Capítulo 36

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A primeira  impressão que tive ao acordar foi que estava amarrada.

Minha cabeça latejava muito e eu sentia vontade de vomitar. Assim que abri os olhos uma luz forte me cegou instantaneamente. Pisco várias vezes tentando me livrar daquele ar de desespero que estava começando a me quebrar  e tento gritar, mas isso não foi possível.

Assim que gritei, senti o gosto de um pano em minha boca e o gosto amargo de rum barato.

Dessa vez eu estava em um quarto, amarrada em uma cama de dossel com  minhas pernas e braços esticados como se eu estivesse em uma cruz de Santo André.

Observo que meu corpo está parcialmente coberto e que estou vestindo uma camisola muito delicada de seda. Meus cabelos estão aparentemente escovado e pousa suave  sobre meus ombros.

Meu corpo arrepia apenas com o pensamento de que alguém tocou em mim sem meu consentimento. Alguém me despiu, me deu banho, escovou meus cabelos e me vestiu.

_Ora vejam só, quem acordou - sua voz deixou-me náuseada e em pânico.

Ele não era uma alucinação da minha mente, ele era real e me observava de uma poltrona ao lado da minha cama.

Sua mão começa a roçar levemente minha perna esquerda onde a pele estava exposta sob seu olhar. Em vão  tento afastar-me de seu toque. Mas sua mão  prende com força minha perna e com a outra livre ele me esbofetei-a antes de  sair para longe como um tornado.

_Chega! Chega! - ele parecia furioso e batia em sua própria  cabeça - Não, não, nãooo!

Com os olhos arregalados tento de várias formas me desvencilhar das amarras que me prendiam mas Balvin volta seus olhos para mim e sobe em cima de meu corpo.

Não, não, não, isso não pode estar acontecendo.

_Mi amor, shhhhh - escuto-o dizer na luxúria - Tranquilita mi vida.

Suas mãos  estão  sob meu corpo novamente e sinto minha calcinha descer por uma das pernas.

_Hmrr... ruum... - grito com lágrimas nos olhos. Tento gritar a plenos pulmões mas JB continua a fazer shhh incoerentemente.

Eu não queria pensar.

Eu não queria abrir os olhos.

Cada toque que ele ministrava em meu corpo, era mais uma violação na minha alma. 

Eu era forte, uma sobrevivente, então porque parecia que meus pedaços  estavam se espalhando aos poucos? Eu não conseguia juntá-los. Não tem sensação pior do que a impotência. Você está sozinha, contida, a mercê dos caprichos de um completo maníaco, sem poder decidir se está em perigo eminente.

Se eu estou assim e minhas crianças?

Maluma.

Ele tinha que me encontrar.

_Parece que você precisa tirar um cochilinho novamente - sorriu ele.

Mentalizei uma antiga frase que me fez dar um passo de cada vez, nos meus piores dias: "Minha vida é  um perfeito cemitério de esperanças enterradas".

Um pano é  colocado no meu nariz novamente e dessa vez encaro meu agressor e ele me retorna novamente.

Seus olhos estão dilatados, como se ele estivesse sobre efeito de drogas, áreas arroxeada em círculos profundos em suas pálpebras. E seu cabelo estava raspado de qualquer jeito. Alguns pedaços crescendo cabelo e com feridas.

Ele estava no ápice do desespero e em algum lugar de sua loucura ele olhou pra mim e por um momento eu achei que o entendia. E ele pareceu entender também.

Eu estava ficando muito sonolenta, mas o pano foi retirado de meu nariz e o lenço em minha boca também.

_Daniella? - JB perguntou acariciando meus cabelos.

_Você vai me machucar? - murmurei na minha pré-inconsciência.

Ele balançou a cabeça. _Eu nunca machucaram você baby, mas você - riu ele insanamente - Você me machucou e você planeja me machucar.

_Eu poderia ter amado você uma vez - disse a ele ainda sonolenta e ele segurou meu queixo para cima, como se esperasse que eu continuasse minha confissão - Mas eu nunca poderia confiar em você.

_Mas você confiou pior - insinuou ele saindo de cima de mim - Você está aqui hoje porque suas escolhas são péssimas.

Isso me fez rir. Talves eu também estivesse um pouco insana ultimamente.

_A questão agora não é  quem escolheu errado J Balvin - disse para ele fechando meus olhos, o sono estava  tornando-se pesado e sedutor - Mas sim quem sairá daqui vivo. Ele nunca perdoará você.

_Mas ele nunca terá você. - escuto-o dizer próximo ao meu ouvido.

_E nem você  - Sussurrei antes do sono me atingir completamente.


Livro 2 - Doce RedençãoOnde histórias criam vida. Descubra agora