(seis meses depois)
POV OLÍVIA
Houveram momentos em que me senti completamente exausta e, se não fosse pela dedicação de Daryl como pai e pela presença temporária de Carmem em NY, acho que teria enlouquecido. Hoje, Elena e Tatia completam 6 meses de vida e, agora que as coisas estão mais calmas em relação a elas, decidi organizar uma pequena reunião para celebrar.
Minhas pequenas bolotinhas estão cada dia mais lindas. Cada novo dia traz uma novidade com esses anjinhos, que levam tudo à boca deixando seus brinquedos molhados de baba. Risadinhas, grunhidos e brincadeiras no banho enchem nossa casa de alegria, elas são muito espertas e a cada dia, nos apaixonamos mais pelos nossos pedacinhos de vida.
Eram dez da manhã e Daryl acabara de acordar. Eu já estava de pé desde as seis com Carmem que havia chegado cedo para me ajudar com os preparativos do almoço. Fui até nosso quarto e encontrei Daryl na cama brincando com Tatia, enquanto Carmem dava banho em Elena no outro cômodo.
-Daryl, você consegue cuidar sozinho das meninas por um instante enquanto vou com Carmem ao mercado comprar algumas coisas que faltam para o almoço? Ruth deve chegar daqui a pouco e poderá te ajudar.
-Claro amor, pode ir tranquila – Respondeu Daryl, sorrindo e fazendo cócegas na barriguinha de Tatia, que soltava risadinhas encantadoras. – Nós vamos ficar bem.
Beijei sua testa e a de Tatia antes de sair do quarto. Carmem estava no banheiro, enxugando Elena com uma toalha fofa, cheia de desenhos de bichinhos, a pequena se contorcia e ria enquanto Carmem a secava.
-Carmem, vamos ao mercado agora – Anunciei. – Daryl vai ficar com as meninas por um tempinho.
-Tudo bem – respondeu Carmem, com um sorriso caloroso
POV DARYL
Tatia me encarava com aqueles pequenos olhinhos esverdeados e sorria o tempo todo com minhas palhaçadas. Depois de um tempo, ela começou a ficar impaciente e as brincadeiras não funcionavam mais, então percebi que era a hora certa para o banho divertido do papai.
Eu amo a minha vida, quero dar o máximo de carinho e aconchego para minhas filhas, ser um pai presente e amado, para que elas cresçam com a certeza de que sempre estarei por perto.
Depois de verificar se Elena dormia tranquila, preparei a pequena banheira que deixamos em nosso quarto e separei tudo que era necessário. Deitei Tatia com cuidado e tirei sua roupinha devagar. Ela fez uma pequena manha como sempre antes de entrar no banho, mas logo se acalmou quando sentiu a água morna.
-Prontinha, minha pequena - Disse, sorrindo para ela enquanto a colocava na banheira.
Tatia olhou para mim com seus olhos brilhantes e soltou um risinho encantador. A água parecia trazer uma paz instantânea, então ela começou a brincar, espirrando água com suas mãozinhas gorduchas. A cada movimento, mais risadas preenchiam o quarto, decidi pegar um dos brinquedinhos e criar pequenas histórias fazendo vozes engraçadas. Interrompi minha brincadeira com minha filha assim que ouvi passos subindo as escadas.
-Olá, Daryl.
Virei meu pescoço em direção à porta e segurei Tatia com mais firmeza para que ela não escorregasse.
-E aí, Matt, que surpresa... Chegou cedo, irmão, o almoço é só daqui a duas horas.
-Sim eu sei, mas Alejandro me ligou pedindo para vir mais cedo, ele queria falar comigo. Posso entrar? – Ele diz se aproximando com uma expressão curiosa.
-Claro que sim. – Respondi enquanto ajeitava a cabeça da bebê
Nossa, como ela está grande, só a vejo em fotos quando a Nina me mostra. – Ele diz sorrindo para Tatia, que o olha confusa e depois para mim franzindo a testa.
-Onde está a pequena guerreira? – Matt pergunta olhando ao redor.
Antes que pudesse mencionar que Elena estava dormindo, ouvimos alguns grunhidos vindos do cômodo ao lado, que rapidamente se transformaram em choro alto.
-E agora? Não posso deixar Tatia aqui sozinha! - Disse enquanto a tirava da banheira.
-Matt, você consegue pegar a Elena e trazê-la para cá?
POV MATT
Me apressei e em poucos passos já estava no quarto das gêmeas. Olhei em volta, curioso, tudo estava tão arrumado, e aquele cheirinho de bebê me dava uma sensação tão boa que cheguei até mesmo a pensar em querer filhos.
Elena ainda chorava e fiquei com certo receio de pegá-la por minha falta de habilidades. Quando me aproximei de seu berço, ela ainda esperneava, então resolvi tentar acalmá-la apenas falando com ela.
-Oi princesa. Shhh não precisa chorar, seu pai já vem te buscar.
"Meu Deus Matt, falar com um bebê? Ela nem vai te entender" pensei comigo mesmo.
Inclinei meu corpo e me abaixei um pouco, apoiando-me na beirada do berço, e Elena começou a chorar mais alto ainda.
-Ei, pequena, está tudo bem - sussurrei, com a voz suave. - O titio está aqui.
Elena parou de chorar por um momento, olhando para mim com seus olhos curiosos e brilhantes. Continuei a falar, tentando manter minha voz calma e tranquilizadora.
-Você é tão linda, sabia? - murmurei, sentindo meu coração se derreter. - Tudo vai ficar bem, prometo.
Ela soltou um suspiro profundo e embora ainda houvesse lágrimas em seus olhos, parecia um pouco mais tranquila. Estendi minha mão hesitante e deixei que ela segurasse meu dedo com sua pequena mãozinha. O toque suave e delicado fez com que eu me sentisse mais conectado a ela do que nunca.
Elena começou a choramingar de novo clamando por atenção e estufando seu pequeno tronco para que eu a pegasse no colo.
- Venha com titio princesinha, vamos ver se eu consigo! – Eu falei com as minhas mãos em seus bracinhos a pegando com cuidado.
Eu não sei como eu consegui fazer aquilo. Como eu sabia pegar um bebê? Já em meu colo, Elena me observava e sorria. Ela já ficava bem ereta e não foi tão difícil quanto eu pensei.
- Você está sorrindo porque sou parecido com seu papai bebê? – Ela me olhou sério franzindo a testa, colocou a mãozinha na boca novamente e eu pude observar uma pontinha branca em sua gengiva.
-Olha... Um dentinho.
Me senti um idiota por um instante. Elena não podia entender o que eu dizia, mas era como se ela soubesse que eu gostava dela, então segurei-a com mais confiança, sentindo uma conexão crescente entre nós.
-Você está crescendo tão rápido, pequenina - Murmurei, acariciando sua cabecinha macia.
-Matt? Minha filha está viva ainda? – Daryl fala entre risos na porta do quarto com Tatia em seus braços.
Tatia era uma princesinha graciosa também e eu já amava minhas sobrinhas. Mas tinha uma conexão incrível com Elena e eu comecei a colocar na minha cabeça que era devido ao parto difícil que presenciei e pelo fato de vê-la voltando a vida em meus braços. Deve ser por isso que eu sinto como se ela fizesse parte de mim.
POV OLÍVIA
Está muito quente em Nova York hoje; ao chegar em casa suando, e senti uma pontinha de inveja ao ver os convidados aproveitando a piscina.
-Tudo bem com as meninas, Ruth?
-Sim, Senhora. O Patrão disse que não precisava de ajuda, então vim agilizar o almoço. – Ela disse, pegando as sacolas para guardar as compras.
-Vá vê-las, Olívia, que eu vou ajudar Ruth e atender o pessoal na piscina. – Carmem disse, colocando outro avental.
-Está bem, eu vou trazer pelo menos uma delas para cá, assim fico mais tranquila.
Ao entrar em nossa suíte, ouvi o barulho do chuveiro ligado vindo do banheiro, não podia acreditar que Daryl deixou nossas filhas sozinhas, e fiquei indignada. Como ele pode?
Fui até o quarto das gêmeas e quase tive um ataque cardíaco quando vi Matt ninando Elena no colo enquanto Tatia dormia tranquilamente em seu berço. Matt me encarou surpreso e antes que eu pudesse falar, ele me interrompeu.
- Shhhh, ela está quase dormindo. – Ele sussurra enquanto balançando Elena meio desajeitado.
- Quer eu pegue Elena? – Eu digo sussurrando.
Ele balança a cabeça negativamente, me lança um sorriso orgulhoso e inclina Elena para me mostrar que ela adormeceu. Eu ajeito o berço e ele a coloca devagar para evitar que acorde, então convido Matt para sairmos do quarto delas; por um instante ele as olha admirado e me segue.
Assim que saímos do quarto, Matt me puxa pelo braço, e eu estremeço com essa atitude como se tivesse levado um choque.
Parei para ouvi-lo, mas fiquei com medo que Daryl visse essa situação no mínimo estranha.
-Olívia, elas estão tão lindas... – Disse Matt, abrindo um sorriso bobo.
Agradeci corando imediatamente e senti um frio na barriga quando olhei em seus olhos amendoados. Nem lembro qual foi a última vez que nos encaramos dessa forma.
-Será que eu posso vir aqui para ver elas de vez em quando? – ele perguntou, ainda segurando meu antebraço.
Respirei fundo antes de dizer o que eu pensava, porque não queria magoá-lo.
-Matt, eu não acho uma boa ideia você vir aqui.
Vi seus olhos murcharem no mesmo instante e fui corroída por dentro. Foi então que algo me ocorreu.
-Mas você pode combinar com Daryl, e ele pode levar elas até você. O que acha?
Matt parecia considerar minha sugestão por um momento. Ele soltou meu braço lentamente e um sorriso esperançoso voltou a aparecer em seu rosto.
-Seria ótimo. De verdade, só quero estar presente na vida delas, mesmo que de longe.
Matt se aproximou e parecia prestes a me beijar, mas um barulho no corredor me fez recuar. Embora a porta da suíte ainda não estivesse aberta, temi que Daryl pudesse aparecer a qualquer momento e então observando Matt se afastar em direção à escada, decidi ir atrás dele.
-Isso não pode se repetir, Matt! É por isso que você não deve vir até minha casa.
-Posso te fazer uma pergunta, Olívia?
Ele me encarou e senti um arrepio quando nossos olhares se cruzaram.
-Claro!
Respondi, mantendo um olho na porta com receio de que Daryl pudesse testemunhar aquela conversa.
-Você ainda sente alguma coisa por mim? - Matt perguntou.
-Matt, você sabe que...
Nesse momento, Daryl abriu a porta da suíte e nos observou com surpresa. Eu conhecia bem o seu olhar e era evidente que ele não estava contente com aquela cena.
-Está tudo bem aqui? - Pergunta ele, me abraçando por trás.
-Sim, tudo bem! - Respondo antes que algo mais pudesse ser dito. - Por que não estaria?
Daryl respira profundamente e decide não falar mais sobre o assunto. Eu também não insisto e seguro sua mão levando-o para almoçarmos enquanto as gêmeas dormem.
Durante o almoço a conversa fluía naturalmente entre todos, mas eu permanecia em silêncio, ainda desconfortável com o que havia acontecido entre mim, Matt e Daryl.
Ainda havia um pouco de comida em meu prato e antes de levar o garfo à boca, ouvi o choro das meninas através da babá eletrônica ao lado da mesa.
Daryl conversava animadamente com Enrico, e eu assenti com a cabeça me levantando para ir buscá-las. Então Matt se levantou em seguida oferecendo ajuda de forma inesperada.
- Olívia, pode terminar de comer, eu posso vê-las para você.
Liza levanta-se limpando a boca e dirige-se a Matt.
-Eu vou com você Matt.
Daryl interrompe a conversa com Enrico e encara Matt com desprezo.
-As filhas são minhas irmão, se alguém tem que cuidar delas, sou eu!
-Lydia, vem comigo. - Liza diz já indo em direção à escada.
Olhei para Carmen sem entender a atitude de Daryl com Matt, ele foi extremamente rude sem necessidade, pois Matt só queria ajudar.
-O que está acontecendo, Daryl? Eu sei que as filhas são suas e eu só queria ajudar. - Diz Matt sentando-se novamente.
Daryl levanta-se e encara Matt com um olhar furioso.
-Matt, eu vi como querias ajudar quando estavas sozinho com a minha mulher lá em cima.
Levantei-me rapidamente e fui em direção ao meu marido.
— Daryl? O que é isso? Isso é coisa que se fale? Que falta de respeito! — Exclamei, indignada.
Matt franziu a testa, balançou a cabeça negativamente e molhou os lábios antes de responder a Daryl.
— Daryl, eu não vou entrar no seu jogo, você está cego de ciúmes e eu não vou te responder como merece.
Daryl cerrou os punhos e partiu para cima de Matt, mas eu gritei para impedi-lo.
— Daryl! Se você fizer isso, eu nunca vou te perdoar! — Disse, colocando-me na frente dele.
Carmen puxou Matt pelo braço, levando-o para fora. O clima ficou pesado, e aquele almoço ficou entalado na minha garganta, então Liza e Lydia foram para a cozinha para dar as mamadeiras para Elena e Tatia, que deviam estar famintas.
Fiquei ali, no meio da sala, tentando processar o que havia acabado de acontecer. O ambiente antes acolhedor, agora estava carregado de tensão. Daryl ainda respirava fundo, tentando se acalmar, enquanto eu tentava encontrar as palavras certas para dizer.
— Daryl, precisamos conversar — Falei, tentando manter a voz calma.
Ele me olhou ainda com os olhos cheios de raiva, mas acenou com a cabeça para mostrar que estava tentando se acalmar, então Caminhamos para o escritório onde poderíamos ter um pouco de privacidade e eu fechei a porta atrás de nós, me virando para encará-lo.
— O que está acontecendo com você? — perguntei, sem rodeios.
Daryl passou a mão pelo cabelo, frustrado.
— Eu só... não suporto ver como o Matt ainda é tão próximo de você. Parece que ele sempre está aqui pronto para tomar o meu lugar.
Suspirei, tentando entender sua perspectiva.
— Daryl, isso é ridículo, ele nunca faria isso. Vocês parecem dois meninos de dez anos brigando por ciúmes bobos de duas crianças inocentes. Você precisa partilhar sua felicidade com seu irmão e pelo que vi ele ama as sobrinhas. Você queria o quê? Que ele odiasse elas? Eu estou com você, temos uma família. Por favor, coloque a cabeça no lugar e pare de ser infantil!
Senti um pequeno peso na consciência por não contar sobre o que realmente eu e Matt conversamos. Mas se eu fizesse isso, poria mais lenha na fogueira e eu não queria ver a família das minhas filhas desestruturada.
— Daryl, você quer que suas filhas cresçam vendo você se engalfinhar com Matt por ciúmes bobos? Ou você quer se dar bem com ele e dar um bom exemplo a elas, mostrando como é importante ter a amizade de um irmão?
Ele olhou pela janela, com o pensamento perdido, e em seguida me olhou com arrependimento pegando carinhosamente em minhas mãos.
— Você tem razão — Ele disse com sua voz mais suave. — Não quero que nossas filhas cresçam vendo esse tipo de comportamento.
Suspirei, aliviada por ver que ele estava começando a entender.
— Isso é tudo o que peço. -Digo.
Saímos do escritório de mãos dadas, decididos a deixar o incidente para trás. Quando voltamos para a sala, encontramos Liza e Lydia ainda cuidando das meninas. O ambiente estava mais tranquilo agora, com o som suave das gêmeas brincando com seus chocalhos.
Daryl se aproximou de mim, passando um braço ao redor da minha cintura, e eu faço um pedido inesperado que não sei se seria aceito.
- Daryl eu sugiro que você pegue Elena e Tatia amanhã bem cedo e vá visitar seu irmão. Por favor faça as pazes com ele.
Ele faz uma careta e me encara um pouco contrariado, eu sei bem como Daryl odeia ser contrariado, mas também sei que ele é capaz de tudo por nós, até mesmo fazer as pazes com Matt.
POV DARYL
Coloco os dois bebês conforto e a bolsa de fraldas no chão, em seguida, toco a campainha do apartamento de Matt e espero um pouco. Elena e Tatia estão dormindo tranquilamente, como sempre fazem quando andamos de carro. Ouço passos arrastados se aproximando da porta, escuto a chave girando e Matt abre a porta ainda bocejando. Ao me ver, ele quase fecha a porta na minha cara, mas desiste ao olhar para baixo e perceber que Elena e Tatia estão comigo.
-Posso entrar? - Pergunto, enquanto pego os bebês conforto do chão.
POV MATT
No momento em que vi minhas sobrinhas, não tive como negar a entrada do meu irmão. Porra! Isso era golpe baixo, ele sabe que eu nunca as deixaria para fora de casa. Abri a porta e o ajudei, pegando o bebê conforto de Tatia, coloquei-o em cima do sofá, e em seguida ele acomodou Elena ao lado do mesmo. Sentei na poltrona e Daryl sentou no outro sofá parecendo não saber o que dizer.
— Matt, eu vim aqui para me desculpar. Eu fui um idiota e infantil ontem — Ele disse, encostando as costas no sofá.
— Daryl, você está aqui porque Olivia te falou para vir, acertei?
— Não irmão, estou aqui por nós e por minhas filhas — Daryl disse, direcionando o olhar para as meninas que dormiam tranquilamente.
— Olha, Daryl...
— Não, Matt, me escuta. Eu não quero dar esse exemplo para Elena e Tatia. Eu quero conviver numa boa, para que elas cresçam vendo a importância da amizade entre irmãos.
Me senti culpado por sentir vontade de beijar a mulher dele ontem. Daryl tem esse poder de fazer com que eu me sinta o pior homem do mundo.
— Daryl, eu vou ser franco com você, cara — Disse, me levantando para colocar água no fogo e fazer café. — Eu não gostaria de me afastar da Elena... e é claro da Tatia. Adoro essas meninas, eu as vi nascer e vocês três são os únicos parentes de sangue que me restam.
Daryl me observou em silêncio por um momento antes de responder.
— Matt, eu entendo e Sei que você tem um carinho especial por Elena. Com certeza se fosse eu em seu lugar, também teria, afinal, ela voltou à vida em seus braços, irmão.
Até mesmo ele via que eu tinha um carinho paternal por Elena e que isso era devido a tudo que senti quando Elena reviveu em meus braços.
— Não foi fácil — continuei, enquanto a água começava a ferver. — Ver ela tão frágil, e depois sentir aquele pequeno corpo se mover de novo... foi um milagre. Eu não posso simplesmente me afastar.
— Eu sei — Disse Daryl, com um tom de compreensão e humildade. — E não quero que você se afaste. Só quero encontrar um jeito de ficar em paz.
Elena começou a se mover no bebê conforto, ela havia acordado e mexia suas perninhas para chamar a atenção. Estiquei o pescoço e olhei para o rostinho sonolento dela, que logo abriu um sorriso ao me ver.
-Será que ela pensa que sou você? - Perguntei a Daryl.
-Ah cara, não consigo dizer, talvez ela até goste você, porque Elena não costuma sorrir tanto para outras pessoas.
Daryl se levanta, pega Elena no colo e ela também sorri para ele, mas logo começa a chorar.
-Pegue a sua sobrinha Matt, eu vou preparar a mamadeira e você dará a ela - Daryl diz, tirando a mamadeira da bolsa delas.
-E-Eu? Eu não sei fazer isso, Daryl!
-Se você quer ser um tio presente, terá que aprender - Ele diz, tirando sarro de mim.
POV OLÍVIA
Eu e Carmen ficamos felizes por Daryl concordar em fazer as pazes com Matt; isso faria bem para toda a família e principalmente para Elena e Tatia.
Escutei o barulho do carro do meu marido estacionando e fui até a garagem ajudá-lo enquanto Carmen subia para preparar o banho das gêmeas.
— Então, como foi? — perguntei, abrindo a porta de trás para tirar Tatia da cadeirinha.
— Tudo bem. Combinei com Matt que vou levar as meninas para ele ver de vez em quando — Daryl disse, tirando Elena do carro.
— Sério? E por que eu sinto que você não está tão animado com isso?
— Não é isso Mi Maya.
— E o que é então? — perguntei, virando Tatia para colocá-la no carrinho.
— Nada, não. Está tudo bem.
O celular de Daryl tocou, ele passou Elena para o meu colo e se afastou para atender. Fiquei receosa, tentando afastar o pensamento de que ele estava envolvido novamente em coisas clandestinas. Acomodei Elena no carrinho duplo ao lado de Tatia e as levei para ver a vovó, que aguardava ansiosa para paparicá-las no banho.
Enquanto Carmen cuidava das meninas, fiquei pensativa observando Daryl pela janela enquanto ele falava ao telefone fazendo gestos bruscos como estivesse discutindo com alguém e eu não podia deixar de me preocupar com o que ele estava escondendo.
Depois de alguns minutos, Daryl voltou para dentro guardando o celular no bolso. Aproximou-se de mim e olhou para as meninas sendo paparicadas por Carmen.
— Está tudo bem? — Perguntei, tentando esconder a preocupação na minha voz.
— Sim, era só uma coisa do Resort — ele respondeu, colocando uma mão carinhosa no meu ombro. — Nada com que você precise se preocupar.
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Um Amor em Dois Mundos
Roman d'amourDesde criança, Olívia Price Dias sonhava em morar em Nova York. Mas foi aos seus 25 anos que ela finalmente conseguiu realizá-lo. Sua ascendência americana paterna a atraía para a cidade que nunca dorme. Há seis meses, ela deixou o Brasil para trab...