confesso ter achado fofo; mas agora é minha vez de assitir a dela. E para minha surpresa, estar nesse lugar agora, não é nada confortável; olhando de fora, realmente é bem desconfortável ver outra mulher tocando uma mulher que é minha. Eu estava para interromper essa sessão, quando Eliziane apareceu e disse que eu tinha uma visita; visita essa que pela cara de Elizi dava para perceber ser uma visita nada agradável.

Ela me ajudou a ir caminhando até a sala, e eu logo descobri o motivo da carranca no rosto de Eliziane; era o Carlos com um buquê de flores. Confesso ter achado meio fofo, mas assim que lembrei da minha conversa com Simone; a única coisa que veio em minha cabeça foi mandá-lo ir embora, não quero especialmente agora, que tenhamos uma briga por conta de Carlos Cesar.

- Sô, que bom te ver depois de tudo isso; como está sendo sua recuperação? - Ele veio em minha direção com o buquê e com a intenção de me dar um beijo no rosto e um abraço; fui mais rápida e o impedi esticando meu braço que agora já conseguia movimentar melhor, depois da sessão de hoje.

- Pode me cumprimentar de longe, não tem necessidade de ficar tocando em mim. E está indo bem, obrigada. - Dei um passo para trás e sinalizei para Eliziane que estava tudo bem e que ela poderia nos deixar a sós.

- E desde quando você recusa um abraço meu? Deixa de coisa Soraya, e isso aqui é para você. - Me estendeu o buquê, peguei o mesmo e o agradeci.

- Desde hoje, e não estou brincando. Já que veio ver como eu estava; está vendo que estou ótima, precisa de mais alguma coisa? - Ele me olhou e jurei ter visto um brilho estranho em seu olhar, que eu não soube decifrar o que era; mas claramente não era algo bom.

- Quanta grosseria Sô, só vim fazer uma visita e conversar um pouco; será que podemos conversar um pouco?

- Grosseria nenhuma, apenas não vejo a necessidade de tanto contato; acredito que já tenha notado que isso é algo que não agrada Simone, e se não agrada ela, claramente também não me agrada. Desde que seja rápido, preciso acompanhar a sessão de fisioterapia da Simone. - Me sentei no sofá e gesticulei para que ele se sentasse no sofá oposto ao que eu estava, e ele fez questão de ignorar e se sentar ao meu lado.

- E então, conseguiu falar com Simone sobre o que conversamos no restaurante aquele dia? - Me olhou com um sorriso de canto.

- Sim, conversamos e decidimos que a decisão é não. - Na hora seu sorriso se desfez.

- Poxa Soraya, qual é; você está brincando comigo né? - Ele colocou a mão em minha coxa e eu mais do que depressa dei um tapa e a retirei.

- Vai embora da minha casa agora Carlos Cesar, não tenho mais nada para conversar com você.

Simone

Fiquei um tanto quanto curiosa quando Eliziane veio avisar que Soraya tinha uma visita e em seu rosto estava uma expressão de desgosto, pensei por alguns instantes e decidi fazer uma pausa na sessão; fui em direção a Soraya e parei assim que vi quem era a visita e que ele estava indo sentar ao lado da minha mulher. Os observei por alguns instantes e quando vi Soraya dar um tapa naquele atrevido, decidi intervir da forma mais cínica possível; me recompus e entrei na sala.

- Cesar meu amigo, a que devemos essa visita? - Fui andando em direção a eles e Soraya estava visivelmente desconfortável.

- Ele veio apenas saber como estamos meu amor, mas já está de saída; não é Carlos Cesar? - Soraya falou e dirigiu seu olhar para ele.

- Sim, é sim.

- Pois então eu te acompanho até saída, vamos. - Apontei em direção a porta. Apertei sua mão em despedida e quando ele foi para soltar o aperto, chamei sua atenção.

- Antes de ir, só mais uma coisa.

- Que coisa? - Me perguntou e eu coloquei meu rosto bem pertinho do dele para ter certeza que Soraya não iria escutar de onde estava.

- Se encostar essas suas patas imundas na Soraya mais uma vez, eu mesma cuido de amputar elas. E não quero você dando flores para ela, eu mesma compro e dou para ela; tenho dinheiro suficiente para comprar as flores da cidade inteira se assim for da vontade dela. - Ele me olhou assutado e ficou em silêncio.

- Fui clara o suficiente ou precisa que eu desenhe?

- Foi clara, garanto que não voltará a se repetir.

- Assim espero, agora faça o que minha mulher mandou e saia dessa casa; espero nunca mais ter sua presença por aqui.

APENAS MAIS UM ROUBO - Simone e SorayaOnde histórias criam vida. Descubra agora