Capítulo 10

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-POV OLÍVIA
Eu tentava me manter forte para não sucumbir aquela dor, abriram a porta do quarto mais uma vez e me trouxeram comida, eu estava com tanta raiva que acabei jogando a bandeja longe.
-Vai ser uma pena ter esse rostinho de boneca marcado, né? – O bandido diz apontando mais uma vez faca para mim.
Foi então que, uma voz diferente interrompeu aquele bruto.
-Pare com isso TJ! Eu a quero viva, essa garota ainda vai ter muitas marcas, eu mesmo vou fazer isso, eu quero ter tudo gravado porque aquele idiota do Daryl vai assistir isso, ele vai pagar pela morte do meu irmão e pela grana, Kevin ia ganhar aquela corrida e a gente estaria longe agora... Depois eu mato os Ortega para ter certeza que não vai ter gente atrás de mim!
O cara grandão estava encostado na porta, começou a rir e falar com esse terceiro, agora eram 3 homens, porém esse que chegou agora, era quem queria de fato se vingar.
-Espero que o Chefe não fique sabendo de tudo isso Marcus, porque se não vai ter muita gente morta, e eu quero tá bem longe quando isso acontecer.
-Cala boca seu imbecil! Eu sou teu chefe, e não te pago pra ouvir besteiras! Vá vigiar as entradas, e pegar a câmera.
Para o meu desespero ele fez outra ligação para o Daryl eu precisava alertá-los do perigo que corriam. E se de alguma forma eles descobrissem meu paradeiro? Precisava gritar para que eles me ouvissem, mas o bandido ficou tão irritado com os meus berros para o Matt e o Daryl que desligou o telefone.... Eu sabia qual seria meu destino ali, e estava torcendo para não sofrer tanto, e que me matassem logo:
-Babaca! – Eu grito.
-Amarrem o pano na boca dessa vagabunda! Eu já volto e vamos começar a nossa brincadeirinha. – Ele diz passando a mão no meu rosto.
Marcus atendeu o celular que tocou em seguida e foi saindo irritado do quarto.
Agarrei nas grades da pequena janela, coloquei meus pés na parede, ergui minha cabeça e só via o matagal do lado de fora, estava isolada em uma espécie de floresta, isso só aumentava minha angustia, como alguém iria me achar ali no meio do nada?

-POV DARYL
Minhas mãos estavam geladas, estávamos quase chegando, Matt olhava para a arma que estava segurando e repetia o tempo todo que faria ao que fosse preciso para salvá-la.
No carro nós não conversamos sobre outro assunto a não ser sobre os possíveis caminhos para chegar até lá e mantínhamos a atenção na estrada todo o tempo.
-Olha! A entrada para CatsKills! – Liza gritou!
Matt dirigia o meu carro e Liza estava na frente com ele, paramos o carro em um canteiro perto da entrada da cidade e iriamos seguir o restante a pé, coloquei a arma na cintura, ajeitei a camisa por cima, e seguimos caminho com o mapa com o possível lugar localizado pelo rastreador daquele amigo esquisito do Matt.
Pretendíamos salvar uma pessoa com a cara, coragem, duas armas e uma mulher indefesa, onde eu fui me meter?
Eu estava um pouco nervoso com a possibilidade de algo dar errado; se algo desse errado com um dos três, a culpa cairia em cima de mim, e eu odeio ficar com essa pressão toda. Liza quebrou o silêncio:
-Galera, temos um plano? Como vai ser?
-Loirinha, não dá para perder tempo com um plano detalhado, vamos olhar a área. Eu vou dar cobertura ao Matt. Nesta região, há muitas casas rurais; ela deve estar em uma delas.
Matt completou:
-Não temos tempo para planejar, isso é arriscado, Liza você não vai entrar lá.
Todos concordaram, mas eu ainda precisava fazer uma ligação.
-Josh? E aí, mano, conseguiu o contato para mim? É caso de vida ou morte.
Josh responde do outro lado da linha.
-Não só consegui o contato, como ele tá aqui do meu lado.
-Fala Daryl, espero que seja mesmo importante. – Max responde.
-Claro que sim, pra mim e com certeza para seus negócios.

POV LIZA
Se eles achavam que eu ia ser um peso morto e ia ficar sem fazer nada eles estavam bem enganados, eu não consegui ouvir toda a conversa do Daryl com aquela outra pessoa porque ele falava baixo, eu só consegui ouvir o final:
-Então Max, temos um acordo? – Logo em seguida Daryl desligou.
A cena era digna de um filme de suspense, com Daryl encerrando a ligação de forma enigmática e a dúvida ainda pairava no ar: Como sairíamos dessa enrascada? A ideia de chamar a polícia passou pela minha cabeça, mas o medo me congelou no lugar.
Sem saída, era hora de agir. A mata se tornava mais fechada a cada passo dado, enquanto Matt e Daryl esbanjavam coragem, eu tentava ser a rainha do silêncio. De repente, Daryl interrompeu a marcha:
-Precisamos esperar!
A reação de Matt? Fúria total:
-Esperar? – Ele diz avançando em direção a Daryl.
-Matt, precisamos confiar que alguém de peso virá nos ajudar. Ou talvez não, mas vale a tentativa!
-Uma única pessoa, Daryl? Ficar plantado aqui no meio do nada esperando um salvador desconhecido?
Matt seguiu adiante e Daryl o segurou pelo braço:
-Matthew, dá para você confiar em mim?
-Depois todas as suas mentiras? Traição, mano! Indo pelas beiradas para conquistar a Olívia, dando um beijo na minha mulher? Esquece!
Tive que interferir mais uma vez:
-Pera lá, gente! Não é momento para isso! Estamos aqui para resgatar a Olívia. Daryl, mantenha a calma, eu vou com o Matt!
Confesso que meu coração apertou ao olhar para trás e ver a desilusão nos olhos de Daryl:
-E você Matthew? Esqueceu que se envolveu com a mulher de quem eu gostava?
Matt parou, virou-se e encarou Daryl.
-Eu não sabia cara! Caroline me enganou, ela disse que vocês não se viam mais, por isso nos envolvemos. Tentei desistir desse amor, queria esquecê-la porque você é meu irmão, não queria te magoar, mas era tarde demais e você estava tão cheio de raiva que não conseguia aceitar isso Daryl.
-Eu senti o que você está sentindo agora, irmão! Você não aceita que estou disposto a deixar de lado meus sentimentos por Olívia? Passei por isso, mas parece que você esqueceu. Eu sou o único egoísta? Olívia te ama, e agora que ela está em perigo, percebo o quanto quero ver ela feliz, mesmo que me odeie.
Aquele momento cortou meu coração, Daryl estava comprometido com a vida do Matt, desejava salvar Olívia tanto quanto o irmão; e Matt? Caiu em uma cilada por um amor que ferrou com a vida dele e de Daryl, mesmo não querendo fazer mal ao seu irmão.
-Matt, acho que é hora de confiar em seu irmão. – Digo passando a mão pelo seu ombro.
-Vocês viveram aquela situação com Caroline, os dois foram enganados por ela! Por que é tão difícil ver isso? Ela gostava de manter essa situação ambígua. Vão continuar assim para sempre por causa de alguém que gostava de ficar entre os dois irmãos? Eu acho que no fundo os dois erraram!
Matt respirou fundo, olhou para Daryl por um momento. Daryl se aproximou, e eu não pude evitar, abracei os dois ao mesmo tempo e longe da perfeição, eu estava tocada.
-Para salvar Olívia, precisávamos trabalhar em equipe, lado a lado. – Digo a eles.

POV DARYL
Seguíamos por um atalho complicado, comigo logo atrás deles. Matt estendeu o braço para trás, indicando que deveríamos parar. Ao se agachar e olhar para nós, pediu silêncio. À nossa frente, avistamos uma antiga e pequena casa, cercada por vegetação. Um homem estranho e mascarado surgiu de lá, conversando ao telefone. Minha vontade era mirar dali e atirar logo na cabeça do desgraçado.
O Matt nos olhou sussurrando:
- Só pode ser aqui, Liza fica perto! – Ele tirou uma faca da cintura e colocou na mão dela. Quando percebi que estava perto da entrada, corri e ouvi a voz de Liza atrás de mim:
-Daryl, espera! Você está louco?
A ignorei e continuei, pois não podia perder a chance de passar despercebido. Avistei um muro perto da casa, onde outro homem fumava com uma arma na mão. Sinalizei para Matt ir pelo lado livre e pedi para aguardar meu sinal. Instruí Liza a ficar quieta e a não sair dali de jeito nenhum.
O homem que fumava lá fora entrou na casa. Segui agachado e senti alguém segurar meu pé:
-Liza, o que está fazendo aqui? Disse para ficar lá!
-Shhh! Cala a boca, Daryl!
Ela apontou para o lado, vimos mais dois sujeitos mascarados saindo de um carro preto.

POV MATT
Eu já estava tão ligado na situação ao meu redor que nem notei mais a Liza e o Daryl atrás de mim, só de olho na ação, escondido atrás de uma caixa de madeira. De repente, senti um toque no meu ombro e quase soltei um soco no pobre coitado.
-Relaxa, parceiro, sou eu. Ainda não é a hora de dar PT em ninguém.
Respirei aliviado ao ver o Daryl:
-Porra, que susto! Por que demorou tanto?
-Dois caras surgiram do nada e quase me pegaram. Tive que esperar e mandar a Liza se esconder na mata.
Os berros da Liza cortaram a conversa:
-NÃOOO!! ME SOLTAAA AGORAAA!!
-Olha só, chefe, o que eu achei aqui! A sobremesa!
Quando me levantei para ir lá, o Daryl segurou meu braço:
-Não, Matt, não podemos estragar tudo! Se fizermos besteira, já era para nós!
-Daryl, se tocarem em um fio de cabelo delas eu mato.
Ele apenas sorriu e concordou olhando para sua arma.

POV OLÍVIA
Eu estava fraca e cansada, mas ainda mantinha minha sanidade. Ouvia a voz de Liza do lado de fora e logo depois ela foi jogada bem na minha frente. Assustada, corri para abraçá-la e, mesmo sem entender, fiquei feliz por vê-la. Ela me olhou desesperada e começou a chorar:
-Olívia, o que fizeram com você?
-Apesar dos machucados, estou bem. Mas o que você está fazendo aqui?
-Viemos te resgatar! - Ela sussurra.
-Quem? – Pergunto.
-Eu, Daryl e Matt.
-Não! Meu Deus, vocês enlouqueceram?
Eu abracei a minha amiga, sentia uma mistura de medo e alívio, medo por saber que poderíamos morrer, e alívio por pensar que eu poderia ver o Matt outra vez!
Consegui olhar pela pequena janela com a ajuda de Liza
Marcus saiu novamente pra fora da casa assobiando.
-Parem de se esconder! Eu vou começar a contar e se não aparecerem elas vão morrer antes mesmo do dez! Ummm!! Dois!! Três....
Nesse momento fomos arrastadas para fora do quarto e consequentemente da casa, ficando a poucos metros dos meninos.
-Eu vou te matar Marcus! - Daryl Grita;
-Ow ow ow podem abaixar essas armas Ortegas!
Daryl sinaliza a Matt para que joguem as armas mais a frente:
-Estamos bem aqui, se vingue agora, mas deixe as garotas vivas. – Matt diz batendo em seu peito.
O Filho da mãe olhava para a cara dos irmãos e gargalhava sem parar.
-Se ajoelhem seus vermes! Quem manda aqui sou eu, teremos um show bem sangrento hoje.
-Não faça isso! Vamos trazer a grana. – Daryl diz com os dentes serrados.
-Tarde demais otários! – Marcus diz em tom superior.
Arregalei os olhos e a Liza começou a se desesperar quando os outros dois caras vinham em nossa direção, Matt e Daryl assistiam a cena de terror, ainda ajoelhados e com as mãos na cabeça.
-Não! Por favor não faça isso! – Eu implorei desesperada.
-Eu vou matar vocês suas vadias! – Marcus diz vangloriando-se.
Sem pensar e com uma arma ainda apontada para si por mais dois bandidos, Matt correu pra cima daquele idiota que já estava em cima de mim e começou a golpeá-lo gritando:
-Pode me matar seu pilantra! Porque eu não vou ver isso, vou morrer lutando!
Daryl seguiu seu irmão e começou a enfrentar os outros bandidos. Ouvimos o clique de uma arma e, de repente, aplausos.
Nossos olhares se voltaram para as palmas de um homem elegantemente vestido, eu jurava que estava entro de um filme de mafiosos. Ele tinha uma aparência de gangster apesar de ser bem mais velho e não ter cabelos.
Mais uns seis ou sete homens surgiram logo atrás dele. Os capangas foram muito rápidos, imobilizaram os sequestradores com um único golpe como se tivessem treinado para aquilo a vida toda.
Rapidamente me atirei nos braços do meu amor, que acariciou meu rosto e afagou meus cabelos. Matt me beijou docemente, como se não pudesse acreditar que eu estava nos seus braços.
-Está tudo bem, Princesa? Alguém te machucou?
-Não da maneira que você está pensando, estou segura e estou aqui com você, isso é o que importa.
-Eu te amo tanto, Olívia, e pensar que, inicialmente, foi por minha causa... Se não tivesse me conhecido, você não estaria nesta situação.
-Matt, não pense assim, as coisas acontecem como devem acontecer, eu enfrento tudo por você.
O Gangster se aproximou lentamente, com passos decididos, encarando o infeliz imobilizado pelos seus capangas:
-Olha só... se não é o Patife do Marcus tentando me prejudicar de novo!
-Max! - Sussurrou Daryl, com um sorriso de alívio estampado no rosto.
Os olhos de Max brilharam com uma mistura de surpresa e diversão ao ver Daryl ali. Com um sorriso sarcástico, ele se aproximou mais, desafiando Marcus com um olhar penetrante.
-Parece que você não aprende, Marcus. Seus vermes! Estão passando por cima das minhas ordens bem debaixo do meu nariz? – Max diz encarando os parceiros de Marcus.
Marcus tenta se levantar, mas o capanga de Max força mais ainda sua cabeça contra o chão:
-Daryl matou meu irmão Max, ele era um dos nossos e você não fez nada!
Max indicou ao capanga que deixasse Marcus se levantar, apertou firmemente o queixo dele e levantou seu luxuoso óculos escuro, encarando-o nos olhos.
-Sabe por que eu não fiz nada seu babaca? Porque você e seus irmãos são uns malditos golpistas traidores.
-Olha só quem tá falando em sujeira Max! Você já matou mais gente do que eu posso contar nos dedos de todo mundo aqui! – Marcus rebate.
- Matei traidores como vocês! que acham que podem me fazer de otário e passar por cima de mim! Eu comecei esse negócio e eu mando nessa porra toda, seus merdas!
Max esmurrou a cara Marcus, fazendo ele cuspir sangue na mesma hora, e ficar com mais raiva ainda.
-E o que você me diz dos 7 milhões que sumiram hein? Com certeza foi esse imbecil do daryl que pegou, você vai deixar ele impune por isso também? - Marcus questiona.
Max olhou para o Daryl e soltou uma gargalhada:
-Os 7 milhões estão comigo e muito bem guardados, eu não poderia deixar que vocês levassem esse dinheiro, depois que descobri tudo. Eu sei qual é a sua intenção e eu não estou afim de morrer para ter um merda como você no meu lugar.
Max nota sua Ferrari estacionada atrás de nós. Uma mulher deslumbrante sai do carro com uma maleta, irradiando elegância com seus cabelos loiros, vestido requintado e sapatos que eu não conseguiria comprar nem mesmo em um ano inteiro economizando meu salário. Matt e Daryl parecem surpresos ao vê-la, como se tivessem visto um fantasma. Eles se olham e afirmam juntos:
-Caroline.
Ela se aproxima de Max e abre a maleta, revelando uma quantia de dinheiro que eu nunca tinha visto antes:
-Aqui estão os MEUS 7 milhões, e ela é a pessoa que pegou por minha ordem, eu trouxe só para te mostrar que ninguém mexe comigo!
Max encara o capanga que segurava um dos empregados de Marcus.
-Deixe-o ir. Ele vai contar a todos como o grande Max é implacável. O resto desses idiotas podem colocar no outro carro e já sabem o que fazer!
-Você não pode deixar esse cara vivo Max, ele estava com o Marcus e isso pode ter consequências – Daryl alerta.
-Eu sei muito bem o que faço Ortega, nada que uma boa quantia não resolva, esse tipo de gente faz qualquer coisa por dinheiro, inclusive virar meu escravo. Se não está contente, saia, mas pague o meu preço antes.
Max olha sério para Daryl, coloca seus óculos, pega na mão de Caroline e se dirige à Ferrari com os capangas os acompanhando. Antes de embarcar, Caroline observa Matt e Daryl. Ela hesita por alguns segundos antes de entrar no veículo, enquanto eu a encaro intensamente, mas ela não percebe, porque está focada nos irmãos Ortega.
Enquanto os carros se afastavam, um nó ficou preso em minha garganta, a presença marcante dessa mulher permaneceu gravada ali por alguns minutos deixando um rastro de mistério.

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