OLHAVA AS ESTRELAS | 22

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Denver | Daniel
Duas semanas antes do novo assalto

Enquanto eu olhava as estrelas, decido entrar, a porta do quarto de Carla estava aberta, e não estava nem ela, nem o namorado dela ali dentro.

A cama estava bagunçada, e tinha algumas peças de roupa no chão, o chuveiro do banheiro estava ligado, provavelmente estão tomando banho juntos.

Me dá um enjoo só de imaginar isso, a Carla com outro.

De longe, reconheço a caixa de lembranças dela, me estico um pouco para ver, e estava aberta. Dentro tinha muitas fotos, até mesmo fotos comigo.

Um papel dobrado me chamou bastante atenção, estava escrito "Para Denver". Eu pego.

Em baixo desse papel, tinha uma foto dela com o Samuel. E a legenda era "Amor para a minha vida inteira". Ele faz ela feliz.

Escuto o chuveiro desligando, e saio rápido do quarto, volto até o lado de fora, e decido ler o que estava ali.

"Me entreguei de corpo inteiro, e mesmo assim você quis outro alguém. O que aconteceu comigo, eu não desejo para mais ninguém.
Denver, as vezes me dói saber que eu que te moldei assim como você é hoje, eu te vi na sua pior fase, eu sofri pela sua pior fase, e agora, vejo outra mulher vivendo na sua melhor fase.  
Cada risada, todos os dias em que não posso mais voltar, porquê nossas vidas mudaram totalmente, e eu não posso mudar isso, me dá certa tristeza, mas eu não voltaria para aquela época. Encontrei alguém que me valoriza, e eu amo ele. E você sabe, irei casar mas o amor da minha vida é você. O amor para a minha vida, é ele.
Tava para te dar o mundo, lembro de cada segundo, mesmo de longe tava junto, o que não faltava era assunto, mas nosso barco afundou. Até a próxima, e nem tenta se aproximar.

Quem dera não fosse mais que uma carta.

Carla assinado ;)"

Caralho.

Passo a mão no meu cabelo nervoso.

— Sabia que é errado ler coisas dos outros? — A voz de carla soa calma a minha frente.

—Ah, puta que me pariu. Estava com o meu nome, não? — Falo fingindo estar tudo bem.

— Invasão de privacidade. — Ela fala e se senta ao meu lado.

Ela estava tão perto de mim, mas ao mesmo tempo, tão longe.

Carla se senta ao meu lado, e olha para mim, sorri e olha para a frente.

— Olha que ironia da vida, novamente estamos juntos. — Ela fala.

— Não.. Não estamos mais juntos como eu queria. — Ela me olha e logo depois olha para a frente.

— Denver, você tem uma mulher e um filho, para com isso, pelo menos em respeito a eles. — Carla fala e eu passo a mão no cabelo.

— É, você está certa.— Eu falo e abaixo a cabeça.

No fundo, Carla está certa, eu escolhi isso, e ela está seguindo a vida dela.

— Voltamos a ser dois desconhecidos, a diferença, é que sabemos tudo um do outro. — Eu falo e ela me olha.

— É melhor isso desse jeito mesmo. Éramos imaturos, agora, já somos dois adultos, cada um com a sua vida. Naquele segundo, eu pensei que te odiasse, mas, quando eu respirei fundo, vi que eu te amo. Você fez um papel importante na minha vida. Me ensinou o que é o amor, e agora, o Samuel me ensina o que eu mereço. — Ela fala.

Ela está certa, eu nunca mereci ela. Ela foi tipo o meu auge, e agora, eu nunca mais terei ela.

Eu me sinto um merda de pensar nela mesmo estando casado com outra.

Quando olho para a frente, consigo ver o pessoal se juntando a mesa.

— Eles não fazem ideia do que a gente arrumou naquele sofázinho de dois lugares. — Eu falo olhando para cima, e dou risada.

— Imagina se esse sofá falasse. — Ela fala e se deita olhando para as estrelas.

— Nós não conversamos o suficiente. Deveríamos ter nos aberto antes que fosse tarde demais. — Eu falo tudo aquilo que estava pensando.

— Nós nunca vamos aprender, Denver. — Carla fala e põe as mãos no rosto.

Sempre que ela estava, ou com vergonha, ou nervosa, ela colocava as mãos no rosto.

— Por favor, não tenta fazer com que sejamos amigos, me deixa seguir a minha vida. — Ela fala antes de sair de lá.

Eu a perdi, ela não tem raiva de mim, pelo visto, apenas... Decepção?

Ela se levanta, e vai até aonde estão alguns carros, eu vou até ela, e a seguro, assim, ela ficou contra o carro. Seguro ela pelo ombro.

— Você tem mesmo certeza que não quer me ver nunca mais ? — Eu pergunto.

— Tenho, Daniel. — Ela fala e eu a solto.

— Tá bom, não irei mais te perturbar. — Eu falo e saio de lá, indo novamente em direção a casa.

Se era isso que ela queria, era isso que eu iria fazer.

AS NOSSAS ALIANÇAS | Denver & SydneyOnde histórias criam vida. Descubra agora