Capítulo 6

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MALUMA

_Maluma, não fique me olhando como se eu fosse um fantasma, sou apenas eu, sente-se para que possamos conversar – diz Daniela.

Meus olhos não conseguem fazer meu cérebro acreditar no que eu estou vendo. Lá está Daniela, sentada em minha poltrona, saída do céu direto para o meu inferno. O que diabos estava acontecendo? Que tipo de pesadelo estava acontecendo? O que significava tudo aquilo?

Abro minha boca um par de vezes tentando encontrar as palavras certas, as perguntas certas e obtenho um exato nada, que já está me enlouquecendo. São tantas coisas que eu quero saber, existem tantos sentimentos embargando-me neste exato momento. Raiva. Solidão. Amor. Tristeza. Como ela pode ter mentido pra mim? Fingido sua própria morte. Me deixado à beira de uma loucura. Como ela entre todas as pessoas em que eu...

_Maluma.

Daniela não tinha o direito de fazer isso comigo ela simp...

_Maluma – sussurra Daniela próxima a meu rosto.

Sua mão esquerda apoia-se em meu peito enquanto a direita segura meu rosto. Meus olhos abaixam-se para encontrar os seus e me vejo perdido em seu mundo. Por um único momento, eu esqueço meus problemas, a bagunça que é a minha vida, o fardo deixado por meu pai. Por um momento, a sensação de ser apenas ela e eu me mantém amarrado firmemente na tranquilidade, até que me vejo trocando, os profundos olhos verdes por outro par mais escuro.

Amanda.

Sinto meu corpo se afastar de Daniela e volto a ver seus olhos verdes, agora, em uma expressão triste e desamparada, como se eu a tivesse ferido. Eu devo ter dito seu nome em voz alta.

_Sei que não tenho o direito de perguntar isso – ouço-a dizer – Mas, quem é aquela garota? É Amanda seu nome? Eu sei que fiquei longe por muito tempo, eu posso esclarecer tudo o que aconteceu Maluma, talvez você já tenha me esquecido, mas meus sentimentos não mudaram. Eu amo você.

Eu amo você, ecoa sua voz em minha cabeça.

Lembro-me perfeitamente de quando escutei pela primeira vez a mesma frase, há tanto tempo atrás. Eu era apenas um menino perdido em uma rebeldia comigo mesmo, tentando sustentar minha irmã e afastá-la de meu próprio mundo caótico.

Daniela era a única pessoa que me mantinha firme, que fazia a realidade ser suportável, que mantinha o animal selvagem em mim tranquilo. Ela era a luz que iluminava a minha escuridão. Quando ela me disse que me amava eu me senti o cara mais feliz do mundo, eu tinha sorte, eu tinha tudo se eu estivesse com ela. E então, após sua morte, tudo tornou-se cinza, escuro, sem vida, o caos era pior do que antes, e então, Amanda chegou. E agora, aqui estava Daniela novamente.

_Juan – viro-me em direção á porta e encontro Diogo olhando para mim assustado – Nã-ão tive como impedi-los de vir aqui, a E-e-lite está na sa-sala.

_Carajo! – xingo e vejo pelo canto do olho Daniela saltar para longe, assustada com meu temperamento – Nós precisamos conversar, mas vai ter que ser em uma outra hora.

_Eu sei esperar – diz Daniela sorrindo tristemente para mim.

Vejo-a sentar-se novamente na poltrona e fico encarando-a por um momento. Nossos olhos se encontram por um momento e a vontade que tive de correr até ela, abraçá-la e implorar que ela não desaparecesse quando eu saísse daquela sala foi muito intensa.

_Maluma – insiste Diogo, visivelmente nervoso com alguma situação.

_Certo, estou indo.

_Maluma – chama-me Daniela quando estou saindo pela enorme porta dupla de madeira. Meu corpo para estático, esperando escutar mais de sua voz – Quanto à pergunta que lhe fiz?

Livro 2 - Doce RedençãoOnde histórias criam vida. Descubra agora