CAPÍTULO 14

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Ela não viu mais Azriel depois daquele dia. As semanas passavam voando enquanto ela mantinha a mesma rotina de sempre: passear com Graham; Trabalhar; Buscar o irmão; Dormir.

Essas eram as únicas coisas que fazia. Quando chegou em Velaris, tinha de confessar, aquela rotina nada mais era que um sonho. Era a rotina de uma pessoa comum. Alguém que não precisava se preocupar em sobreviver a cada respiração. Mas as coisas pareciam paradas demais. 

De certa forma, não ter nada com que se entreter a fazia se lembrar que era temporário. Abrir espaço demais para o lazer também abria portas para a comodidade. Algo que não deveria se permitir usufruir.

Vivia dizendo a si mesma que Velaris poderia ser um lar, que ninguém tiraria a paz que aquela cidade lhe deu; Que aquele lugar era seguro para a Graham viver. Mas tudo não passava de simples ilusões designadas por ela.

Agora, restavam-lhe apenas semanas ali. Começara a pensar para onde iriam. Talvez apenas escolhesse uma corte mais ao sul de Prythian, ou talvez passasse alguns dias no mar até chegar em um lugar qualquer em outro continente.

Depois da primeira vez que caminhou ao amanhecer, ela havia pego o habito para tal. Acordava com os primeiros raios de sol e caminhava para diferentes partes da cidade. As vezes, ela levava Graham consigo. Hoje, ela havia ido sozinha.

Com a chegada iminente do verão, as manhãs vinham ficando cada vez mais quentes. Ainda havia muita neblina cobrindo aquela área da cidade, certamente, graças ao rio e o mar há apenas alguns metros de distância. 

As gotículas de água se agarravam as suas roupas e faziam seus cabelos grudarem no rosto e pescoço. Naqueles momentos, parecia haver apenas ela e o mundo. Uma vastidão de territórios desconhecidos para explorar. Não porque precisava, mas por quê queria.

Quando as sombras se deslocaram em sua visão periférica ela desviou o olhar. Não agiria como se fossem algo divertido e interessante. As sombras só trouxeram problemas, não só ali, mas em todo lugar. Parecia sua sina conviver com elas. Um destino que ela se esforçaria à mudar ou simplesmente ignorar.

Talvez fosse atrevimento demais até mesmo pensar aquilo na Corte Noturna, onde as sombras viviam em qualquer lugar. Como se para provar que estava certa as sombras se aproximaram. Era tarde demais quando notou que as sombras formavam silhuetas altas e masculinas concretas o bastante para serem reais.

Tarde demais quando tentou se desvencilhar das mãos que lhe prenderam contra o corpo de alguém. Muito tarde quando tentou gritar e outras mãos a calaram. Era tarde demais, haviam lhe encontrado de novo.


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