Capitulo 29

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DANIELA

Você já se sentiu incapaz de tomar uma decisão?

Sabe aquele momento crucial em que você sente que tem o dever de fazer alguma coisa e não consegue pensar em nada? São nesses momentos que você se concentra em manter as batidas do seu coração compassadas (em um ritmo normal e doloroso) que sua respiração acelerada parece que explodirá os seus pulmões e nesse caso eu posso afirmar, você está tendo um ataque de pânico.

Resumidamente você terá os mesmos sintomas que eu (mãos transpirando, coração e respiração acelerados, membros inferiores travados, pupilas dilatadas e presa no inferno pois sua voz não importa o tanto que você queira gritar, ela não vai sair) e realmente espero que você nunca passe por isso.

Foi assim que eu me sentia naquele momento em que furtivamente entrei nas câmeras de segurança da Delegacia Internacional para apagar as filmagens da minha vergonha.

1- Ter roubado papel confidencial que não era parte do meu setor;

2- Ter tido um ataque de pânico com a fatalidade do ato e;

3- E estar me afundando em sorvete porque apesar de aparentar ser durona eu sou uma grande filha da puta, destruidora de lares e que deseja homens alheios. Homens alheios que não prestam.

Eu não queria olhar, mas minhas mãos eram mais rápidas do que eu. Em um momento eu estava encarando seu nome em negrito e no outro já estava relendo sua declaração. Estava afastada das minhas funções há cinco anos, mas tinha que ir a cada seis meses assinar meus papeis de saúde mental. E lá estava a bomba. Seus filhos haviam sido sequestrados (provavelmente pela máfia) e eu estava aqui, afastada do caso por ter tido envolvimento sexual com o cidadão.

Afasto meu sorvete. _Vou buscar a tequila.

Eram tantas coisas que tinham que ser relevadas e que não faziam o menor sentido. Primeiramente, eu gostaria de esclarecer algumas coisas.

A- Minha missão era me envolver com Maluma intimamente e deixa-lo preso ao sistema federal;

B- Realizei minha missão com êxito e o pobre bastardo ainda estava com problemas com a lei e;

C- Ele deveria estar em minha jurisdição porém eu fui humilhada, afastada do caso, afastada do meu trabalho, sendo obrigada a visitar um psiquiatra e tendo que ver todo o meu esforço (hoje injustificado) indo para a merda.

Com que objetivo eu me pergunto? E quem teria tanto poder para me afastar assim do meu trabalho, teria que ser alguém com patente maior e fora isso, alguém com conflitos de interesses comigo e com o caso. E infelizmente, eu só conseguia pensar em uma pessoa.

Bryan.

_Aquele cretino filho da mãe! – arremesso a garrafa semi vazia para o lado e seguro as beiradas da pia tentando controlar a minha raiva – Bryan ferrou pra mim.

Bryan ferrou pra mim.

As palavras dele ecoam em minha mente como um castigo: Brinque com o que quiser, mas se você causar problemas para Amanda, ou aos bebês, eu dou cabo de você e envio seu corpo em uma caixa para os Estados Unidos.

Por amor ou por dever ele faria aquilo?

_Aquele bastardo – rosnei socando a pia – Ele não vai tirar tudo de mim, não da maneira que esta pensando.

Amarro meu cabelo e lavo meu rosto respirando profundamente pela primeira vez naquela semana. Quando você sabe quem é o seu inimigo fica mais fácil se planejar para um ataque. E foi o que eu fiz, fiquei a noite todo pesquisando, reunindo evidencias e as coisas que eu encontrei sobre aquele cara, causariam arrepios até no próprio diabo. E foi naquele momento em que tive tantas provas de pequenos vestígios que ele deixou que peguei meu celular descartável e liguei para aquele desgraçado.

No terceiro toque ele atendeu.

_Fico imaginando que tipo de bastardo egoísta e manipulador você consegue ser quando entra no seu personagem. Por um longo tempo eu realmente acreditei – murmurei como uma vadia ouvindo sua respiração – realmente acreditei Bryan que você fosse um maravilhoso ex-seal, que não se envolvia com o exército mais, trabalha apenas para quem pagasse mais, como um gigolô da morte, mas – não consigo controlar o riso – as coisas não são assim verdade? Dado ao fato de que você não confia em ninguém fico estranhamente surpresa e feliz por você ter confiado nas pessoas erradas.

Uma respiração pesada recai sobre o telefone. Ele não ia dizer nada?

_Diga-me Bryan se envolver com a Amanda foi o seu trabalho? Manter ela sobre vigilância enquanto monitorava os passos de Maluma também? – escuto um golpe alto vindo do telefone.

_Amanda? – escuto a voz de Bryan vir de longe pelo telefone e o seguro mais apertado próximo ao ouvido.

_Eu sou o seu trabalho do exército? – ouço Amanda dizer com a voz fraca – A porra do seu trabalho?

_Mas que caralho esta acontecendo nessa casa? – escuto Maluma aproximar-se – Quem diabos está nesse telefone. Alo?

_Tenho nojo de vocês – informei ao Maluma – Até que ponto você sabe o que está acontecendo ai na Colômbia? Até em que ponto Amanda será um fantoche pra vocês dois? Quando vocês vão abrir o leque? Mafia e Exercito. Eu quero ser colocada de volta no meu trabalho em 24 horas Maluma, eu tô pouco me fudendo para a briga de cachorros que vocês estão jogando com essa pobre coitada no meio. Mas se vocês não me devolverem tudo o que me tiraram eu vou deixá-la saber.

Desliguei.

Eu me sentia no controle da situação agora, havia muitas coisas que Maluma poderia não saber, coisas que eu sabia. Como o fato de um certo par de gêmeos não serem idênticos e um dos motivos poderia ser paternidades diferentes. Eu poderia contar sobre o coma induzido. E como os mortos poderiam retornar a vida e principalmente sobre quão filha da puta aqueles dois poderiam ser.

Dizem que mentira tem perna curta. Amanda estava prestes a saber que essa frase era verdade.

Essa bomba estava prestes a explodir e eu queria ser uma mosquinha para ver que lado iria ser queimado primeiro. Maluma ou Bryan? Quando o bem e o mal parecem ser tão próximos e relativos, eu escolheria nenhum deles. 

Livro 2 - Doce RedençãoOnde histórias criam vida. Descubra agora