Capitulo 53

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AMANDA

Tentar tirar informação de Enzo é como tirar leite de pedra. Processo lento e meticuloso, tanto que as vezes eu me atrevo a pensar que será impossível. Ele conta o que ele quer contar e quando não; inicia músicas de marinheiros e militares carentes, faz piadas sexuais e flerta a cada 5 minutos. Se eu não soubesse o quanto ele tem um bom coração eu o acharia repugnante.

Ele deve ter uma mulher na cama por semana e não deve mandar nem um bilhete de consolação, afinal, esse tipo de homem acha que é o bilhete premiado por um dia de uma mulher. Não é como se ele não fosse, mas ele podia ser mais decente. Eu certamente repreenderia meu filho por agir assim com uma mulher. Cadê a mães desses caras? Eles não tem família?

Ele é como um adolescente sem espinhas e de porte fisico pena do UFC. Ele não parece ter a menor noção do que é manter uma conversa respeitosa e decente com qualquer ser humano que tenha uma vagina. E quando eu disse isso pra ele, ele apenas falou:

_Costumo falar livremente com mulheres que me amarram e me abandonam no primeiro encontro.

Isso me fez rir. Sério, porque tipo? Quem leva uma pessoa assim a sério?

Eu não tinha pensado muito sobre aquele dia. Nunca imaginei em dar um boa noite Cinderela em alguém. Mas também, nunca imaginei que com a minha idade eu teria metade dos problemas que eu tenho e tivesse que enganar minha própria babá - reiterando, guarda costas - para fugir de encontrar a um maníaco que por sinal me sequestrou - de novo.

Talves foi a pior coisa que eu tenha feito. Ou não - encaro Miguel abrindo os olhinhos lentamente - talves tenha sido a única chance que eu tenha tido de ter meu filho comigo de volta.

_Mamãe?

_Aqui querido - vou mancando em sua direção desesperada, o medo de perdê-lo me trazendo lágrimas. Apoiada em um galho que Enzo adaptou para mim em bengala, demoro um pouco para chegar até ele - Estou aqui querido.

_Mamãe... dói - ele sussurrou trêmulo. Vejo sua mão encostar levemente em uma de suas pernas e seus olhos se enchem de lágrimas - eu não consigo sentir minha perna.

Merda.

_Estão machucadas queridos, por isso. - acaricio seu cabelo e beijo sua testa - Quando chegarmos, um médico vai olhar e vai fazer tudo ficar bom.

É o que eu quero me apegar. Ele é apenas uma criança meu Deus.

_Isso dificulta as coisas. - informou Enzo me jogando uma barrinha de proteína - Significa que eu terei que levá-lo. Significa que a jornada de três dias podem se tornam 4 a 5 dias.

_Nos faremos isso. Posso revezar...

Ele riu._ Sejamos realistas. Você quase não está aguentando com você. Imagina levando uma criança. Mas não se preocupe. Te fiz uma promessa. E pretendo cumprir.

_Quero caminhar o máximo possível - digo com firmeza - quero sair desse inferno o quanto antes.

_Mamãe! - Miguel arregala os olhos.

_Desculpe querido.

_Estou com fome Mamãe.

Entrego-lhe minha barrinha. _É a única coisa que temos por enquanto. Mas em alguns dias farei um enorme bolo pra você. E veremos sua irmã, você vai vai querido, me desculpe, me desculpe meu amor - abraço-o da melhor forma que posso - Eu sinto tanto, me perdoe.

Livro 2 - Doce RedençãoOnde histórias criam vida. Descubra agora