Capitulo 49

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AMANDA

Eu tinha rasgado a fronha do travesseiro e enrolado ao redor de cada perna de Miguel, que ainda seguia desacordado e murmurando em seu estado febril. Seguro ele em meu colo enquanto saio atrás de Enzo, não  parando nem por um momento para perguntar  a Enzo onde estava o outro guarda, algo me dizia que eu nao iria querer saber.

A casa estava escura e o som abafado de uma festa acontecendo no primeiro andar pairava pelo ar. Como China conseguia dar uma festas com a desgraça de Balvin e a minha no mesmo dia só  me deixava  ainda mais nauseada. Ele era um homeme de sangue frio e parecia não se importar com as consequências.

_O primeiro lance pra ir pro térreo  é  o pior. Quando Marcelo der o sinal devemos agir rápido. - escuto o sussurrar de Enzo parcialmente acima das batidas do meu coração.

Eu estava ofegante e suava muito. Um deslize e estávamos provavelmente mortos. Ou o pior... estaríamos em um estado mais grave que o de Miguel. Preciso tirar meu filho daqui. Precisamos sobreviver. A imagem de Balvin salpicava minha mente de vez em quando, mas uma parte de mim, queria ter feito bem pior. Era culpa dele, desde o início.

Aperto ainda mais meu filho em meus braços enquanto encaro a imagem dos santos e anjos nas pareces, alguns pareciam burlar-se de nós e os outros causavam uma mistura de sombra e terror. Eu já havia abandonado Deus por muito tempo, mas se eu pudesse me apegar um pouco a sua infinita misericórdia - escuto a voz da minha mãe em minha mente sussurrando o quanto Deus é  bom o tempo todo - ele me ajudaria a sair daqui, fosse qual fosse o preço.

Se Deus ainda é  por nós, que ele não nos deixe cair nas armadilhas do inimigo. Eu não deveria saber melhor,  desço até o chão com Miguel em meus braços e vejo com lágrimas nos olhos o tecido da fronha avermelhado. Estava feio - engulo um soluço - meu pobre bebê, eu deveria ter pego eles na escola antes de ir tirar satisfação com Maluma, mas estava tão cega de raiva que não os coloquei em primeiro lugar.

Enzo parece ver alguma coisa que eu não posso e faz um sinal para ficarmos em silêncio. Tento manter a calma e me levanto devagar me certificando de pisar o mais devagar possível nos degrais da escada, a fim de que elas não ranjam  denunciando nossa fuga e paro subitamente quando alguns guardas passam pelos corredores  a baixo.

Vejo Enzo sinalizar um "pare" com a mão  e travo meus passos para observa-lo ir atrás dos guardas que haviam acabado de passar por nós escondidos na sombra da escadaria.

Não consigo escutar os passos de Enzo, ele desliza no corredor sem fazer um único som. É  como se ele estivesse flutuando no piso, ele é  rapido e preciso. Me aproximo um pouco mais a tempo de ver Enzo com uma seringa perfurando cada guarda que ele achava pelo corredor. Quando eles davam por si que era um ataque, Enzo já havia injetado a droga e os segurava em direção ao chão, de forma que eles não  caissem com um baque.

Ao total foram sete guardas nesse corredor. Enzo arrasta cada guarda pra uma sala e fecha-os, levando consigo suas munições. Seu colete tinha muito espaço mas ao parecer ele iria preenche-lo rapidamente.

Fazendo-me um sinal com as mãos entro no corredor e continuamos a descer os andares até o barulho da festa parecer mais alto. Se esses guardas acordassem ou se alguém os encontrassem... eu não poderia pensar nisso - aperto o corpo flacido do meu filho ainda mais junto ao peito - preciso continuar em frente.

A cozinha estava repleta de comidas e bebidas pronta para serem servidas e enzo para perto dos barris de chop, cerveja e vinho derramando um líquido  esbranquiçado  em cada um.

Livro 2 - Doce RedençãoOnde histórias criam vida. Descubra agora