04.

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Antes de começarem a ler, quero que vocês prestem atenção na numeração do capítulo.
O wattpad desorganizou a ordem, do 9 pulou para o 19, aí voltou para o 10 e ainda está desorganizado, já editei diversas vezes mas não adianta, atualiza e depois volta a como estava. Do 9 ao 36 está fora da ordem correta, então peço que olhem a numeração para não pegar spoiler e nem se perderem na história. Desde já, agradeço! 🥰

"No meu pensamento sei que vai ficar, a todo momento sei que vou lembrar do brilho dos teus olhos"

Caio Souza

Monto na moto e desço a milhão pra casa da dona Fátima, mãe da Agnes. Tava precisando bater um papo com ela, mas a bonita tava? Lógico que não. Mãe dela disse que tinha dado uma saída, puxei no radinho e falaram que ela tava com uma garota na rua da casa da Dona Vilma, tinha entrado na casa da Joana.

Paro a moto e desço me encostando nela, pego o celular conferindo as horas e vejo que ja tava tarde, logo a Carol tava em casa e eu nem tinha chegado ainda.

Mais pra baixo tinha uma garota encostada no muro com a cara na casa da Joana. Tava esperando a Agnes, certeza.

Tempo depois a morena sai da casa, nem perco tempo e desencosto da moto dando uma descida chamando sua atenção.

— Agnes, tô precisando da tua ajuda! — falo rápido sem render assunto.

A garota vira seu corpo rapidamente ao ouvir minha voz, meus olhos correm rápido batendo com os seus. Reconheci na hora, Mariana.

— Tá querendo o que? — Agnes pergunta com a voz calma. Parece até que fumou maconha.

Mariana abaixa a cabeça sem graça e eu olho pra ela uma última vez e fito meus olhos na Agnes.

— Amanhã é o aniversário da Carolinne. E eu só vim lembrar hoje porque ela postou um lembrete no bagulho do Instagram! — passo a mão na nuca nervoso. — E quero que tu compre as decoração e esses carai todo de aniversário.

— Não dá tempo. — responde simples. Calma.

— Tu fumou, foi mulher? Tá nessa calma toda aí.

— Prometi pra mim mesma que falaria assim com você apartir de agora, pra não me estressar. — da de ombros.

É o caralho mermo.

— Por que, que não dá tempo? — cruzo os braços.

— Bolo, doce, salgados, pãos... essas coisas de comida! E chamar o pessoal. — fala passando a mão no cabelo.

— Isso é o de menos. E sobre convidar eu já convidei, e deixei claro que é surpresa.  — ela arregala os olhos. — Vou mandar o dinheiro na tua conta amanhã cedo, e você compra tudo. Quando acabar de comprar me liga que nois vai lá pra casa arrumar as coisas tudo certo.

— Tá bom. — suspira. — vou fazer pela Carol, não por você. — debocha. — como uma pessoa esquece o aniversário da própria irmã?

— Não enche! — dou uma risada sem graça.

— Nossa, já ia me esquecendo. — diz batendo a mão na testa. — Lembra dela, né? A Mari. — puxa o braço da Mariana fazendo ela se assustar..

— É, eu lembro sim. — olho novamente nos seus olhos. Abaixo a cabeça sem saber o que fazer ou falar e mudo meu rumo pra Agnes novamente. — Era só isso, tô indo. Cuidado aí na rua!

Me viro e subo na moto, saio dali rápido indo pra casa.

Mariana. Nunca me esqueci, guardava na lembrança e acompanhava de longe. Nossas últimas palavras foram á 15 anos atrás.
Eramos novos, mas criança tem a tal da memória boa. É afilhada da mãe da Agnes, elas duas iam pra casa do Lucas, aí juntava nois cinco e íamos brincar na rua, ela sempre foi birrenta e tagarela, eu não ficava pra trás. Então quando não era brincando era brigando. Carol, Lucas e Agnes nem ficava perto da gente mais, se irritavam com as brigas e saiam.

Não sei se ela lembra, mas um dos nossos últimos momentos, foi quando subimos pra laje do seu Acassio, que na época era o braço direito do Ln, fomos escondidos e passamos a tarde toda lá vendo o sol se pôr. Povo ficou doidin atrás de nois.

Me afastei dela quando fiz o maior erro da minha vida. Me afastei dela e prometi que não ia deixar ela encostar perto do monstro que eu estava me tornando. Ela até me procurou na casa da Vilma e da Fátima, mas quando eu sabia que ela estava por aqui eu sumia. Só pra ela não me ver.

Depois que me tornei braço direito do dono daqui, aí que me escondi mesmo. Tinha vergonha, vergonha dela me ver trabalhando com coisa errada e não querer mais ser a minha amiga. De ver a decepção nos olhos dela.

Entro dentro de casa vendo a esfomeada da minha irmã com três pizzas em cima da mesa.

— Chamou alguém foi? — pergunto estranhando a quantidade.

— Não. É só pra mim e você! — sorri. — não almocei e nem comi nada a tarde inteira. Tô morrendo de fome, e você tá muito magrinho ultimamente, comprei logo três pra nois encher.

Carolinne. Razão pra mim não ter desistido da vida quando novo.

Pessoal acha que a gente entra na vida errada por que, quer. Mas não, não tive escolha. Terminei meu ensino médio mas não pude descer pra pista atrás de um trabalho digno. Tive que ficar aqui, trabalhando de aviãozinho, enrolando droga em plásticos. Contando dinheiro sujo que entrava e saia daqui, tudo pra ter dinheiro e dar uma boa vida pra Carol. Tudo por ela.

Mas não á culpo, ninguém tem culpa. Infelizmente, a vida é injusta com alguns.

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Música do início do capítulo:

AQUELES OLHOS — DOM M

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