Capítulo 40

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AMANDA

Acordei sentindo um pouco de frio e com uma dor na minha coxa. Meus braços e pernas não estão  mais amarrados e  um despertador toca ao meu lado sem parar.

Desligo o aparelho e sento-me na cama, analisando minha nova prisão. Um lugar bonito com cortinas e tapetes não era melhor que um galpão abandonado.

Meus punhos e tornozelos estão vermelhos e machucados por ter me debatido frequentemente nas minhas algemas. Ele era um jogador, mas eu não iria facilitar as coisas pra ele agora. Nada nesse mundo me faria enxergá-lo como outra coisa além de meu agressor e opressor.

Eu era uma mulher diferente, com uma perspectiva de vida diferente. Ele iria se arrepender de ter me encontrado em sua vida novamente. Me certificará disso - suspiro - ou eu não conseguiria?

Sem fazer movimentos bruscos encaro minhas mãos. Minhas unhas estão grandes e com o esmalte descascando desde o último dia em que vi os meus filhos. Anseio por tê-los em meus braços  novamente. Existem tantas, tantas questões em branco que minha mente não consegue pensar. Mas a primeira era - deixo meu cabelo cair para frente para que cobrisse parcialmente meu rosto - encontrar onde estavam as câmeras e analisar se existia algum ângulo falho que eu pudesse esconder algum objeto para me defender.

Segundo. Preciso conhecer o meu local. Lembro-me de Bryan dizer: " Faça do território do seu inimigo o seu campo de batalha". Eu posso estar com raiva de Bryan, mas ainda sou uma mulher racional, não posso deixar de agradecer pela formação de auto defesa que ele deu pra mim e pros meus filhos. Eu já sabia como me defender, deixaria meus medos e inseguranças para depois. Agora eu precisava ter a mente clara e objetiva.

Três  câmeras escondidas. Dentro da lâmpada no gesso do teto. Um no quadro da parede  e uma próximo  a porta. O que mais ele tinha colocado aqui? Escutas?  Eu precisaria checar as mesas e superfícies. Não confiaria minha segurança  nem por um minuto nesse cara.

Levantando-me abro a primeira porta. Um banheiro simples de mármore com uma ducha grande. A segunda porta dava para um closet e para a minha surpresa a terceira porta dava para o corredor e estava destrancada. Um teste? Para ver se eu fugiria? Avanço um passo sentindo meu coração pulsar acelerado e recuo alguns passos para trás hesitante.

Estou vestindo uma camisola muito fina o melhor seria enfrentar o que tiver adiante com calças e uma camiseta. Ficaria com a mesma roupa, esperando a primeira oportunidade de fugir. Escolho uma calça jeans e uma blusa de mangas e uma jaqueta de moletom. Era mais fácil esconder as coisas dentro de um moletom.

Coloco um par de tênis um número maior do que o meu e saio para encarar o corredor. Tem muitas portas por aqui, todos quartos vazios. Quando escuto uma voz escondo-me em uma das portas e aguardo até ouvir os passos do homem passarem.

Então tinha mais gente aqui.

Dou uma olhada pela fresta da porta e decido avançar ainda mais para o corredor. Chego a um impasse, há uma escada para subir ao andar de cima e outra para descer. A chance é  sempre ter mais pessoas no andar de baixo, então decido subir para o próximo andar.

O ambiente cheira a narguile de menta mas é  extremamente limpo. Há um carpete sobre os degraus de madeira da escada e as paredes são todas cobertas com papel de parede amarelado antigo com uns desenhos de anjinhos com trombetas em uma fila única. Que ironia - penso - como se alguém aqui fosse religioso.

Livro 2 - Doce RedençãoOnde histórias criam vida. Descubra agora