AMANDA
A primeira coisa que senti ao acordar foi o vazio. O vazio parecia preencher cada poro do meu corpo, trazendo o frio conforme eu forçava o ar em meus pulmões. Lembro vagamente do desespero, batimentos cardíacos e a dor da perda, seguida de traição. Alguém gritava algo sobre... sobre... eu não consigo me lembrar. Eu me sinto tão cansada.
Forço meu corpo pesado e luto para abrir os olhos, mas o cansaço é tanto que eu sempre desisto... sempre desisto... caindo... caindo. Como uma grande onda, eu luto para manter-me no topo, mas é tudo tão frágil que eu sempre termino por cair, afundando-me cada vez mais no profundo oceano em que eu me encontrava.
Um choro foi o que me levou ao limite. Acordo sobressaltada, um medo gelando minha espinha, há coisas prendendo-me na cama, não consigo distinguir os fios e os arranco para longe de mim. Tropeço em meus próprios pés na luta de chegar até o choro caindo ao chão algumas vezes. Luzes fortes no corredor vazio fazem meus olhos doerem e então eu vejo uma enfermeira carregando um carrinho de bebê. Sobressaltada com o barulho ela vira em minha direção, sua expressão é de medo seguido de cautela.
_Senhorita? Você está bem?
_Meu bebê – pergunto, minha garganta doe como se há muito tempo não tivesse sido usada – Me de meu bebe.
Ela afasta-se com o carrinho, sem tirar os olhos de mim. _Senhora, este não é o seu bebê.
_Onde está meu bebê – bebês... são gêmeos... As lágrimas escorrem por meus olhos, dou um passo em sua direção, fungo e limpo as lágrimas com as mãos – Eu só quero meus filhos, onde fica o berçário?
_Enfermeiros – grita ela alto fazendo-me dar um passo para trás – Enfermeiros!
Dois homens surgem no corredor e um pisca os olhos como se me reconhecesse. Ele da um passo em minha direção e eu me afasto assustada.
_Eu só quero meus bebês – digo a ele, que concordou com a cabeça como se estivesse me entendendo.
_Eu vou levar você até os gêmeos – ele sorri me tranquilizando, o vazio torna-se menor e eu vou em sua direção de boa vontade.
Eu já devia saber, que não poderia confiar em ninguém, o enfermeiro espeta uma agulha em meu braço e o mundo começa a desfocar-se novamente, todos eles mentiam pra mim, a verdade era que eu só podia confiar em mim mesma.
***
_Que horas ela vai acordar? – ouço alguém dizer irritantemente ao andar de um lado para o outro.
_Em qualquer momento – confirma o enfermeiro.
Decido enfrentar o mundo real e abro meus olhos encontrando Bryan. Ele parece pálido ao me ver. Encaro o enfermeiro com uma raiva que esta fora de mim, eu deveria enfiar uma injeção bem dada em sua bunda.
_Amanda – chama-me Bryan – Você sabe quem eu sou?
_Onde estão meus filhos Bryan? – pergunto a ele.
_Você ficou um tempo – começa ele lentamente – Você ficou um tempo... fora.
_Um tempo fora? Onde estão os meus filhos? – sento-me na cama, sentindo minha cabeça rodar.
Braços apoiam-me, o cheiro de Bryan alivia-me um pouco pela familiaridade, seus olhos me encaram seriamente suas rugas aprofundando-se com a proximidade.
_Bryan – repito – meus bebês.
_Amanda – ele senta na cama e encara o enfermeiro - Você estava em coma.
Em. _Coma? Como assim em coma?
_Seu parto foi difícil, os bebes estão bem não fique sobressaltada, mas você simplesmente não acordou após parir os pestinhas.
_Não chame meus filhos de pestinhas – defendo-os sem nem perceber – Impossível – declaro tirando o cabelo de meus olhos – Parece que foi ontem...
_Sua cabeça dói? – pergunta o enfermeiro – Sente tontura? Dormência nos membros? Visão turva?
Eu jamais diria a ele que sim, apesar que minhas pernas estavam formigando. _Não, onde estão os meus filhos?
_Estão com Maluma – Bryan comenta cautelosamente – Lá fora.
Meu coração dá uma batida sem ritmo e minha respiração se altera. _Amanda – tenta Bryan novamente – Você precisa saber que...
_Traga meus filhos imediatamente – digo a ele – Ou você trás eles aqui ou eu vou até eles.
Jogo uma perna para fora da cama e o enfermeiro vêm em minha direção. Encaro Bryan extremamente irritada, nada fazia sentido, onde estavam meus bebês? Após ganhar esta pequena batalha, Bryan sai da sala e a cabeça de Maluma aparece na porta, ele estava diferente... parecia um pouco mais musculoso, apresentava uma tatuagem no outro braço, me lembrava um mafioso russo, com barba e cabelo longo.
Seus olhos parecem um pouco úmidos e isso faz-me levantar o queixo, ele mentiu pra mim, eu não consigo me lembrar...
_Onde estão meus filhos Maluma? – pergunto, uma dor de cabeça cutucando uma parte do meu crânio.
Sem abrir a boca, Maluma ajeita seu corpo sobre a porta e encaro uma pequena mãozinha agarrada em sua perna. Maluma encara-me antes de abaixar-se e pegar o menino no colo. Bryan toma seu lado na porta carregando uma menininha de trancinhas. Os dois vestiam um conjunto parecido, branco e amarelo. O menino segurava um papel em suas mãos e a menina um pequeno buque de flores.
Engulo em seco e espero que algum deles diga-me o que esta acontecendo. O menininho era o rascunho fiel de Maluma, na verdade os dois, a menininha também era a imagem e semelhança de seu pai. Balanço a cabeça indignada, não, aquilo era uma espécie de pesadelo. Nada fazia sentido, aquelas crianças já estavam bem grandes do que um recém nascido.
_Maluma? –pergunto a espera de uma explicação.
_Amanda – diz ele aproximando-se devagar com o menino, parando a uns quatro metros da minha cama ele troca olhares com Bryan que aproxima-se também – Este é Miguel e essa princesinha aqui é Isabela, Miguel Isabela... está é a mamãe.
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Livro 2 - Doce Redenção
ФанфикLivro 2 - É necessário ler o primeiro: Doce Tempestade. Sinopse. Amanda está vivendo a fase mais desafiante de sua vida. Ser mãe deveria vir com algum manual de "Não enlouqueça". Ter um bebé de Maluma já era um grande problema e ela podia lidar tr...