CAPÍTULO 18
POV OLÍVIA
Cheguei um pouco atrasada na casa do Daryl para o nosso jantar e fiquei surpresa ao descobrir que ele cozinha. Será que existe algo que esse homem não saiba fazer? Daryl abriu a porta apenas de toalha, com os cabelos molhados, parecia uma cena de filme, me senti dentro da série de vampiros que tanto gosto.
-Você está linda. - Ele diz vindo em minha direção.
-Não levei a sério a ideia de você fazer o jantar pelado, mas confesso que adorei ver isso.
-Eu sabia que ia gostar da surpresa. - Daryl sorriu, exibindo seu charme característico.
Enquanto guardava minhas coisas no armário da sala, pude sentir o aroma delicioso que vinha da cozinha.
-Espera só um minuto que eu vou colocar uma roupa e já volto. -Diz ele.
-Ah, mas eu achei que você ia ficar pelado! - falo fazendo um biquinho.
Daryl sorri orgulhoso de si, enquanto ele subia as escadas até o segundo andar para se arrumar, eu o observava e meu coração batia mais forte só de pensar em nossa vida juntos.
Após mais algum tempo juntos, Daryl começou a finalizar o jantar. Nunca na minha vida imaginei que veria Daryl Ortega manejando uma faca com tanta delicadeza. Ele tinha muita prática nisso, e aquelas costelinhas de porco barbecue estavam com uma ótima aparência!
-Então, Olívia, sabe cozinhar?
-Sei sim, mas só o básico e comidas brasileiras.
-Quero provar algumas delícias do seu país. Se forem como você... hummmmmm.
Rimos juntos e fui buscar os pratos para arrumar a mesa. Tudo na casa era tão elegante que dava receio de quebrar algo. Acho que minha vida com Matt seria mais simples e totalmente diferente; não estou acostumada com tanto luxo.
-Daryl? Quem te ensinou a cozinhar?
-Foi minha avó. Ela sempre quis passar todo o conhecimento que podia enquanto estava viva. Costumava dizer: "Nunca se sabe quando precisaremos... então aprendam tudo que puderem." Sempre gostei de ver ela cozinhar e ficava ansioso para provar e ver se o tempero estava bom.
-Só você aprendeu? – Pergunto
-Essa é sua maneira sutil de perguntar se o Matt sabe cozinhar?
Olho para baixo e dou um sorriso envergonhado.
-Bem, ele também sabe, mas eu cozinho melhor! – Ele diz com um sorriso brincalhão enquanto termina o prato.
-Não tenho dúvidas! – Respondo.
Abraço-o por trás em sinal de paz, não queria que nada nos atrapalhasse. Sentamos um em frente ao outro para desfrutar do jantar. Entre uma garfada e outra, trocávamos ideias sobre diversos assuntos. Compartilhei mais sobre mim e minha vida no Brasil, inclusive a perda da minha querida mãe e a relação distante com meu pai, que só aparecia quando precisava de dinheiro ou algo do tipo. Já se passava mais de um ano desde a última vez que nos falamos. Ao mencionar minha mãe, percebi que Daryl ficou visivelmente nervoso e emocionado ao mesmo tempo, o que me levou a questionar, afinal, estávamos prestes a compartilhar uma vida juntos
-O que houve com a mãe de vocês?
-Podemos falar sobre outra coisa minha flor?
-Claro que sim, mas se um dia quiser conversar conte comigo, sei como é sentir falta da mãe.
Daryl delicadamente beija minha mão demonstrando afeto, ele não queria me desapontar ao não compartilhar certos assuntos.
-Tudo bem Olívia, essa conversa não me faz bem e não quero estragar nossa noite.
Eu apenas concordo e encerro o assunto, pela forma como ele falou, era um assunto delicado que traria muita dor para ele.
-E então? Está empolgada com os preparativos para o nosso casamento?
-Uhumm - dei um gole de vinho antes de começar a falar. - Sim! Liza vai me ajudar e será minha madrinha... junto com Colin!
Ele fica sério quando menciono "Colin", mas não questiona, afinal, ele sabe de nossa amizade.
-Ah, legal. - Ele diz sem empolgação - Bem, escolhi a Carmem e o Enzo!
-Carmem e Enzo? Por que não Carmem e Alejandro?
-Porque tive uma ótima ideia, meu amor. Alejandro pode entrar com você no lugar de seu pai. O que acha? A não ser que você insista em entrar com ele, você sabe onde está agora?
-Não sei dele há muito tempo. Será que Alejandro faria isso por mim? Quero dizer, por nós?
-Com certeza meu amor.
Fiquei tão feliz com a ideia do Daryl que nem consegui mais comer, pois ele também havia terminado sua refeição, deixando apenas um restinho no prato. Mesmo querendo lavar a louça, Daryl insistiu para que a empregada cuidasse disso no dia seguinte. Com uma noite agradável, decidimos aproveitar à beira da piscina com mais uma taça de vinho.
Dobrei a barra da minha caça sentei à beira da água com Daryl ao meu lado. Aconcheguei-me em seus braços fortes enquanto continuávamos a planejar nosso futuro juntos. Daryl buscava mais aventura, mas eu preferia planejar. Após muita insistência dele, concordei em mudar para sua casa depois do casamento.
-Daryl acha que precisamos de tudo isso só para nós dois? - questionei.
-Quem disse que será apenas nós dois? - ele respondeu com um sorriso travesso.
-Como assim? - Perguntei.
-Eu quero filhos, Olívia. Nunca pensei em ser pai, mas com você quero tudo, inclusive essa casa cheia de meninas lindas como você!
-E se for menino?
-Será muito amado, mas prefiro menina!
-Ah, Daryl, nem casamos ainda e você já está pensando em filhos? - Brinquei timidamente dando-lhe um tapinha no ombro.
Depois de um beijo apaixonado para encerrar nossa adorável conversa, o celular de Daryl toca e ele se afasta para atender, logo retornando para perto de mim.
-Algum problema? – Pergunto ao notar sua expressão descontente.
-Precisarei fazer uma viagem rápida amanhã.
-Posso saber para onde?
-Los Angeles, mas será breve, assuntos de negócios.
-Daryl, são as corridas? Essas pessoas são perigosas, não quero sentir esse medo cada vez que você lida com essas coisas, você precisa parar com isso.
Ele hesita antes de responder, respira fundo e começa a falar.
-É exatamente o que vou fazer, deixar meu passado para trás porque vejo um futuro ao seu lado.
-E a Caroline, você vai vê-la?
Ele fica surpreso com minha pergunta.
-Com ciúmes, Mi Maya?
-Sim, e daí?
Ele me beija e depois se afasta.
-Olivia, não quer saber Caroline. Saiba que você é a única na minha vida.
-Tenho medo de te perder, Daryl!
-Isso nunca acontecerá. - Ele diz passando a mão em meus cabelos.
Daryl tira o celular do bolso deixa ao lado e acaba caindo na piscina, roupa e tudo.
-Vem, a água está boa!
-Você é louco! – Digo jogando água nele.
-Louco por você! – Ele diz me puxando para a piscina.
Entrelaço meus braços em seu pescoço, e apenas a luz na lua nos ilumina.
-Você é minha, apenas minha!
-Sim, Daryl, apenas sua!
No outro dia, ao chegar para mais um dia de trabalho, me deparo com Matt saindo do carro de... Nina? Sim, Nina, a nossa cabeleireira.
De repente, sinto um enjoo, algo que certamente não deveria estar sentindo. Decido então cumprimentá-los com um sorriso e seguir em frente, porém algo não estava certo dentro de mim que fazia sentir raiva de mim mesma. Meu telefone toca e nome "Carmem" aparece no identificador
<<<LIGAÇÃO INÍCIO>>>
CARMEM: Como vai Olívia?
OLÍVIA: O-Oi Carmem, nossa como você adivinhou que eu precisava falar com alguém?
CARMEM: Eu senti que você não está muito bem, aconteceu alguma coisa?
OLÍVIA: Na verdade, nesse momento realmente não estou muito bem porque quando vejo Matt... o passado ainda me assombra com sentimentos estranhos.
CARMEM: Olívia fecha teus olhos.
OLÍVIA: Ok, olhos fechados.
CARMEM: Agora pensa em tudo que viveu com o Matt e tudo que viveu e vive com Daryl.
OLÍVIA: Pensei!
CARMEM: Agora me responde, quem te fez ou faz mais feliz?
OLÍVIA: O Daryl, mas...
CARMEM: Então minha querida, está aí a sua resposta!
OLÍVIA: Carmem, você é uma pessoa maravilhosa e tem razão. Na verdade, eu preciso procurar ou emprego, não posso mais ficar aqui.
CARMEM: Olívia eu amo demais os meninos Ortega, eles merecem o melhor, mas o Matt ainda tem muito o que aprender, eu vou rezar por você ok? Siga teu coração, siga o que ele diz agora.
OLÍVIA: Com certeza eu vou.
<<<<LIGAÇÃO FIM>>>>
Carmem me fazia lembrar da minha mãe; embora eu tivesse a Liza, sentia a necessidade de conselhos de alguém mais experiente, e a nossa conexão era forte apesar da distância.
Rolei a tela do celular novamente, procurando o número do Daryl, finalmente encontrei e esperar chamar muitas vezes esperando que ele atendesse. Enquanto esperava, minha mente divagava sobre as palavras de Carmem e como elas ressoavam comigo. Quando a voz do Daryl finalmente veio do outro lado da linha, senti um misto de alívio e nervosismo.
<<<<LIGAÇÃO Início>>>>
OLÍVIA: Olá.... Daryl? .... Amor?
DARYL: Oi meu amor, está tudo bem? Que voz é essa?
OLÍVIA: Está tudo bem, estou ligando para dizer que eu te amo, e não vejo a hora de ser sua esposa, vou sair da Carter após nosso casamento, eu vou arrumar outro trabalho e....
DARYL: Calma minha linda.... Fala devagar. Isso tem a ver com Matt?
OLÍVIA: Não, não, está tudo ótimo, eu só queria te dizer tudo que estou sentindo sua falta.
DARYL: Eu também estou.
OLÍVIA: Achei que iria ficar feliz com a minha decisão. Está tudo bem? E os negócios?
DARYL: Está tudo certo, não preocupe.
OLÍVIA: Se cuide por favor.
DARYL: Você também "Mi Maya"
<<<LIGAÇÃO fim>>>>
POV DARYL ORTEGA
Eram oito horas da noite e eu estava esperando pelo Max desde as seis da tarde. Paciência não era meu ponto forte, mas eu precisava dele para me afastar de tudo isso e, o mais importante, para garantir a segurança de Olívia ao meu lado. Estava de saco cheio por esperar sem ter muito mais o que fazer no celular, levantei e fui até o final do corredor para ver se o Max estava chegando, não havia sinal dele e ao retornar, ouvi alguns ruídos de tiro.
Com as mãos nos ouvidos, resolvi me aproximar para investigar quem era o cadáver da vez. Ao chegar perto da porta de saída, consegui distinguir vozes abafadas e passos apressados. Max apareceu no corredor e caminhava em minha direção, acompanhado por três indivíduos armados que eram desconhecidos para mim. Eles riam, como se estivessem saindo de um jogo de futebol no qual o time deles saiu vitorioso.
Max limpava a pistola com um pano branco e depois de apontar a um dos capangas como forma de uma brincadeira estúpida, ele ri e pede para o cara guardar intimidando seus súditos.
-Ortega! A que devo a honra da tua visita? Eu esperava um grande agradecimento por ter salvado tua pele naquele dia!
-Obrigado! Mas tenho outros motivos para estar aqui.
-Claro, Claro, será que veio me trazer o convite de casamento?
Ele riu alto, achando que estava sendo engraçado.
-Como você sabe que vou casar?
Max se levantou, dirigiu-se à caixa de madeira sobre o luxuoso balcão, pegou dois charutos, e eu indiquei que não queria aquela coisa fedida. Porra! Não teria algo melhor para me oferecer? Tipo um Isabella's Islay ou um Macallan 1926?
-Eu sempre estou a par de tudo o que acontece com aqueles que me devem favores e trabalham para mim, Ortega.
Fiquei em silêncio, esperando o velho terminar de bancar o idiota.
-Mas diga...se não vou ser convidado, o que veio fazer aqui? Até onde sei, não tenho trabalhos ou corridas planejadas para você.
-É exatamente sobre isso que quero conversar, é que... eu quero sair, Max!
-Hahahahaha! – Ele observa-me por alguns segundos e questiona. -É sério?
Max deixa escapar mais uma risada irônica, enquanto indica aos homens para baixarem as armas que acabavam de apontar para mim.
Apesar de suas reservas morais, Max iria concordar, mas eu sabia que teria um, porém, ou alguma condição, ele fechou os punhos e veio em minha direção. Ergui meus braços, mostrando que eu estava na defensiva, Max encarou por um tempo e em seguida me deu um soco no estômago, me abaixei com uma puta dor e falta de ar.
Depois de um minuto, me levantei, ainda me recuperando da dor física, mas o que mais me incomodava era o ódio que sentia daquele filho da puta.
Balancei minha cabeça, mantendo a calma, pois era necessário mais do que nunca. No entanto, o barulho da porta sendo aberta chamou minha atenção... e reconheci Caroline que nos observava através de uma pequena fresta na porta.
-Estou ocupado minha pombinha, seja o que for, você terá que esperar! – Max informa a ela.
Eu esboço uma risada pelo apelido ridículo, pois quem chama a mulher de "pombinha"?
Disfarço meu riso rapidamente enquanto Caroline fecha a porta bem devagar.
-Bem, o Sr. Ortega pensa que pode nos deixar na mão, porque vai se amarrar!
-Eu só entrei nesse mundo por necessidade de dinheiro, Max! Você conhece muito bem minhas razões. – Expresso, esperando por um pouco de compreensão dele.
- Você tá cuspindo no prato que comeu, Daryl Ortega! Tá cuspindo na minha cara, você tem uma vida luxuosa graças a mim, porque você era um coitado quando chegou em NY.
-Eu conquistei meu lugar, Max! Não foi de graça! Você sabe que nunca perdi uma corrida, exceto pelo incidente com o cretino irmão do Marcus.
Ele parece pronto para falar, mas eu pretendo deixar claro que não posso ser controlado.
-Max, entendo seu receio de perder sua posição ou de surgir um rival, mas eu não quero isso, cara, vou me casar, quero formar uma família e me afastar disso tudo.
Max apagou o charuto, indicou que os outros saíssem da sala e da porta gritou por Caroline, por mais que eu tentasse, não consegui discernir a conversa deles ainda na porta entreaberta.
Por que Caroline está envolvida nisso? Qual a importância dela para a decisão?
O desgraçado coloca mais um charuto fedorento na boca e me entrega outro. Se eu queria alguma coisa do Max tinha que entrar na dele, até mesmo suportar aquela nuvem de fumaça.
- A única coisa que eu tenho pra te oferecer é um acordo, é pegar ou largar. Aceita? – Ele diz.
- Como eu vou aceitar alguma coisa, que eu nem sei o que é?
- Aceita ou não? – Max insiste.
Desvio rapidamente meus olhos para Caroline, que está me encarando com um olhar desesperador, ela faz um discreto sinal de sim com a cabeça, e não sei o porquê, mas meus instintos mandaram eu confiar naquela vaca.
- Aceito! – Digo estendendo a mão para o velho asqueroso que não retribui imediatamente.
- Bem Ortega, você vai ficar me devendo um favor, vai fazer sem questionar e quando eu pedir. Pode ter certeza que eu vou precisar, e quando você cumprir com êxito vai ficar livre.
- Mas como assim quando você precisar, eu pretendo casar e ter filhos, uma família! Fale agora o que eu tenho que fazer e vou embora da cidade.
- Caroline? – Ele virou a cadeira na direção dela.
- Eu estou falando grego aqui?
Ela sinaliza com a cabeça que não, então Max saca um revólver que estava embaixo da mesa, apontando o cano na minha cabeça.
- Se eu tiver que explicar mais uma vez Ortega, eu estouro seus miolos aqui mesmo, aí a sua noivinha vai ficar viúva antes mesmo de casar! Será que agora você consegue entender e aceitar nosso acordo?
Respirei fundo, sentindo a morte sentada do meu lado e sinalizei que sim com a cabeça. Max guardou a arma na cintura e levantou me estendendo a mão.
- Claro que sim, eu costumo cumprir com a minha palavra Max!
- Mais uma coisa Ortega, se você: Fugir, me trair, desaparecer, tentar me matar ou qualquer coisa do tipo, você sabe que eu acho você, teu irmão, tua noiva e até teus amigos lá em Porto Rico, e mato todo mundo, entendeu? Eu tenho gente escondida por todo canto, você não faz ideia.
- E se você ou alguém tentar qualquer coisa contra a minha noiva ou meu irmão, eu mato o filho da puta entendeu? E quanto nosso acordo, você tem minha palavra.
- Mais um detalhe Ortega, ninguém pode saber disso! Somente eu você e Caroline. Pra todos os efeitos você não conseguiu um acordo e continuará trabalhando pra mim ok? Uma hora o povo esquece!
- Eu já entendi.
Entro no carro e ouço o toque do celular que estava com um fio de bateria, era Olívia a cura de todas as dores da minha vida. Ele me pergunta se está tudo bem e mais uma vez eu sou um canalha e minto para ela dizendo que sim, que havia resolvido tudo, porque o medo de ela desistir de nós é maior do que tudo. Eu preferia perder minha própria via a perder Olívia.
Vou direto para o hotel fazer minha mala, eu não aguento mais ficar nessa cidade podre, eu odeio Los Angeles. Talvez, eu me preocupe somente com meu smoking a partir de agora, pois Max não era louco de cortar sua ordem de anos e fazer uma merda, se eu concordei com tudo, eu vou cumprir e deixar as coisas como estão. Eu preciso cumprir com esse acordo para proteger todo mundo, até mesmo Matt, porque apesar de tudo, eu não desejo a morte dele. E a minha vida? Bem a minha vida valia pouco, mais ainda sim valia alguma coisa.
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Um Amor em Dois Mundos
RomanceDesde criança, Olívia Price Dias sonhava em morar em Nova York. Mas foi aos seus 25 anos que ela finalmente conseguiu realizá-lo. Sua ascendência americana paterna a atraía para a cidade que nunca dorme. Há seis meses, ela deixou o Brasil para trab...