APENAS MAIS UM ROUBO - Simone e Soraya

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Simone

Já se passaram mais de 4 horas de cirurgia e nada de notícias da Soraya, tive que comprar o silêncio do hospital; já que o procedimento quando chega alguém com ferimento de bala, é ligar para polícia, e principalmente pelo peso do nome que a Soraya carrega. As pessoas me olhavam com um olhar de julgamento pelo fato de eu estar coberta de sangue, mas eu nem me importava, eu só queria poder vê-la viva novamente. Se passaram mais duas horas e as meninas foram liberadas e agora estavam ali comigo aguardando notícias, elas tiveram apenas alguns ferimentos de raspão, estavam todas bem e dos 4 homens que estavam com o pai de Soraya; apenas um sobreviveu e fugiu com ele. Eu já estava quase fazendo um buraco no chão de tanto andar para lá e para cá, quando finalmente um médico apareceu.

- Familiares da senhorita Thronicke?

- Sou eu, como ela está? Ela sobreviveu? – O Dr. Apenas me encarava em silêncio, fazendo com que eu tivesse uma vontade absurda de voar em seu pescoço.

- O que você é dela, senhorita...?

- Tebet, Simone Tebet. Sou esposa, agora pelo amor de Deus Dr.; como está minha mulher? - Menti? Sim, mas o importante é que em breve realmente seremos esposas.

- A senhorita Thronicke perdeu muito sangue, seu corpo por dentro estava completamente dilacerado, conseguimos conter a hemorragia, o ferimento da perna foi superficial; não atingiu nada importante. Mas ela está estável por enquanto, sua recuperação será lenta e teremos que ter paciência; no momento ela está desacordada.

- Só dela estar viva, eu já fico feliz. Obrigada por cuidar dela Dr., será que posso vê-la ou ficar como acompanhante?

- Pode vê-la, mas não posso permitir que permaneça como acompanhante no estado em que a senhorita se encontra; vá para casa trocar de roupa primeiro e quando voltar é só pegar seu adesivo de acompanhante com a moça da recepção, deixarei sua entrada autorizada.

- Só mais uma coisa, quero que deixe toda e qualquer entrada proibida ao quarto dela; nem mesmo os pais estão autorizados a entrar. E mandarei um dos meus seguranças ficarem na porta do quarto, agora por favor, vamos vê-la.

- Pode deixar senhorita Tebet, suas ordens serão seguidas à risca. Por aqui, pode me seguir. – O que o dinheiro não faz, não é mesmo?

Quando entrei naquele quarto e vi meu amor naquela situação, senti um aperto forte no peito; aquele monte de fios pendurados nela, alguns arranhões em seu rosto devido à queda no chão, aparelhos para ajudá-la a respirar, a perna grossa que tanto me chamava atenção; agora estava inchada e roxa. Eu juro que ainda irei matar aquele maldito Thronicke, e sua morte não será tão rápida quanto a de Rosângela; farei questão de torturá-lo antes que eu o mate, quero que sinta tudo o que minha doce Soraya sentiu, que sinta a dor que eu senti ao vê-la naquela situação. Segurei em suas mãos, fiz um leve carinho e deixei um beijo leve em ambas; assim como em seus lábios.

- Eu prometo que volto rápido, minha vida. – Sai do quarto com o médico e um de meus seguranças já estava me esperando lá fora; apresentei ambos e me despedi do médico. Ficando apenas eu e Rodrigo, ele é meu segurança preferido e o que confio minha vida em qualquer situação; temos uma amizade desde muitos anos e um carinho enorme um pelo outro.

- Quero que fique nessa porta e a proteja como se quem estivesse lá dentro fosse eu, não quero ninguém entrando aqui além de mim e o médico dela. Seja quem for, nem mesmo Leila, Gleise ou Eliziane; somente eu e o médico. – Ele assentiu e nos despedimos com um abraço. Fui em direção a sala de espera e lá estavam as três ansiosas por notícias.

- E aí Sisa, como ela está? - Gleise perguntou e as outras me olhavam aguardando a resposta.

- Está com alguns arranhões no rosto, usando aparelhos para respirar, tem fio pra tudo que é canto; mas está estável. Vamos, preciso tomar um banho para voltar pra cá e levar vocês para descansar; quero que fiquem na minha casa pelo menos por enquanto. - Todas assentiram, passamos na casa de cada uma para poder pegar roupas e fomos para minha casa.

Tomei um banho demorado, parece que não importava o quanto eu me lavava, o cheiro do sangue de Soraya continuava impregnado em mim. Fechei os olhos para lavar os cabelos e só me vinha na mente a imagem dela toda ensanguentada em meus braços, ainda não consigo acreditar que matei alguém que já foi tão especial para mim e tive que matá-la pelo bem da pessoa mais importante da minha vida. Terminei meu banho e afastei todos os pensamentos ruins, enquanto me enrolei em uma toalha e fui em direção ao closet.

Vesti uma roupa leve e preparei uma mala de mão com mais algumas roupas, pois tenho certeza que precisarei ficar com Soraya no hospital por mais uns dias; peguei uma roupa para ela também para quando viermos para casa e voltei para o hospital em meu carro.  Por ser madrugada, pedi que Rodrigo ficasse até o amanhecer e ele estaria liberado, sentei em uma cadeira ao lado da cama de hospital e segurei na mão da minha loira e acabei por dormir ali daquele jeito mesmo.

Acordei com um barulho na porta, era Rodrigo entrando e me avisando que em 20 minutos estava de saída; aproveitei esses minutos e fui comprar um café e um chá. Quando voltei, Rodrigo estava com um sorriso no rosto e eu fiquei sem entender o motivo, já que ele passou a noite toda em claro e ainda ajudou a limpar a "bagunça" da fábrica.

- E esse sorriso aí Rodrigo? Aceita um café? - Perguntei dando uma batidinha de leve nele com meu ombro para descontrair.

- Acho que você vai gostar de ver o que tá acontecendo aí dentro e aceito sim o café, obrigado. Já vou indo Simone, qualquer coisa você já sabe, é só ligar. - Me deu um abraço e saiu.

Fiquei extremamente curiosa com sua fala e decidi entrar para ver do que ele estava falando, quando entrei, quase deixei meu copo de chá cair com a cena que eu vi. Soraya tinha acordado, minha Soraya, meu amor, minha vida acordou! E lá estava ela sendo examinada pelo médico, seu semblante era de dor a cada vez que ele tocava em suas feridas e fazia o curativo; assim que ela me viu, abriu aquele sorriso mais lindo que eu tanto queria ver.

- Meu amor, estou tão feliz por te ver acordada! - Falei com os olhos cheios de lágrimas, esperei o médico acabar o curativo e me aproximei dela, lhe dando um abraço com todo cuidado; não queria machucá-la  ainda mais.

- E eu estou tão feliz por te ver novamente "minha esposa". - Falou me dando um sorriso e eu retribuí corada, pois o médico já deveria ter contado para ela que a acompanhante dela era a "esposa".

-Fiquei com medo de morrer, achei que nunca mais ia te ver Simone; mas o que aconteceu depois? As meninas estão bem? E meu pai?

- Calma meu bem, uma pergunta de cada vez; você ainda não pode se esforçar muito ou os pontos abrirão. E respondendo suas perguntas, 3 dos que estavam acompanhando seu pai morreram. Seu pai e o que ficou vivo, fugiram; as meninas levaram apenas tiros de raspão e estão lá em casa descansando e a Janja.... bom... Eu a matei. - Falei a última parte em um tom tão baixo que era quase inaudível.

- Vem aqui meu amor. - Me chamou e me aproximei, mesmo sentindo dor, ela fez questão de me abraçar.

- Sinto muito por isso, Sisa, não queria que tivesse matado ela por minha causa; sei o quanto ela era importante na sua vida mesmo com todos esses acontecimentos. - Apenas resmunguei um uhum e fiquei ali curtindo um tempinho no abraço dela.

Depois deixei ela descansar um pouco e fui atrás do médico, queria saber como estavam as perfurações de Soraya e quando poderíamos ir para casa; vou deixar meus negócios de lado para cuidar dela, quando ela se recuperar eu volto a ativa e colocarei ela em um cargo para me acompanhar sempre. Ele disse que teríamos que permanecer ali por pelo menos mais 3 ou 4 dias e Soraya receberia alta.

N/A: Mais um cap hj pra deixar vcs felizes, perdoem os erros; escrevi dentro do ônibus. E estou amando as interações de vcs tanto no whatsapp quanto aqui, amo vcs🫶🏼