Capítulo 7

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POV OLÍVIA
Em frente a uma mansão, hesitei um pouco antes de pressionar o interfone, mas decidi fazê-lo de qualquer forma. Como esperado, não recebi resposta e comecei a me perguntar como poderia entrar.
Foi então que a senhora que provavelmente trabalha por ali, abriu o portão. Enquanto caminhava, ouvi vozes alteradas de homens, olhei para a senhora novamente que estava apavorada segurando um terço nas mãos e ela apenas suplicou dizendo:
-Por favor ajuda meu patrão.
Ao chegar perto da grande piscina, observei o hall de entrega, e a porta estava escancarada. Foi então que ouvi:
-Você vai pagar caro Ortega! Vai pagar muito caro!
Daryl estava caído no chão, e dois homens o chutavam sem dó, quando gritei:
-Parem com isso! A polícia está chegando!
Não sei se estava certa, mas foi a primeira coisa que veio em minha mente. Os bandidos me encaram com ar de ameaça e saem pela porta dos fundos. Me aproximo devagar e percebo que Daryl está vivo, porém muito machucado.
O ajudo a se levantar para ir até seu quarto, e apesar do que ele fez comigo, vê-lo naquele estado não era nada agradável.
-Sabia que isso ia acontecer mais cedo ou mais tarde. – Ele diz entre gemidos.
-Você bem que mereceu! O seu comportamento foi ridículo Daryl!
A Senhora que me recebeu mais cedo, traz um kit de primeiros socorros e pede para que eu cuide dos ferimentos porque ela tem aversão a sangue.
-Au! Isso dói! – Ele afasta a cabeça reclamando.
-Sabe de uma coisa? Você merece isso, por mentir para mim e para o seu irmão. Por que você fez isso?
Daryl levanta-se com uma expressão de dor e segura sua costela enquanto geme:
-É bom ter você aqui.
Fiquei indignada com sua afirmação e respondi:
-Então você acha que estou aqui porque eu quero? Você sabe que não foi real, eu pensei que estava com Matt!
Ele ainda sorria com satisfação apesar dos cortes no rosto.
-Por que você fez isso, Daryl? - Pergunto. - Me conta de uma vez por que essa competição boba com Matt?
Ele hesita por um momento, parecendo refletir antes de falar.
-O Matt nunca vai me perdoar, e eu nunca vou perdoar você! - Exclamo, apanhando minha bolsa para sair.
Daryl me faz reconsiderar a decisão de ir embora quando começa a falar:
-No início, eu só queria provocar o meu irmão, queria que ele sentisse o que eu já senti, mas agora é tarde porquê... você me desafia, me faz confrontar meus medos e meus ideais, e isso me fascina!
Ele tenta se aproximar, mas eu me afasto.
Daryl franze a testa, senta-se em uma poltrona ao lado da cama, e se esforça para continuar falando.
-Matt sempre foi o preferido. Desde que morávamos em Porto Rico, meu irmão sempre foi o melhor, e teve a preferência. Nossa vida era uma merda, e quando viemos pra cá, foi pior ainda. Quando você é gentil, ganha alguma coisa em troca? Não! Eu nunca ganhei porra nenhuma! E pra ter o respeito das pessoas eu decidi não mostrar minhas fraquezas.
-Então é birra? Birra por Matt ser o preferido da mamãe? – Digo em tom de sarcasmo. – Você é pior do que eu pensava, quer o mal do seu irmão simplesmente porque ele é melhor do que você.
-Eu quero que ele sinta o mesmo que eu senti, quando tirou Caroline de mim.
De repente ouço os gritos do Matt ecoando pelo corredor interrompendo a conversa.
-Daryl! Eu vou te matar seu desgraçado!
Desci rapidamente as escadas, e Daryl veio lentamente atrás caminhando com dificuldade.
Liza estava com o Matt e seus os olhos estavam arregalados.
-Olívia, eu tentei de tudo, mas Matt está incontrolável. Fiquei preocupada com você e acabei contando sobre nossa conversa no telefone. – Ela explicou.
Os dois irmãos se encaravam como dois cães raivosos.
-Seu babaca! – Matt gritou com os punhos preparados para a briga.
Daryl vai descendo as escadas gemendo por conta dos ferimentos que ainda sangravam um pouco:
-Calma Matt, eu não sou surdo. A que devo a honra dessa visita inesperada?
À medida que a discussão se intensifica, Matt rebate:
-Você ainda tem coragem de curtir com a minha cara?
Daryl responde provocativo:
-A vida não tem graça quando se leva tudo a sério.
Eles continuam a discutir sobre a situação:
-Eu pedi para deixar Olívia longe das suas confusões Daryl! Que merda você fez?
Liza e eu assistimos à cena, incapazes de intervir, pois eles eram muito mais fortes do que nós. De repente, Daryl surpreende Matt com uma revelação chocante:
-E quando eu te pedi para não se aproximar de Caroline, você fez isso?
O Matt começa a rir na cara do Daryl dizendo que Caroline o perseguia após as lutas no ringue clandestino.
O Daryl acerta o um soco na cara do Matt, e ele vai para cima do irmão sem se preocupar com seus machucados.
-Parem com isso! – Digo entrando no meio dos dois.
Peço à Liza para retirar Daryl do local, e ela o puxa pelo braço em direção as escadas:
- Me bate de novo Matt, é isso que você sabe fazer... Quase matar as pessoas.
-Você quis subir mais do que eu naquele ringue irmão! - Matt finaliza.
Dei um passo à frente, bloqueando o caminho de Matt, e coloquei minhas mãos em seu peito. Sua expressão triste me preocupou enquanto eu encarava seu rosto, mas a curiosidade me dominou e precisei perguntar:
-Quem é essa tal Caroline?
Ele me deixa no vácuo da resposta, me fazendo outra pergunta:
-O que você está fazendo aqui Olívia? Por que sumiu daquele jeito?
-Matt, deixa eu cuidar do machucado? – Digo passando a mão em seu rosto.
-Eu estou bem. Quero saber o que você veio fazer na casa do meu irmão?
Eu me senti muito mal, como eu pude confundi-los? Se bem que Daryl usava as roupas do irmão, imitou seu jeito de agir e falar, e ainda por cima usou uma máscara de motoqueiro que cobria parte de seu rosto. Apesar de enfatizar todos esses argumentos em minha mente, a culpa tomou conta de mim ao ver Matt naquele estado.
-Matt eu preciso te contar uma coisa e não vai ser fácil.
Despedaçada, eu observo seus olhos marejados. Nunca o tinha visto assim antes. De repente, ele levanta-se para ir embora:
-Matt, por favor, me deixe explicar.
Eu suplico, mas ele apenas olha para mim tristemente, levanta-se devagar apoiando as mãos no chão e sai.
Liza concorda em me acompanhar até a casa de Matt, e durante o caminho, uma onda de emoções me atinge. Eu tento ser forte, mas as lágrimas vêm sem pedir licença. Liza percebe o meu sofrimento e segura a minha mão, sem precisar dizer nada. Ela apenas me deixa em frente ao prédio dele, alegando que precisa voltar para levar Daryl ao hospital.

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