Amanda
Seguir a maré. É o que eu estava fazendo e para a minha surpresa, Miguel estava se saindo muito bem, tão bem em seu papel que como mãe fiquei com medo de ser muito para a cabecinha dele, claro que se do mãe, eu concerteza teria que passar por um psicólogo, tanto com as crianças quanto por mim mesma.
Nossa primeira "refeição" juntos foi passada em silêncio e momentos de apreensão. J Balvin estava sentado na ponta da mesa novamente enquanto eu me sentei ao lado de Miguel. Havia algumas empregadas de roupas surradas e batidas que traziam comida para servir a mesa, além de algumas bebidas. Mas era isso, tão logo elas entravam, elas saiam. Haviam poucas mulheres ali, muito poucas.
A sala de jantar fica no andar de baixo e durante nosso trajeto pude observar vários homens, mas como adolescentes e jovens armados e vestidos com roupas de "mano". Se é que esse era o estilo do lugar. Pareciam um grupo de gostava de rapper, trap, rock ou skate. Mas eram muito novos, muito novos para estar em um lugar como aquele. Como mãe eu não poderia deixar de imaginar meus próprios filhos em um destino assim.
Como seria, se as oportunidades não fossem iguais e se eles achassem que a melhor opção fosse o tráfico? Como fugir do destino que é tão presente na comunidade? Serviços sociais e promessas, não mudariam nada. A raiz daquilo tinha que se iniciar no fundo do problema. Mas o problema só queria ganhar dinheiro, ostentar luxo son a classe nobre do país e disseminar destruição por onde passava.
Nem me movo quando Balvin coloca sua mão sobre a minha na mesa de jantar, apenas levanto meus olhos para encontrar com os seus. Eu não podia cair em seus jogos e acreditar em suas mentiras. E quanto eu saísse daqui, porque eu iria, vou somente seguir a minha vida, longe de tudo, longe dos problemas. Mas primeiro, eu quero saber a verdade.
Existem muitos pontos que não se encaixam na minha mente. Como se a minha vida tivesse até esse momento sida construída em pedaços e recortes. Eu merecia mais e faria meu próprio destino. Sairia dali.
Noite anterior.
_Preciso ir ao banheiro - informei ao encarar J Balvin encher minha taça de vinho.
_Você acabou de descer do seu quarto - ele respondeu entregando-me a taça - Achamos que está tentando fugir.
Conjugação em plural novamente. Nós. Quem somos nós? Encaro a direção de seu olhar e tento focar na alma que ele está vendo. Séria franzo minha testa. Além de um cretino sem igual ele agora tinha problemas psiquiátricos, uma pessoa como ele não daria conta de fazer tudo aquilo. Tinha algo, alguém por trás daquilo tudo. Eu precisava descobrir.
_Diga a ele que preciso ir ao banheiro - falo pro além que tinha um prato vazio e uma taça cheia na sua frente também.
J Balvin balançou a cabeça em concordância e pareceu considerar.
_Eu sabia que vocês seriam amigas. - ele sorriu caindo na gargalhada - Mas a decisão ainda é minha.
Ótimo. O além estava ao meu lado. _Mulheres tem a tendência de ficarem juntas - respondo. Mas era óbvio que eu tive muitos problemas com mulheres, algumas que eu nem queria lembrar.
_Papai - escuto Miguel dizer e a cada vez que ele dizia uma faca era cravejada bem ao fundo do meu peito- Não quero ver a mamãe fazer xixi na roupa. Eca.
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Livro 2 - Doce Redenção
FanfictionLivro 2 - É necessário ler o primeiro: Doce Tempestade. Sinopse. Amanda está vivendo a fase mais desafiante de sua vida. Ser mãe deveria vir com algum manual de "Não enlouqueça". Ter um bebé de Maluma já era um grande problema e ela podia lidar tr...