Capítulo 23

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POV OLÍVIA
"Passageiros com destino ao Rio de Janeiro, por favor dirijam-se ao portão dez para embarque imediato."
-Vamos Mi Maya! É esse aí!
Quase deixei cair meu cappuccino de tão surpresa que fiquei, pois Daryl fez suspense o tempo todo sobre nosso destino de lua de mel.
-Brasil!!!!!! Sério Daryl??? Meu Deus que incrível! - Disse, pendurando-me em seu pescoço.
Minha mente começou a imaginar todas as aventuras que nos aguardavam. Estava com saudade da minha terra, e estar ali com Daryl tornava tudo ainda mais especial.
-Você pensou em tudo, não foi? - Perguntei, ainda em êxtase.
-Esperei tanto por este momento, queria que fosse perfeito para nós - respondeu ele, com um sorriso carinhoso. A viagem que tanto queríamos estava prestes a começar, e eu não poderia estar mais feliz. O embarque foi rápido, e logo estávamos acomodados em nossos assentos, prontos para decolar rumo ao nosso paraíso tropical.
Daryl me passou o roteiro da nossa viajem pelo Rio e Nordeste, fiquei pasma de como ele havia planejado tudo nos mínimos detalhes sem que eu percebesse.
- Você fez esse roteiro sozinho?
Ele me olha com aquele típico sorrisinho de lado.
- Digamos que eu tive ajuda de uma fada madrinha chamada "Liza"
- Ahhh Liza! Então vocês me enganaram esse tempo todo.
Ele deposita um beijo suave em meus lábios dizendo:
- Eu sabia que você queria e eu faço tudo por você. 
Há anos eu não tinha crises de estômago, mas agora, no meio do voo para nossa lua de mel, o desconforto voltou com força total. Fiquei assustada com a possibilidade de sofrer novamente com esses problemas e preocupada porque poderia ser uma má companhia para Daryl, que estava muito preocupado comigo.
-Olívia, pode deixar que eu vou pedir o remédio para você — Disse ele, com um tom calmo e protetor.
Assim que colocou o comprimido em minhas mãos, engoli com um gole d'água, sentindo um leve alívio pouco tempo depois. No entanto, a sensação ruim retornou quando a comida do avião foi servida. Abaixei a mesinha de refeição à minha frente e abri a embalagem, mas o que vi não parecia nada apetitoso. Quando o cheiro do ravióli chegou às minhas narinas, meu estômago revirou.
Senti o pânico tomar conta de mim e levando as mãos à boca, pedi licença para Daryl. Ele ficou pasmo, os olhos arregalados de preocupação, mas rapidamente se levantou para que eu pudesse passar.
- Eu estou bem, só preciso de um momento — murmurei, tentando tranquilizá-lo.
Ao caminhar pelo corredor do avião, tentei respirar fundo e me acalmar, lutando contra o desconforto e a ansiedade que insistiam em me acompanhar. Talvez fosse apenas o estresse recente que estava me afetando.

Depois de desembarcarmos, nos dirigimos para pegar nossas malas. Daryl ainda parecia preocupado, mas tentava disfarçar mantendo o entusiasmo. Enquanto esperávamos, decidi que faria um teste de gravidez assim que tivesse uma oportunidade, apenas para ter certeza e tirar essa dúvida da minha mente.
Daryl, percebendo meu estado de espírito, sugeriu que tirássemos o dia para descansar e nos adaptarmos ao fuso horário antes de começarmos a curtir nossa viagem.
Depois de nos instalarmos no hotel, aproveitei um momento de privacidade no banheiro, havia comprado um teste de farmácia no aeroporto e, com as mãos trêmulas, segui as instruções. O tempo de espera parecia eterno, mas finalmente o resultado apareceu e meu coração disparou.
Respirei fundo, tentando organizar meus pensamentos. Daryl bateu na porta, perguntando se estava tudo bem. Abri a porta e o encarei, ainda sem saber exatamente como me sentia.
-Daryl, precisamos conversar. - Eu disse, tentando manter a calma.
Ele entrou, fechando a porta atrás de si, e se aproximou, segurando minhas mãos.
-Aconteceu alguma coisa? Você está me deixando muito preocupado.
Sento um nó na garganta e por isso demorei alguns segundos para revelar:
-Sim, aconteceu... - Comecei tentando encontrar as palavras certas. – Fiz um teste de gravidez deu positivo. Eu estou grávida.
Daryl ficou em silêncio por alguns segundos, processando a informação. Ele me puxou para um abraço apertado.
-Isso é incrível! - Disse ele, com um sorriso que iluminou seu rosto. - Eu sei que é inesperado, mas é maravilhoso Mi Maya!


POV LIZA
"INÍCIO DA LIGAÇÃO"
Liza: Alô
Nina: Liza? Oi, aqui é a Nina.
Liza: Oi, querida. Meu horário de amanhã está confirmado.
Nina: Sim está, mas na verdade, preciso falar contigo sobre outro assunto. Podemos almoçar juntas?
Liza: Ah, amiga, hoje não dá. Estou no restaurante esperando meu amigo Matt, vou almoçar com ele hoje.
Nina: O irmão do Daryl?
Liza: Sim, ele mesmo. Por quê?
Nina: É sobre ele que quero falar. Tem um minutinho agora?
Liza: Tenho sim e mesmo que não tivesse, arranjaria tempo, pois estou curiosa.
Nina: Tentei falar com a Olívia sobre isso no casamento, mas ela estava ocupada e disse que você ser a melhor pessoa para me ajudar.
Liza: Acaba logo com a minha curiosidade amiga.
Nina: Então... Quero saber mais sobre o Matt, não consigo tirá-lo da cabeça desde o casamento.
Liza: Hum.. Entendi.
Nina: O quê? Ele tem namorada?
Liza: Não, não se trata de namorada, e sim da ex-namorada.
Nina: O quê? Como assim?
Liza: Nina, não posso falar mais, ele está chegando. Me encontra em casa à noite para conversarmos melhor. Estou morando no apartamento da Olívia, vou te passar o endereço.
Nina: Tudo bem.
"FIM DA LIGAÇÃO "

Que situação complicada, o que devo fazer? Enviei uma mensagem para a Olívia perguntando o que fazer, e ela me disse para aconselhar a Nina da melhor maneira possível.
Olívia ainda ama o Matt, mas ele merece ser feliz, embora eu não tenha certeza se ele vai conseguir. Matt se aproxima de mim com um sorriso tímido, já não é o Matt alegre e brincalhão de antes.
-Oi, Matt. - Cumprimento.
-Olá, Liz! E então, quais são as novidades?"
-Eu que pergunto: Como você está?
-Trabalhando... Ah! Eu comecei a dar aulas de luta em uma academia no Brooklyn, na verdade estamos começando, com poucos recursos e muitas doações. Atendemos crianças carentes e isso me ajuda e permite ajudar os outros, assim mantenho minha cabeça ocupada.
Quanto mais ocupado ele estiver, melhor será, vou conseguir o endereço da academia para a Nina, mas é só isso, não posso fazer mais do que isso porque mesmo que pareça bobagem, sinto como se estivesse traindo Olívia.
-Matt, infelizmente não podemos controlar o coração.
-Liza, não quero falar sobre meus sentimentos agora.
-Tudo bem Matt, você merece ser feliz.
Ele sorriu levemente, balançou a cabeça e terminamos nosso almoço com algumas risadas.

POV NINA
Era 18:00 e eu estava terminando um último penteado antes de me encontrar com a Liza. Ela me enviou o endereço conforme combinado, e eu perguntei: "Essa rua é no Brooklin, Olívia morava em outro lugar"

"Sim, o ap dela, agora meu é no mesmo lugar, esse endereço que te enviei é da academia do Matt... Ele estará lá hoje à noite"

Meu coração disparou, mas uma dúvida surgiu: quem seria essa ex-namorada do Matt que a Liza não mencionou? Decidi investigar, e para isso teria que me matricular na academia e me aproximar dele.
Uma forte chuva começou a cair sobre Nova York, mas com a ajuda do GPS, consegui chegar ao endereço que Liza me passou. Fiquei bastante molhada no caminho do carro até o galpão, entrei timidamente e me aproximei de um rapaz franzino perto da porta, que estava fazendo anotações. Será que estou no lugar certo? Pensei em desistir, mas não consegui dar um passo para fora.
Ele levantou os olhos do caderno e me olhou com curiosidade, então perguntei:
-Desculpe, aqui é uma academia?
-Sim, senhora, começamos tem só duas semanas. Eu sou Simon, posso ajudar? - Disse ele com um sorriso amigável.
-Eu sou Nina, na verdade, estou procurando o Matt. Sabe onde posso encontrá-lo?
Simon olhou em volta e apontou para o fundo do galpão:
-Ele está lá perto dos sacos de pancada. É o cara alto sem camisa, a aula está terminando, pode esperar por aqui se quiser.
- Muito obrigada Simon.
Sentei-me no banco de madeira encostado na parede observando o teto alto do local, enquanto o som da chuva ecoava pelo barracão, eu questionava-me se realmente deveria esperá-lo. De repente, ouvi o alvoroço de um grupo de crianças, e no meio deles, estava Matt. Por que será que ele me afeta tanto? Matt usava um calção azul com luvas de boxe da mesma cor penduradas nos ombros. Ao me levantar, ele percebeu minha presença e parou olhando-me com curiosidade à distância. Conforme Matt se aproximava, pude notar que ele me reconheceu, mas depois disso jurei ver uma certa decepção em seu rosto.
-Oi Matt.
-Oi, tudo bem? - Ele diz, despedindo-se do seu último aluno.
-Precisa de alguma coisa? Você é a Nina, certo?
Se ele lembrou do meu nome, talvez eu não esteja tão mal. Mas não posso esquecer que essa é uma visita inesperada para ele.
-Sim, sou eu mesma.
-Posso te ajudar com algo? - Ele pergunta
-Eu queria... É... queria que você soubesse... Que eu não tenho namorado.
-O quê? - Ele responde confuso.
-No casamento do seu irmão, eu peguei o buquê, e você disse que meu namorado é um cara de sorte, mas na verdade eu não tenho namorado.
-E você veio até aqui, mesmo nessa tempestade, só para me contar que está solteira?
Com certeza, Matt sofreu muito nessa decepção amorosa, eu tinha certeza disso, especialmente após o comentário da Liza sobre a ex-namorada que não saía da minha cabeça.
-Então, Nina? Estou ouvindo...
-Matt, que tal sairmos daqui para tomar algo?
-Claro, tudo bem. Tem uma lanchonete na esquina, vou tomar um banho e nos encontramos lá?
-Sim, pode ser.
Enquanto aguardava Matt na lanchonete, pedi um café para me aquecer. Observava os pingos de chuva escorrendo pela janela, cada gota parecia marcar um tic-tac do relógio de minhas expectativas e ansiedades. Será que ele realmente iria aparecer? E se essa conversa não fosse como eu imaginei?
Mas, antes que pudesse me perder em pensamentos negativos, a porta da lanchonete se abriu e Matt entrou, com o cabelo ainda úmido da chuva, e o semblante sério.
-Oi, Nina. Desculpe a demora, a chuva está muito forte.
-Não tem problema Matt, fico feliz em te ver. Posso te perguntar uma coisa?
Ele parecia confuso e um pouco tímido, o que me intrigava bastante.
-Claro.
-Você tem uma namorada?
-Não.
A resposta dele foi tão seca e o vácuo entre nós foi tão grande, que fiquei confusa e decidi ir embora. Não ia ficar agindo como se estivesse interessada se ele não se importava comigo.
Ao abrir a porta do meu carro, senti o Matt segurando meu braço.
-Desculpa Nina. Me desculpa. Eu fui um babaca
-Sim, foi mesmo. O que está acontecendo? É por causa da sua ex? Mas o que aconteceu de tão grave que te deixou assim?
-Não é ela. É você Nina.
-Como assim eu? O que tenho a ver com isso?
-Minha ex-namorada é a Olívia.
-Olívia? A minha cliente? A esposa do teu irmão?
Fiquei chocada, como se estivesse perdida em um vulcão prestes a entrar em erupção. Voltamos à lanchonete e Matt começou a compartilhar parte da sua história comigo. Aos poucos, ele foi revelando todo o drama que estava vivendo, alternando entre culpar mentalmente a ele e ao seu irmão, Daryl e o passado com uma tal de Caroline.
Como Daryl e Matt poderiam interferir tanto na vida amorosa um do outro, causando tanta dor e sofrimento?
E mais importante, como eu poderia me envolver nisso? Matt estava muito magoado para considerar um novo relacionamento, se eu prosseguisse poderia acabar sendo apenas mais uma pessoa em sua vida, poderia ser um escape devido à minha semelhança com o grande amor de sua vida, e ainda poderia sair muito ferida dessa situação toda.


POV LIZA
Meu telefone toca enquanto estou no banho. Levanto a cabeça e pelo vidro do box, vejo que é a Nina. Deixo o chuveiro ligado e saio ainda ensaboada para atender, ela estava na portaria do prédio; eu a autorizo a entrar e vou me vestir rapidamente para receber minha amiga. Ao abrir a porta, percebo imediatamente sua roupa molhada e expressão triste.
-Entre, Nina, o que aconteceu?- Pergunto, preocupada.
Ela entra devagar e seus passos ecoam no piso da sala.
-Será que podemos sentar e conversar um pouco? -Pergunta ela, com a voz embargada.
-Claro. - Digo, guiando-a até o sofá e oferecendo uma toalha para se secar. - Quer um chá quente? Vai ajudar a te aquecer, vou te emprestar umas roupas secas também.
Nina assente, agradecida. Vou até a cozinha e coloco a chaleira no fogo, enquanto tento não imaginar o pior. Nina sempre foi uma pessoa forte, raramente a vi tão abatida.
-Então... - Começo, voltando com duas xícaras fumegantes. - Estou aqui para te ouvir.
Ela segura a xícara com as duas mãos, como se buscasse conforto no calor.
-Eu sei de tudo, o Matt me contou sobre sua ex-namorada.
Ouvi atentamente o que ela havia conversado com o Matt recentemente e decidi expressar minha opinião sobre o assunto.
-Nina, acho que não é o momento certo para você se aproximar do Matt, é tudo muito recente. Tanto ele quanto a Olívia passaram por muitas dificuldades. É uma história de livro viu, esses dois se enlaçaram na vida da Olívia como eu nunca vi igual. É claro que o Matt acaba sofrendo mais, pois tem um coração generoso e abriu mão de sua própria felicidade pelo irmão.
-Eu sei. - Diz ela com um leve tremor na voz. – É difícil não se sentir insegura. Eu quero confiar nele mas ao mesmo tempo tenho medo de ser machucada, e essa semelhança com Olívia pode atrapalhar tudo, tenho medo que ele a veja quando está comigo.
-Nina, eu entendo completamente seus receios, ninguém quer se envolver em uma situação onde há tantas feridas abertas e você precisa lembrar que cada pessoa é única, mesmo que haja semelhanças. Se Matt realmente se importar com você algum dia, vai conseguir ver além das aparências e valorizar quem você é de verdade.
Ela suspirou profundamente, como se estivesse tentando encontrar um ponto de equilíbrio entre os sentimentos que a consumiam.
-Liza, será que a Olivia ficará chateada se eu der uma chance para esse sentimento?
Levanto-me e me dirijo ao fogão para encher minha xícara com mais chá:
-Não, ela está construindo sua vida com o Daryl agora, acredito que a Olivia deseja a felicidade do Matt, apesar de eu conhecê-la e saber o que se passa naquele coração partido.


POV DARYL
Não posso negar que era o que mais desejava neste momento, meu novo sonho de ter um vínculo com a mulher que amo está prestes a se concretizar.
Peguei os testes das mãos de Olívia, virei todos de uma vez e cada um deles mostrava dois risquinhos. Está confirmado: vou ser PAI! A abracei, permanecemos assim por alguns minutos. Quero cuidar do meu filho e serei um pai exemplar como nunca tive.
Olívia foi se tranquilizando aos poucos, então nos sentamos juntos na beira da cama para conversarmos mais.
-Mi Maya, estou ao seu lado, tudo vai dar certo.
-Daryl, como pude falhar nisso? Meu Deus, sempre estive tão bem informada, mas ultimamente tenho sido dominada por tantas emoções que esqueci de voltar a tomar meu remédio
Olhei para aqueles belos olhos escuros e encarei-a por um instante. Coloquei minhas mãos na barriga de Olívia, sentindo que esse gesto a confortava, fazendo-a perceber que não estava sozinha naquela situação e que iríamos curtir nossa lua de mel como planejamos.
Mais tarde, enquanto Olívia adormecia ao meu lado naquela noite, fiquei acordado por um tempo refletindo sobre tudo que estava por vir. Minha mente era um turbilhão de ansiedade e felicidade, mas, acima de tudo, de gratidão pela oportunidade de construir uma família com a mulher que amo e pelo amor que já sentia pelo meu filho, que acabara de nascer.

POV OLÍVIA (Alguns dias depois)
O sol surgia suavemente no horizonte, pintando o céu com tons rosados e dourados. O aeroporto ainda estava relativamente vazio, com poucos passageiros sonolentos perambulando pelos corredores. Daryl e eu caminhávamos de mãos dadas arrastando nossas malas de rodinhas pelo piso reluzente.
Eu seguro firme na mão do meu marido sentindo o calor e a segurança que ele sempre transmitia depois da descoberta que teríamos um filho.
-Foi tudo tão perfeito, não foi? - Digo encostando a cabeça em seu ombro durante a caminhada.
Daryl sorri, beijando a minha testa delicadamente.
-Foi mais do que perfeito. Cada momento com você é como um sonho.
Paramos diante da tela com os horários dos voos, o nosso para Nova York estava programado para daqui a duas horas.
-Ainda temos tempo. - Diz Daryl apontando para uma pequena cafeteria no canto do saguão. –-Preciso de um local tranquilo para ligar para Carmem e Alejandro. Eu vou ser pai e quero anunciar a chegada de mais uma Ortega para todos.
-Ou um Ortega - Digo, rindo da forma boba dele.

Finalmente, estávamos de volta a Nova York. O táxi nos deixou em casa, e Daryl não me deixou ajudar com as malas. Ele insistiu que eu entrasse e descansasse enquanto ele cuidava de tudo. Sentindo-me grata e um pouco cansada, fiz o que ele sugeriu. Ao entrar na sala, fui recebida pelo familiar cheiro de café recém passado e pelo som suave de um jazz tocando ao fundo. Era bom estar de volta.
Aproveitei o tempo de descanso para marcar uma consulta com o Dr. Josh, meu ginecologista. Faremos um ultrassom daqui três dias e mesmo sendo apenas uma sementinha, eu já o amava mais do que tudo em minha vida.





"NO OUTRO DIA...
Um jantar... a ocasião ideal para reunir a família e amigos e revelar a chegada da nova princesinha da família. Hoje algo me diz que estou esperando uma filha. Daryl sorria de uma maneira indescritível, e eu notava em sua ansiedade que ele queria anunciar logo a novidade da minha gravidez.
A mesa estava impecavelmente posta, com flores frescas enfeitando o centro e velas iluminando suavemente o ambiente. O aroma delicioso do assado preparado com carinho por Carmem preenchia o ar, misturando-se ao riso e à conversa animada dos convidados.
Assim que todos se acomodaram, Daryl se levantou erguendo sua taça em um brinde.
-Meus amigos e família. - Começou ele, com os olhos brilhando de emoção. -Hoje temos um motivo muito especial para comemorar.
- Então fala logo antes que eu enlouqueça. – Liza diz impaciente.
- Estamos esperando um bebê! – Diz ele.
"Uma menina," sussurrou Daryl em meu ouvido, segurando minha mão com ternura. Senti uma onda de amor e gratidão nos envolver, sabendo que estávamos prestes a conhecer o maior amor do mundo.
Liza e Carmem estavam eufóricas com a notícia da minha gravidez e passamos horas planejando cada detalhe do enxoval e do quarto do bebê. A empolgação delas era contagiante, e logo estávamos todas rindo e imaginando como seria quando a pequena finalmente chegasse ao mundo.
-Eu fiz apenas um teste de farmácia. O ultrassom será feito depois de amanhã. E se eu não estiver grávida?
Carmem se aproxima emocionada e coloca suas mãos em minha barriga, que ainda não se nota.
-Sim querida, tenha certeza, e posso te dizer mais, este exame reserva uma grande surpresa para você.
A curiosidade dominava a mim e minhas amigas, mas sabia que não deveria fazer muitas perguntas, com medo do que poderia ser ouvir.
Em seguida Liza e Lydia se despediram, as duas saíram atrasadas para o aniversário de um amigo em um bar próximo, enquanto eu e Carmen continuamos conversando. Enquanto preparava um chá, resolvi arriscar e tentar saber um pouco mais sobre aquela mulher tão intrigante.
-Nunca pensou em ter filhos Carmem?
A expressão dela mudou drasticamente, e juro que nunca vi tanto pesar num olhar como vi no dela hoje.
-Olívia, eu... Prefiro não falar sobre isso. Talvez um dia te conte a minha história, e quanto ao Alejandro... Bem, ele tem um filho e às vezes o Carlos nos visita.
Percebi que havia tocado em uma ferida profunda e respeitei o silêncio de Carmem.
-Entendo, Carmem. Cada um tem seus motivos e suas histórias. Eu estou aqui para ouvir quando você se sentir pronta para me contar.
- Obrigada, minha querida. Bem, com certeza eu ganhei uma filha do coração. Além de Matt e Daryl agora eu tenho você.
A presença de Carmem tinha um espirito materno inexplicável, era muita sorte minha ter alguém como ela na minha vida.

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