Capitulo 44

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MALUMA

Peixe grande, mar grande, barco pequeno. Se você não faz parte da linha de predadores, não queira ser parte da presa. O melhor seria nunca fazer parte daquela cadeia alimentar, melhor ainda ser uma alga - encaro o aquário do outro lado do recinto - ou não se aventurar inteiramente pelo mar.

_Pra não ficar a deriva - balbucio voltando meus olhos para o fundo da minha taça  de vinho, agora a fio de terminar. Odiava o caminho que estava tomando, mas O Círculo, estava impaciente.

Como trazer um predador mais próximo da margem?

_Não entendi - Samuel responde do outro lado da mesa - Você  não está se precipitando?

Estávamos em um restaurante árabe  bem caro. O ar cheirava a café com cardamomo e era todo dourado com porcelanato branco. Hoje estava sendo celebrado o noivado  da sobrinha de Samuel com um comerciante de Carneiro.

O lugar estava em festa mas Samuel conseguiu uma  sala  reservada para fazermos negócios. Por mais que eu me sentisse em um profundo mal humor os gritos de felicidade e a música alta tradicional não me atingiam. Era raro um pouco de felicidade em meio a minha Tempestade. Gostaria de terminar tudo o mais rápido possível  para estar em outro lugar. Qualquer lugar em que o amor não estivesse sendo celebrado.

_O perigo - determino dando continuidade em nossa conversa - de navegar em um oceano é  não saber para  onde está indo. Quero ter como navegar sem ter surpresas.

Samuel não está acompanhando minha linha de raciocínio. Hoje ele estava vestindo um abaya tradicional branco com verde que cobria todo o seu corpo, sua cabeça tinha um turbante branco com preto e ele estava infeliz que eu estava manchando a felicidade de seus parentes.

_Não esta preocupado com os outros predadores? - Ora, ao parecer ele tinha entendido.

_Ninguém entre eles tem mais motivação do que eu. Quero que negocie com os ojitos chiquititos. Quero estar no controle de cada passo que ele ousar dar aqui.

Samuel arruma sua postura e tamborila seus dedos sobre a mesa. _O que você  está  me pedindo, isso já faz muito tempo. Minha família, depois do meu aba, não faz transação com essa gente mais. Mas posso olhar em nossos cadernos.

Sorrio. _Seu avó negociava. Quero todas as informações.

Samuel estreita suas sobrancelhas ligeiramente. _Na época em que o Imperador Hóngxiàn, ainda fazia vista grossa para o prazer de seus soldados, meu avó negociava com as casas de prazeres na China. Mas esse tempo mudou, não comercializamos mais com as pessoas daquele país.

_São  maus pagadores? - burlo com impaciência, que diferença  tinha um fazendeiro gordo e um chinês bigodudo calvo pra esse cara?

_Escolho meus clientes Senhor, com muito cuidado. E não negócio com aqueles que podem me apunhalar pelas costas ou futuramente prejudicar minha casa.

Hum, então  são um tipo de gente desleal. Não  é  como se eu estivesse aberto a ser contrariado.

_Não  veja pelo lado raso - ele continua ao me servir mais um pouco de vinho - Não costumam trair seus fornecedores, mas o comércio daquele povo envolve muita política e muita traição. E então acabamos nos envolvendo em mais dor de cabeça que o necessário. Já perdi muita mercadoria.

Ele fala como se fossem sacos de cimento. Nós estamos falando de pessoas, como eu odiava essa gente.

_Entre em contato com ele, quero saber tudo sobre ele e o porque ele esta negociando com Balvin- Vejo sua cara ficar ainda mais séria, Samuel não  havia gostado, mas não estou aqui para agradar ninguém - Informe a China que a Colômbia já tem um setor privado. Se ele quer continuar negociando no meu país, terá que fazer negócios comigo. E quando eu digo comigo, eu quero dizer Barron.

Livro 2 - Doce RedençãoOnde histórias criam vida. Descubra agora