Capítulo 14

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MALUMA

Novamente eu estava no mesmo lugar isolado que da última vez. Parecia um clichê do destino. Mesmo policial, mesma delegacia, mesma cela. Não havia muito para se estar surpreso. Mas eu não me importava comigo, ou com qual fosse á razão que os policiais acusariam por ter me prendido. Minha mente voltava uma e outra vez para Amanda e a sensação que estava em meu peito não estava deixando-me confortável.

Pergunto-me uma e outra vez em como ela está, como estão os gêmeos e rezo uma e outra vez para que Deus não as desemparem – como se Deus fosse como você, culpa-me minha consciência – droga! Eu tinha que sair daqui. Quão rápido Lorenzzo poderia fazer sua mágica? Eu tinha tentado de tudo. Gritei até meus pulmões arderem, puxei as grades em uma tentativa inútil de sair daquele lugar, a aflição de não saber como estava, como estava... minha família.

_Senhor Arias – diz o policial bigodudo – Parece que você tem visita.

Limito-me a encarar o bastardo quando este abre minha sela. Eu não vou socar sua cara, porque eu preciso de informação. Já faz um longo tempo que não vejo Lorenzzo e não sei se estou extremamente aliviado de que ele veio por mim ou se estou irritado por sua falta de responsabilidade. Já  fazia quantas horas que eu estava nessa merda? Eu tinha praticamente dito a ele que eu era um líder do tráfico da Colômbia em nosso último encontro e que eu não queria ser conectado com ele, que Deus me perdoasse se alguém fizesse mal a sua família ou a ele.

Conto mentalmente as batidas do meu coração e dou um passo vacilante ao entrar na sala de visitas. Não era Lorenzzo que tinha ido visitar-me e sim, Daniela. Há um nó dentro de meu estômago e meu chão está preste a cair, eu precisava de Lorenzzo agora não dela.

_Pensei que ficaria feliz em me ver – sorriu Daniela tristemente, ela ajeita uma mecha para longe de seu rosto e fecho meus olhos para ignorar a estranha sensação que eu tenho – Parece que não somos mais os mesmos Maluma, você não consegue abrir um sorriso ao me ver.

_Daniela – suspiro com ar pesado saindo por meus pulmões – Eu tenho direito a uma só visita e eu precisa falar com meu advogado.

Seus olhos iluminam-se por um momento e logo sua expressão torna-se ainda mais triste. _Sinto muito – diz ela – Eu acabei de vir do hospital, pensei que, que você gostaria de saber noticiais...

_Você foi ao hospital – pergunto aproximando-me rapidamente da mesa, sento-me na cadeira e sou incapaz de respirar rapidamente – Amanda? Os bebês?

Sua expressão vacila por um momento e meu coração dá um batimento irregular. _Os bebês estão bem – responde ela com cuidado. Qual era o problema? – O menino é forte como um touro, ele têm os seus olhos. A menina ela...

_O que tem ela? – pergunto antes que Daniela continue.

_Faltou oxigênio no parto para a bebê Maluma, ela está entubada, os médicos dizem que ela ficará bem  e que só  precisa de um tempo – Daniela está mentindo sobre a última parte, ela nunca foi boa mentirosa.

_A verdade Daniela – peço fechando meus olhos com força, sou incapaz de segurar as lágrimas que ameaçam cair – Ela vai morrer?

_Eu quero muito saber essa resposta Maluma, mas eu não sou Deus – ela gagueja batucando seus dedos na mesa da salinha.

_O que o médico disse? – fungo engolindo em seco.

Daniela demora um tempo em me responder e quando o faz, seus olhos fogem dos meus. _O médico disse que as primeiras 72 horas são decisivas – declara Daniela.

_E Amanda? – pergunto e o semblante de Daniela paralisa-se por questão de segundos antes de retornar para o meu rosto.

_Foi um parto de risco Maluma você entende as consequências? Os riscos... – começa ela e minhas pernas levantam-se incapazes de permanecerem quietas – Ela perdeu muito sangue, entrou em várias paradas cardíacas.

_Não – grito desorientado, Amanda não, ela não tinha, não. Eu não posso ouvir, dou um muro na parede  e encosto minha cabeça  na superfície  fria.

_Os médicos não sabem ao certo o que aconteceu – continua Daniela prostergando a fala, o que só me faz visualizar a imagem mental de um caixão – Ela ainda não acordou desde o parto.

_O que? – pergunto agarrando-me ao ultimo fio de esperança, Deus tinha que conceder-me este milagre, eu faria as coisas darem certo entre nós – Amanda está em coma Maluma, os médicos não estão conseguindo uma resposta, se ela continuar assim eles optarão por desligar os aparelhos.

_Não – grito enfurecido – Eles vão continuar ligados.

_Maluma...

_Não Daniela – grito enfurecido e começo a chutar a porta de ferro – Policial!

_Você quer ficar mais um tempo aqui por denegrir propriedade privada do governo? – pergunta Daniela irritada.

_Eu preciso do meu telefonema, Lorenzzo vai garantir que eles mantenham os aparelhos de Amanda ligados enquanto eu saio desta merda de delegacia – rosno as palavras enquanto continuo a chutar a maldita porta.

_Lorenzzo está no tribunal Maluma – diz Daniela e isso me faz parar vacilante.

_No tribunal?

_Você está sendo acusado de contrabando, encontraram duzentos quilos de cocaína em seu barco no porto – que porra era essa?

_Não é minha – respondo – Isso é ridículo! Quem guarda a porra de cocaína em um barco?

_O juiz já declarou você como autor do crime Maluma, Lorenzzo está apenas tentando diminuir a pena – ouço Daniela dizer enquanto pisco confuso.

_Não é minha, eu não tenho droga nenhuma em meus barcos – respondo mas pelo seu olhar vejo que a merda já está feia – Qual é a pena mínima que Lorenzzo pode conseguir?

_Trinta anos.

Livro 2 - Doce RedençãoOnde histórias criam vida. Descubra agora