— Art? — perguntou Bella assim que atendi o celular.
— Hey, Bella — respondi.
— Tudo bem?
— Tudo bem, e você?
— Ah, também — respondeu Bella.
Embora estivesse com sono e cansado, eu gostava de conversar com Bella.
Escutar sua voz de manhã me fazia tão bem...
— A que horas a livraria abre, Art?
— Não sei. Acho que sete e meia, oito horas.
— Hum...
— Por quê? — perguntei.
— Você disse que ia comigo na livraria comprar o livro.
— Verdade. Vamos de tarde — falei.
— Não, de tarde não posso. Vamos de manhã.
— Mas tem aula...
— Dane-se — interrompeu-me Bella.
— Sua empolgação para estudar me cativa.
— Para de filosofar comigo.
— Tá — falei rindo.
Bella nunca gostou de estudar. Na verdade ninguém gosta de estudar, apenas
estuda porque precisa e acaba consequentemente gostando, mas não um gostar
de verdade, um gostando forçado.
— Te encontro na padaria. Leva os skates.
— Tá — falei e desliguei.
Um ano antes, no aniversário de Bella, eu tinha dado um skate de presente
para ela. Tive que ensiná-la a andar. Bella nunca levou o skate para casa. Acho
que porque a mãe dela não ia gostar nada de um garoto dar um skate para a
filha. Então o skate ficava na minha casa. Sempre que podíamos, andávamos.
Levantei-me. Fui ao banheiro como de costume. Olhei no espelho. Vi a face
rosada de um garoto, cabelo liso, olhos azuis, me olhei e falei: "Esse cara sou eu,
só que não", e comecei a rir sozinho. Arrumei-me, peguei os skates. Saí.
Fui andando até chegar à padaria. Quando cheguei, Bella ainda não estava lá.
Entrei na padaria e comprei dois sonhos. Não consegui esperar Bella e comi o
meu. Liguei para Bella, ela não me atendeu. Liguei de novo e de novo, mas nada.
Deu sete horas, sete e meia, oito, e nada da Bella. Resolvi ir até a casa dela.
Passar pelo menos em frente, já que eu não podia entrar.
Cheguei à casa de Bella e não vi ninguém. Fiquei preocupado com o que
tinha acontecido para Bella não ir me encontrar. Liguei para ela mais uma vez,
chamou, chamou, chamou, mas não atendeu. Não sabia para onde ir naquele
momento. Pra escola não dava, já tinha passado o horário de entrar. Para casa
não podia ir, minha mãe estava lá. Resolvi andar de skate pelas ruas, andei sem
rumo algum, apenas seguindo o caminho.
Eram 8h34min quando meu celular tocou, era uma mensagem de Bella:

VOCÊ ESTÁ LENDO
A Menina Dos Olhos Castanhos
RomanceJá pensou como seria se apaixonar por uma pessoa que vive em seus sonhos? Não só sonhar, mas se apaixonar por uma sombra, da qual você nem mesmo sabe o nome. A única coisa que sabe é que seus olhos são castanhos. Arthur é um adolescente comum, que n...